O sonambulismo é a condição em que o paciente pode realizar atividades simples ou complexas, como andar, urinar, alimentar-se, tentar manter relações sexuais e até sair de casa em estado inconsciente. Acordar um sonâmbulo é uma tarefa difícil, mas, ao contrário do que diz a lenda popular, não é perigoso. O sonâmbulo corre riscos de se acidentar se for negligenciado.
Em todo caso, é preciso cautela para despertar um sonâmbulo, pois em alguns casos ele pode ficar violento. Estudos indicam que gêmeos univitelinos apresentam sonambulismo seis vezes mais frequentemente que gêmeos fraternos, e 40% dos sonâmbulos têm parentes com o mesmo distúrbio.
O sonambulismo é comum entre crianças de três a 12 anos: um quarto delas apresenta ao menos um episódio a cada ano. Adolescentes e jovens completam a imensa maioria dos casos: sonâmbulos com mais de 25 anos são extremamente raros. Aparentemente, o abuso de bebidas alcoólicas imediatamente antes do sono favorece o sonambulismo.
O sono é dividido em ciclos de 90 a 120 minutos cada. Durante a noite, as pessoas passam por quatro ou cinco ciclos, em que se alternam o sono REM (movimento rápido dos olhos, em inglês, com intensa atividade onírica) e NREM (ou não REM), que ocupa três quartos do ciclo e é dividido em quatro estágios, entre a sonolência e o sono profundo, estado de profundo relaxamento. O sonambulismo ocorre nos estágios 3 e 4, portanto, fora do período de sonhos, ao contrário do que se possa acreditar.
A redução das atividades físicas e metabólicas durante o sono está relacionada à redução das funções do hipotálamo, relacionado à consciência, e ao córtex cerebral, que controla os movimentos. Nos sonâmbulos, estas ondas são irregulares, o que prejudica a inibição das funções motoras.
Não se conhecem as causas do sonambulismo, nem há tratamentos eficazes para combatê-lo. De qualquer forma, trata-se de um distúrbio do sono, e não propriamente de uma doença. Pessoas com doenças respiratórias e refluxo esofágico parecem ser mais propícias ao sonambulismo, como se o cérebro não permitisse o relaxamento completo. Indivíduos que sofreram algum tipo de violência, como assaltos e estupros, podem experimentar episódios de sonambulismo durante o estresse pós-traumático.
Apenas em casos muito graves é aconselhado o uso de medicamentos para controlar o sonambulismo, quando o indivíduo se expõe a riscos. Há relatos de pessoas que caíram de escadas e janelas enquanto caminhavam durante o sono, e o fato mais impressionante é o de um homem que escalou um rochedo de 300 metros de altura, em Rio Bananal (ES) e acordou no topo, sem saber como foi parar lá. Os bombeiros levaram 12 horas para resgatá-lo.