Alguns são muito comuns no Brasil. Conheça a origem e significado dos sobrenomes alemães.
A Alemanha é um dos poucos países que têm os sobrenomes de seus cidadãos catalogados em praticamente a totalidade. Em 2005, pesquisadores da Universidade Técnica de Darmstadt e da Academia de Ciências e Literatura de Mainz desenvolveram um banco de dados com informações sobre a origem, época de surgimento e região em que são mais frequentes os sobrenomes alemães.
A pesquisa tomou como base a lista telefônica da companhia Telekom. Na época, mais de 90% dos alemães eram assinantes dessa operadora. Na página oficial do projeto (em alemão), é possível pesquisar todos os sobrenomes alemães.
Os sobrenomes alemães mais comuns
Na Alemanha, a adoção de sobrenomes por parte de pessoas comuns (não relacionadas à nobreza) começou na baixa Idade Média, a partir do século 12. É o momento histórico em que os aglomerados humanos se tornam maiores e há necessidade de identificar as pessoas com mais segurança.
A herança dos nomes sempre se manteve patrilinear: os alemães costumam portar apenas o sobrenome paterno em seus documentos. Atualmente, no entanto, a lei permite o uso dos nomes de pai e mãe, separados por hífen. Por ocasião do casamento, qualquer dos cônjuges pode adotar o sobrenome do parceiro.
Grande parte dos sobrenomes alemães encontrados durante a pesquisa remonta ao “alto alemão médio”, idioma falado na região entre 1050 e 1500. A maioria dos nomes está relacionada a atividades profissionais, qualidades e características pessoais e animais.
Há exceções. Hermann, Peters, Walter e Werner sempre foram nomes próprios. É possível que tenham se tornado sobrenomes quando a descendência de um proprietário de terras ou líder urbano os tenha adotado para preservar a história familiar.
• Albert – filho de um nobre ilustre.
• Altman – homem sábio.
• Bart – barbudo.
• Bauman – construtor.
• Bauer – agricultor, camponês.
• Becker, Baecker – padeiro, que exerce o ofício de “bäcker”.
• Bohn – plantador de feijão (do termo bohne, feijão).
• Brandt, Brant, Brand – guerreiro (literalmente, significa “filho da espada”).
• Braun – pessoa de olhos e/ou cabelos castanhos.
• Brecht – de origem incerta, provavelmente é derivado de “berth”, com o significado de brilhante, famoso.
• Ernst – sério, solene.
• Fischer – pescador.
• Fuchs – a palavra significa “raposa” e é utilizada há séculos para designar pessoas espertas, inteligentes.
• Graf – é o termo equivalente ao conde português, um título de nobreza.
• Gunther – filho do guerreiro, do soldado.
• Hahn – galo. A palavra também é utilizada para designar pessoas arrogantes e soberbas.
• Hartmann – justaposição de dois termos, “hard” e “man”, traduz-se por “filho do homem bravo”. Significa homem corajoso, destemido.
• Hoffmann – gerente de propriedade rural (hovemann, no alemão medieval).
• Huber – proprietário de sítio ou chácara (“huober” e “huobener”).
• Jung – jovem, novo.
• Kaiser – imperador.
• Klein – pequeno (adjetivo).
• Koch – cozinheiro.
• Köhler – produtor de carvão.
• König – rei (o termo também era usado para designar pessoas que agiam como prepostos da realeza).
• Kraus, Krause – pessoa de cabelos crespos ou encaracolados.
• Krüger – pessoa que exerce as funções de oleiro (“töpfer”) e estalajadeiro (“gastwirt”). É a transição no fim da Idade Média, quando as cidades refloresceram e passaram a receber forasteiros. Os oleiros adaptaram as propriedades, transformando-as em hospedarias. No alemão contemporâneo, “kroch” significa taverna.
• Küster – sacristão, assistente dos sacerdotes.
• Lang, Lange – indivíduo de estatura elevada.
• Lehmann – proprietário de um feudo, senhor feudal (“lehnsmann”, no alemão medieval).
