A nossa boca é um verdadeiro universo. Apenas na língua, já foram encontradas 92 espécies de microrganismos. Alguns deles são responsáveis pelo mau hálito; outros agem em simbiose com outras bactérias, diversas delas responsáveis por infecções. O tártaro é a formação de uma placa bacteriana dura na boca e se concentra principalmente na superfície dos dentes e das gengivas. Mas, ao menos para os casos brandos, existem tratamentos naturais que podem ser feitos em casa.
Restos de alimentos e bebidas depositados na boca aumentam a “despensa” das bactérias e provoca um desequilíbrio no ecossistema, causando uma explosão populacional. Com isto, os microrganismos passam a atacar outras fontes de nutrientes, provocando gengivites e até a perda de um ou mais dentes.
A placa bacteriana pode se formar em poucas horas depois da ingestão de alimentos, se a higiene bucal não for realizada de forma adequada. Em apenas 72 horas, ela se impregna entre a gengiva e a raiz dos dentes e começa a se tornar progressivamente mais rígida.
O tártaro dificilmente acomete crianças com dentes de leite, mas pode surgir logo nos primeiros dias da dentição definitiva, se não houver higiene adequada. Mais um ponto importante sobre crianças: bebês devem ter a gengiva limpa mesmo antes de surgirem os sinais dos primeiros dentes (por volta dos seis meses de vida); outro “pecado capital” é deixar a criança dormir com uma mamadeira à boca: é praticamente um convite à proliferação excessiva das bactérias.
Na verdade, o tártaro é um conjunto de placa bacteriana (microrganismos vivos e mortos), sais minerais, restos de comida e outros tipos de sujeira: a placa bacteriana é macia quando começa a afetar os dentes; deixada sem cuidado, no entanto, ela enrijece e, a partir de então o problema está instalado, com consequências mais ou menos graves.
Ainda neste momento, a saúde dos dentes está intacta. Os primeiros problemas aparecem quando o tártaro é manchado por alimentos com corantes, pelo cigarro, café, vinho, etc. Nesta condição, trata-se de uma questão apenas estética, mas a ampliação do tártaro abre espaço entre a raiz do dente e a gengiva, sendo causa de periodontites e o consequente afrouxamento. As manchas variam entre o amarelado e o marrom, mas, neste caso, marrom é sinônimo de sinal vermelho.
Como tratar o tártaro
Em geral, neste estágio, o tártaro já cobriu áreas extensas demais da boca para que possa ser tratado com tratamentos naturais: apenas a raspagem dos dentes por um dentista pode eliminar os riscos e devolver uma boa aparência para o sorriso. O importante, no entanto, é e prevenção: com visitas semestrais ao consultório (e uma limpeza anual dos dentes), dificilmente se formarão placas capazes de causar grandes estragos.
Porém, nos casos iniciais, sempre aliados à escovação dental, ao enxaguante bucal e ao uso do fio dental, alguns tratamentos caseiros contra o tártaro podem ser feitos em casa. Caso os resultados não sejam positivos, no entanto, é preciso procurar ajuda profissional e, nas situações em que não seja possível escovar os dentes logo depois das refeições, é preciso ter sempre à mão um enxaguante, para executar uma limpeza razoável na boca.
Logo na detecção do tártaro, é possível adotar as seguintes medidas: em um copo americano de água (200 ml), deve ser diluída uma colher (sopa) de bicarbonato de sódio e o sumo de um limão. Dois goles desta solução devem ser mantidos na boca por dois ou três minutos, para que a mistura pode agir sobre o tártaro. A escovação deve ser imediata.
O sumo de limão puro também pode ser usado para eliminar manchas nos dentes, mesmo que não haja formação de placa bacteriana (apenas abuso de café ou Coca-Cola, por exemplo). As propriedades abrasivas do ácido cítrico, abundante na fruta, no entanto, exigem algumas precauções: o suco deve ser diluído em água, de preferência morna.
Mascar folhas e talos de salsinha também ajuda a remover o tártaro nos estágios iniciais. O problema, aqui, fica por conta do abuso de defensivos agrícolas nas hortas de especiarias. O emprego da salsinha para clarear os dentes, apesar de mais simples e prático, precisa ser feito com precaução.
Já o morango apresenta menor teor de ácido cítrico, mas provoca os mesmos efeitos. Alguns morangos esmagados espalhados sobre os dentes e a gengiva durante a escovação garantem a brancura do sorriso, sem os riscos abrasivos do limão. É uma forma mais segura de remover o tártaro, mas só tem eficácia nos casos iniciais e muito leves. As bagas vermelhas também são responsáveis por remineralizar os dentes. O uso frequente não é recomendado, já que o morango é um dos campeões no uso de agrotóxicos em sua produção.
As maçãs não exercem qualquer efeito sobre o tártaro e as placas bacterianas, mas se revelam um bom auxiliar na limpeza dos dentes. É necessário dar preferência às frutas orgânicas, já que a casca da maçã, apesar de muito rica em ferro, quase sempre está coberta pelos defensivos. De acordo com a etiqueta, não é educado servir-se de maçãs depois de uma refeição: ela é a fruta pão por excelência e nunca deve ser retirada da mesa de um anfitrião. Mas sempre é possível escapar para a quitanda mais próxima e adquirir alguns frutos.
Outra solução alia peróxido de hidrogênio a 3%, água e enxaguante bucal: três colheres (sopa), um copo e uma colher (sopa). Procure evitar os enxaguantes com álcool na formulação, pois eles também podem agredir as mucosas e o esmalte dos dentes.
Deixe a solução por dois minutos, dobre a cabeça para trás e gargareje: ao cuspir, se verificar que houve formação de espuma, não é preciso se alarmar: é a ação do peróxido sobre o tártaro (houve geração de bolhas de oxigênio, responsáveis por amolecer a placa bacteriana). Continue a operação até esvaziar o copo.
Em nenhuma hipótese tente remover a placa e o tártaro com objetos pontiagudos: o risco de ferir as gengivas (e provocar periodontites) é grande. Além disto, a prática pode ferir o esmalte dos dentes e gerar mais infecções. Lembre-se: um dentista estuda entre cinco e seis anos para aprender as técnicas da profissão e tem à sua disposição, no consultório, diversos instrumentos adequados e esterilizados para realizar a raspagem.
Alguns produtos disponíveis no mercado, entre cremes e géis dentais, enxaguantes bucais e fios dentais “turbinados” com sais e vitaminas, prometem eliminar o tártaro e a placa bacteriana. Na maioria, entretanto, eles são apenas coadjuvantes do tratamento odontológico. Bons hábitos de higiene, dieta adequada e visitas frequentes ao dentista são as melhores formas de se livrar dos incômodos – ou de coisa muito pior.