O planeta Terra é formado por três camadas: o núcleo, constituído de elementos metálicos a temperaturas altíssimas (atingem 5.000°C), o manto, constituído por minerais como silício, magnésio e ferro, e a crosta, constituída basicamente por granito nos continentes e basalto nos oceanos. É na crosta, especificamente na litosfera, que se situam as placas tectônicas – sete principais e mais de 40 secundárias. São imensos blocos rochosos onde se encontram as ilhas e territórios continentais. Eles “flutuam” sobre o magma, material incandescente por causa do forte calor. Quando duas destas placas se encontram e se atritam, ocorrem os terremotos, maremotos e erupções vulcânicas. O Brasil está no centro de uma destas placas, e por isto é pouco suscetível a estes acidentes naturais.
Na América do Sul, os países mais suscetíveis os terremotos são Chile, Peru e Equador, por estarem localizados na zona de convergência das placas sul-americana e de Nazca. Uma zona de convergência ocorre quando duas placas começam a se tangenciar, em função dos movimentos orogênicos (do grego oros, montanha, e gene, criação). O Brasil está no centro da placa, que atinge 200 quilômetros de espessura, tornando a região estável, onde os terremotos são raros e de pouca magnitude. No entanto, podem ocorrer abalos, em função de desgastes na placa tectônica, responsáveis pela geração de falhas geológicas. Estas falhas estão presentes em todo o país e podem provocar pequenos terremotos. Na maior parte dos casos, são imperceptíveis ou causam apenas abalos leves, como o balançar de lustres ou rachaduras superficiais.
O Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo registrou mais de cem terremotos no Brasil durante o século XX (a USP foi fundada em 1934). Alguns deles atingiram mais de seis pontos na escala Richter, mas a imensa maioria ficou abaixo dos quatro pontos, registrados apenas pelos sismógrafos.
Em 1955, no Matogrosso, foi registrado um terremoto de 6,6 graus na escala Richter, o mais forte ocorrido no país. No mesmo ano, o Espírito Santo foi atingido por um abalo de 6,3 graus e o Ceará, em 1980, por um acidente de 5,2 graus. No ano seguinte, ocorreu um terremoto de 5,5 graus no Amazonas, mas, devido à baixa densidade demográfica, não foram registrados danos materiais nem vítimas.
O município de João Câmara (RN) foi vitimado por uma série de abalos durante os anos 1980. O mais grave deles, em 1986, registrou 5,1 graus na escala Richter e provocou a destruição de quatro mil imóveis. Atualmente, a cidade tem pouco mais de 30 mil habitantes.
Em 2008, Itacarambi, no norte de Minas Gerais, uma das regiões mais propensas a registrar abalos sísmicos no país, um terremoto de 4,9 graus durou mais de 20 segundos, que derrubou seis casas e abalou a estrutura de mais 60. Uma criança de cinco anos morreu soterrada nos escombros de uma das residências afetadas (a única morte oficial ocorrida no país). No mesmo ano, um forte abalo foi sentido nos Estados da região Sul e também em São Paulo e Rio de Janeiro. A magnitude atingiu 5,2 graus, mas não provocou danos nem vítimas fatais.
Em setembro de 2012, Montes Claros, também no norte de Minas Gerais, sofreu um pequeno abalo (2,9 graus na escala Richter), o terceiro do ano. Assustou a população, mas não causou danos – nada semelhante aos problemas ocorridos nos EUA, Turquia e Japão, por exemplo, onde ocorrem desabamentos, incêndios e muitas mortes. Mesmo assim, neste ano, foram registrados 21 pequenos tremores – em média, 2,5 por mês.