Não existe uma forma única para treinar para a maratona ou para qualquer outra corrida de longa distância. São vários meses de treino pesado, dietas rigorosas (os magérrimos etíopes e quenianos sempre se destacam nestas competições) e técnicas de corrida que nem sempre dão certo. Treinar para a maratona significa preparar o corpo para correr mais de 40 quilômetros: não é uma tarefa fácil.
É preciso estabelecer um objetivo: subir ao pódio, terminar a corrida em menos de 150 minutos, completar a prova, correr com os amigos. Com a meta definida, deve-se estabelecer um plano de treinos. Atletas que buscam medalhas precisam dedicar-se em tempo integral. Já os que só correm em busca de melhor qualidade de vida podem dedicar-se à preparação para a corrida podem treinar apenas duas ou três vezes por semana.
O treinamento básico consiste em uma longa corrida semanal, para aferir os tempos obtidos e aumentar o rendimento, até que o atleta cumpra o percurso da maratona. O local dos treinos varia em função do clima em que a prova será realizada e é importante se submeter à avaliação médica antes de se dedicar à prática, tanto para atletas amadores, quando para os de alto rendimento.
Correr é um exercício aeróbico, em qualquer velocidade. Portanto, exige mais dos pulmões e requer a ingestão de um volume maior de sais minerais, para evitar cãibras e dores musculares. As funções cardiorrespiratórias se adaptam facilmente aos exercícios, mas o regime alimentar precisa mudar: é preciso ingerir mais frutas e verduras, ou recorrer a suplementos alimentares.
Nos outros dias da semana, é realizado o treinamento cruzado (cross training): exercícios de musculação para condicionar o corpo. Atletas de alto rendimento utilizam também a natação, ciclismo e caminhadas para o condicionamento físico. O importante é exceder o limite do corpo a cada dia, sempre com o acompanhamento de educadores físicos. Os batimentos cardíacos, por exemplo, devem ser constantemente monitorados.
A maratona não exige grandes arranques, por ser uma corrida longa. Mesmo assim, é importante realizar treinos de velocidade (ou treinos de intervalos): eles trabalham os músculos, quebram a monotonia das corridas e melhoram a forma física. Nestes treinamentos, é preciso intercalar acelerações e desacelerações.
Maratonistas de elite apresentam maior massa muscular de contração lenta. Isto significa um fenótipo magro, que pode não ser o “shape” idealizado por quem pretende um corpo musculoso e definido. Portanto, o treino para a maratona pode não ser indicado para boa parte dos que procuram as academias.
Maratonas geralmente são realizadas ao ar livre (uma prova em estádio seria tremendamente monótona), nas ruas das cidades que sediam as competições, e por isto é importante conhecer o trajeto. Aclives e declives exigem muito dos atletas: é preciso adequar a velocidade e regularidade ao percurso.
Um pouco de história
A maratona é uma competição milenar. Surgiu em 490 a.C. Os guerreiros gregos deixaram Atenas para combater os persas, durante a primeira Guerra Médica. Os invasores haviam prometido matar todos os combatentes, saquear a cidade e violar todas as mulheres. Ao partir para a batalha, os atenienses avisaram suas famílias que, se não tivessem notícias em 24 horas, deveriam imolar-se: as esposas deveriam matar as crianças e, em seguida suicidar-se.
Contra todas as expectativas e apesar do poderio bélico persa, os gregos levaram a melhor. Mas era urgente que a notícia chegasse a Atenas. O soldado Fidípides foi encarregado de correr da planície de Maratona, palco da batalha, até Atenas para acabar com a aflição das mulheres gregas.
A distância entre Maratona e Atenas é de cerca de 40 km. Verdade ou mito, o soldado, que morreu logo após transmitir a notícia da vitória, foi homenageado nos primeiros Jogos Olímpicos, realizados em 1896. Em 1948, em Londres, o trajeto foi ampliado para 42.195 metros, para que a família real inglesa pudesse acompanhar a linha de chegada a partir dos jardins do Palácio de Windsor.