A saúde engloba diversos fatores: físico, emocional, mental e espiritual. Todos nós queremos ser felizes, estarmos bem de corpo e alma, partilhar a alegria com amigos e parentes. Muitos, no entanto, acabam se anulando – não dão opiniões, não reclamam da conduta de ninguém, nem sequer corrigem o comportamento inadequado das crianças –, tudo isto, procurando aceitação. Isto não faz nada bem, podendo inclusive desencadear problemas orgânicos.
Como você está se sentindo? Sente satisfação no dia a dia, no trabalho, nos estudos, em casa, entre amigos? Tenha cuidado: ser sempre “do bem” mascara a personalidade, as pessoas com quem você convive não conseguem conhece-lo realmente e, se vive procurando aceitação, talvez esteja se ocultando atrás de um personagem que vive jogando o “jogo do bonzinho”.
Como se conhecer
Em primeiro lugar, é preciso se esforçar em busca do autoconhecimento. Todos nós temos qualidades e defeitos (felizmente, ninguém é perfeito: seria insuportável conviver com um “mister nice guy”). Errar faz parte da experiência humana.
Não se preocupe se alguém achá-lo desinteressante: isto ocorre com mais de 90% da população. Gostamos de esportes, outros gostam de cultura. Nós somos diferentes, e é justamente isto que nos torna maravilhosos e únicos. Podemos ter amigos aqui ou ali, mas, como disse Nelson Rodrigues, “a unanimidade é burra”: nunca vamos agradar a todos.
Reclamar do tratamento recebido, fazer uma fofoca sem grandes consequências ou deixar um trabalho inadiável para mais tarde – mesmo tendo de arcar com os problemas – são condições naturais do “bicho homem”. Não faça nada para agradar, não procure aceitação. Apenas apresente-se como você realmente é. Algumas pessoas vão gostar, outras, não. Faz parte do jogo da vida.
Por outro lado, não seja uma “pessoa franca”. Franqueza deve ser praticada com poucos e escolhidos amigos. As mentiras discretas (“como está linda a sua roupa”, “este corte de cabelo caiu bem para você”, “esta cor é perfeita para você”) sempre são bem-vindas. Ser autêntico não implica não ser sociável. Muitas pessoas que se vestem mal podem ser excelentes contatos profissionais, ou ter ótimas dicas para uma viagem imperdível.
A rede de relacionamentos é imprescindível para a vida em sociedade – e, vale lembrar, nós somos animais gregários. Nunca procure aceitação, mas nunca menospreze este sentimento. Ele é extremamente importante para a vida em família, entre amigos e no trabalho.
A autonomia
Parentes, amigos e colegas são fundamentais na vida, mas não devem interferir na forma de viver. Se eu acho melhor deixar os pratos no escorredor em vez de enxugá-los, acho melhor e pronto (a menos que eu viva com outras pessoas também responsáveis pela limpeza da cozinha).
Caso alguém chegue com um conselho ou dica sobre a organização doméstica, pesquise (a internet está aí para isto mesmo), avalie e tire as suas próprias conclusões. Não adote nenhuma conduta porque “alguém disse”. O que é bom para fulano não é necessariamente bom para você.
Dificilmente alguém que dá uma orientação qualquer (“faça o arroz com cheiro verde”, por exemplo), está se importando se você adotou a regra. Alguns perfeccionistas podem tentar verificar, mas estes são os piores conselheiros. Portanto, faça o arroz branco, com páprica, curry, com legumes ou com a receita que você quiser.
Ninguém pode ser feliz se não tiver uma profissão, tornando-se dependente de outras pessoas. Portanto, encontre um emprego satisfatório.
Não importa qual: algumas pessoas se sentem satisfeitas vendendo coxinhas, outras, trabalhando em banco, outras, pesquisando medicina nuclear. O importante é fazer bem e dar o melhor de si.
Ser autônomo é ser autodeterminante. Você determinante o que é importante na sua vida e como as questões precisam ser resolvidas. Resistir às pressões sociais é uma característica determinante para manter uma vida saudável.
Identifique as pessoas que tentam manipulá-lo (é uma característica de muita gente) e jogue o jogo: vale a pena? O relacionamento produz bons resultados para ambos? Em caso positivo, deixe a manipulação continuar, mas não perca as rédeas: o manipulador precisa acreditar que está conduzindo a situação, e você ganha as glórias das conquistas. No mundo, nós nos deparamos com muitos manipuladores: utilize isto ao seu favor.
As metas
Estabeleça alguns objetivos para curto e médio prazos. Pode ser comprar um guarda-roupa, começar a praticar um esporte ou fazer uma viagem. Lembre-se: são os seus objetivos e não devem ser estabelecidos para agradar outra pessoa, procurando aceitação. Eles podem ser partilhados com parentes ou amigos, mas devem proporcionar satisfação para você.
Muitas vezes, as opções profissionais trazem insatisfação. É o caso, por exemplo, de quem tem de cumprir metas (vender cartões, títulos, etc.) ou deslocar-se regularmente para cumprir as suas tarefas, ausentando-se dos amigos e parentes.
É difícil mudar de emprego – e alterar a carreira profissional – nestas situações. Para aliviar estes “sintomas”, sempre vale a pena tentar aprender um novo hobby – jardinagem, quebra-cabeças, pintura, artesanato, etc. – e ocupar parte do tempo livre com algo prazeroso. Acredite: isto pode fazer maravilhas no seu cotidiano.
Se você vive procurando a aceitação dos outros, é sinal de que está infeliz com alguma coisa em seu dia a dia. Olhe para você: o que está incomodando lá dentro? Você não consegue ter uma visão positiva da sua própria existência? Tende a reprimir os seus defeitos?
Lembre-se: a imperfeição é característica da humanidade. Todos nós portamos defeitos, uns maiores, outros menores. Conviver (a etimologia da palavra indica: “viver com”) implica aceitar ou não os erros de cada um. Mesmo sendo “boa pessoa”, muitos amigos tendem a se afastar por um motivo ou outro. Muitos nem sequer aceitam a amizade. O “jogo da vida” continua.