Os tremores geralmente significam apenas um movimento excessivo ou prolongado e podem ocorrer em qualquer idade, mas são mais comuns a partir dos 50 anos. Todas as pessoas, ao se movimentarem, provocam algum tipo de tremor, na imensa maioria das vezes provocado pela acomodação do músculo acionado.
Fatores como o uso de drogas, tabagismo, alcoolismo, excesso de cafeína, baixo nível de glicose no sangue, carência de alguns sais minerais (como cálcio e potássio), cansaço, fome, frio, raiva e medo podem intensificar estes tremores e prolongá-los por alguns instantes a mais.
Também podem aparecer durante um esforço exagerado (como exagerar na corrida ou na academia). Isto acontece por causa das contrações musculares e também pelo aumento da produção de adrenalina, fator que aumenta as descargas elétricas no cérebro.
No entanto, um tremor que não desaparece ou é ampliado é sinal de que algo pode estar errado: é o momento de procurar auxílio médico, já que o diagnóstico precoce sempre facilita o tratamento. Os tremores persistentes podem ser sintomas de um tumor cerebral, distúrbios nervosos, esclerose múltipla, hipertireoidismo e outras doenças.
Eles também podem resultar do processo natural de envelhecimento (e neste caso, o acompanhamento geriátrico é suficiente para amenizá-lo) ou da vivência de situações estressantes (em que pode ser necessário tratamento psicológico ou psiquiátrico).
O tremor essencial
É o tipo mais comum. Como foi dito, todos sofremos com tremores durante toda a vida, mesmo que eles não sejam percebidos. A partir dos 65 anos, eles podem se intensificar, mas, mesmo assim, não prejudicam nossas atividades. A causa ainda é desconhecida, mas aparentemente há um problema que suprem os músculos do corpo: a parte do cérebro que os controla não funciona adequadamente.
O tremor essencial também pode ocorrer – e ser agravado – por outros problemas cerebrais, como distonia, parkinsonismo (cuja causa mais comum é o mal de Parkinson, mas que pode ser disparado por outras patologias e mesmo algumas toxinas) e por fatores hereditários.
Quando mais de uma pessoa, na mesma geração, desenvolve o tremor essencial, ele passa a ser chamado “tremor familiar”, o que demonstra o componente genético causador. O tremor familiar quase sempre é um traço dominante, o que significa que apenas um dos pais precisa ter o gene para transmiti-lo aos descendentes.
Outros tipos de tremores
Tremores cinéticos (ou voluntários), posturais ou de repouso. Estes são os nomes dados para os movimentos que afetam mais ou menos gravemente a capacidade de locomoção de diversas pessoas. Os efeitos podem ser percebidos inclusive na cabeça e na voz.
Os tremores cinéticos podem ocorrer ao final de um movimento intencional, como esticar um braço, dar um passo exagerado, ou mesmo pressionar um botão para chamar o elevador. Quando não há uma causa patológica, eles costumam desaparecer pouco depois de a ação voluntária ter provocado o estiramento muscular.
Há um grupo à parte de tremores cinéticos: os específicos de tarefas. Eles ocorrem apenas quando a pessoa escreva ou digita, por exemplo. As causas não são claras. No entanto, eles podem ser provocados por fatores emocionais; neste caso, são classificados como psicogênicos e desaparecem ou diminuem de intensidade quando o paciente está distraído. Os tremores psicogênicos geralmente estão associados a doenças psicossomáticas ou distúrbios psicológicos.
Em muitos casos, porém, mesmo com as causas não definidas, em especial em tarefas simples (como tocar a ponta do nariz ou levantar as mãos), podem ser provocados por alcoolismo ou medicação sedativa ou anticonvulsivante. Acidentes vasculares cerebrais e esclerose múltipla também provocam este tipo de tremores.
Nos tremores de descanso, uma perna ou braço (em alguns episódios, apenas a extremidade) pode realizar movimentos voluntários enquanto o paciente está deitado ou sentado. Quase sempre não são perceptíveis sem que o membro seja apalpado. O lítio (usado no tratamento de doenças neurológicas e psiquiátricas, como a depressão em portadores de distúrbio bipolar), os medicamentos antipsicóticos e a contaminação por metais pesados (que se acumulam no organismo, incapaz de eliminá-los, como o cobre, o chumbo e o mercúrio) são causas deste problema.
Quem sofre do mal de Parkinson também apresenta tremores de descanso, que podem se tornar cada vez mais presentes, prejudicando sensivelmente a qualidade de vida dos pacientes. Em alguns casos, o indivíduo não consegue fazer tarefas simples, como levantar-se da cama ou de uma cadeira.
Quando uma pessoa mantém as mãos estendidas por determinado período e sente tremores (que podem atingir o tronco), ocorrem os chamados tremores posturais. Hipertireoidismo, mal de Parkinson, alcoolismo e estresse pós-traumático são os fatores mais comuns.
Mas é preciso cautela na avaliação, e nada de alarmes desnecessários: um tremor postural pode surgir simplesmente em função da força da gravidade. A posição normal de um braço, por exemplo, é ao lado do corpo, com movimentos pendulares durante o movimento (como uma caminhada), para favorecer o equilíbrio; mantê-la para o alto gera desconforto muscular e os consequentes tremores, que desaparecem após um período de descanso.
Prevenção, diagnóstico e controle
A redução do café e do álcool, a eliminação do cigarro, a busca por uma vida menos estressante e a orientação profissional para realização de atividades físicas ajudam a prevenir ou eliminar as causas dos tremores, desde que não haja um componente orgânico ou emocional em sua origem. Mesmo sem qualquer outra contraindicação, é importante não beber mais do que duas doses diárias de bebida alcoólica, o que equivale a uma lata de cerveja, 140 ml de vinho ou 50 ml de bebidas destiladas.
O diagnóstico de diversas doenças pode ser feita no próprio consultório, com a avaliação do histórico médico pessoal e familiar do paciente. Em alguns casos, são necessários exames de laboratório (de sangue, por exemplo, para verificar a possibilidade de hipertireoidismo). O mal de Parkinson e as lesões cerebrais são identificados através de exames por imagem.
Os tratamentos variam de caso para caso, de acordo com o problema diagnosticado e a extensão dos efeitos principais e colaterais. Os tremores podem ser aliviados através da medicação, psicoterapia, reeducação alimentar, carga adequada de exercícios e mesmo cirurgias são recursos que podem melhorar a qualidade e prolongar a vida dos pacientes.