• Ludwig – filho do combatente glorioso (na mitologia germânica, Lud é um guerreiro conquistador).
• Maurer – pedreiro.
• Mayer, Meyer – gerente de propriedade rural (“meier”, no alemão medieval, termo equivalente a “superior” em relação aos demais camponeses).
• Möller, Müeller, Müller – moleiro, a artesão responsável pela moagem da farinha nas vilas.
• Neumann – forasteiro, homem recém-chegado à cidade ou vila.
• Reck – caçador de cervos.
• Richter – juiz (a palavra se manteve no idioma; o verbo original, “rihten”, significa “fazer o que é certo”).
• Ritter – cavaleiro.
• Ruschel – rápido, veloz. A palavra também significa “desgrenhado”, “despenteado”.
• Schäfer – pastor de ovelhas (“schaf”).
• Schmidt, Schmid, Schmitt, Schmitz – ferreiro, o profissional que produz artefatos de metal e ferro.
• Scherer – tosquiador de ovelhas. Há alguns séculos, por extensão, a palavra também passou a designar o ofício dos barbeiros.
• Schneider – costureiro, alfaiate.
• Schröder – aquele que exerce a profissão de “Schneider”: costureiro, alfaiate.
• Scholz, Schulz – o principal chefe de uma cidade ou vilarejo (o sobrenome deriva de “schulze”, que pode ser traduzido como juiz ou xerife; a grafia original da palavra, Schulze, também é um sobrenome alemão).
• Schubert – sapateiro, aquele que exerce o ofício de “Schumacher”, adjetivo também utilizado como sobrenome.
• Schwarz – pessoa de pele negra. Schwarzenegger significa “preto profundo”.
• Seifer – vitória da paz.
• Vogel – pássaro. Foi provavelmente adotado inicialmente por caçadores de pássaros.
• Vogt – advogado.
• Wagner – construtor de carruagens e rodas.
• Weber – tecelão.
• Weiss – branco, pessoa de pele clara. O sobrenome pode ter se derivado do adjetivo “weise” (sábio) ou do substantivo “waise” (órfão).
• Werner – filho da sentinela.
• Wolf – lobo.
• Zimmermann – carpinteiro, marceneiro.
Alguns sobrenomes alemães fazem referência ao local de nascimento ou a algum acidente geográfico característico da região de moradia. São substantivos simples que se transformaram em nomes próprios. É o caso de:
• Adler – águia da montanha.
• Ammer – bosque de aves canoras. Posteriormente, passou a designar as próprias aves e, mais tarde, os cantores.
• Bachhuber – casa à beira do riacho.
• Baumbach – córrego da árvore.
• Berg – morro. O sobrenome Berger designava o habitante do morro.
• Bervald, Bärvald – floresta de ursos.
• Brehmer – habitante de Bremen.
• Boehler – colina, morro.
• Ehrenberg – montanha de honra.
• Falkenberg – montanha do falcão.
• Gruber – poço ou depressão.
• Kirchbaum – cerejeira.
• Klee – trevo (por extensão, relvado).
• Imhof – local cercado.
• Laden – loja, empório.
• Reche – imigrante alemão, morador de Riche (França).
• Rockenbach – córrego das pedras.
• Schauren – vilarejo da região do rio Mosel.
• Stein – pedreira.
• Sulzbach – vilarejo, aldeia.
Sobrenomes alemães mais comum no Brasil
A imigração alemã para o Brasil ocorreu no século 19. Com o fim do tráfico negreiro, colonos europeus, dos territórios mais pobres, como Irlanda, Itália e Alemanha, buscaram novas oportunidades na América.
Os alemães e seus descendentes instalaram-se na região Sul do país, notadamente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A colônia germânica também é expressiva em São Paulo e no Espírito Santo.
Os sobrenomes mais comuns dos “alemães brasileiros são: Becker, Braun, Finkler, Fischer, Hoffmann, Klein, Müller, Reck, Richter, Scherer, Schmidt, Schneider, Wagner e Weber, com as suas variações e a adição de sufixos como “er” e “mann”.