A sexta-feira é um dia problemático para os judeus há muito tempo. Diz a lenda que o dilúvio universal, recurso usado por Deus para destruir a humanidade, teve início no penúltimo dia da semana. Bem antes disto, Eva teria oferecido o “fruto proibido”, que teria introduzido a morte no mundo, a Adão no mesmo dia da semana. Conheça um pouco mais sobre a origem da crendice de que sexta-feira 13 dá azar.
Quanto ao número 12, já era considerado perfeito e completo por povos antigos. Os mesopotâmicos, que criaram a astrologia, acreditavam que a Terra era circundada por 12 constelações (os 12 signos), e cada uma delas regia um dos meses do ano e uma das horas do dia. Os judeus, quando voltaram do cativeiro da Babilônia, no século V a.C., importaram a tradição e, ao reescreverem sua história, criaram as 12 tribos de Israel: dez filhos e dois netos de Jacó, um dos patriarcas bíblicos, seriam os fundadores das tribos; a genealogia se manteve até a destruição de Jerusalém, no século I d.C.
O Novo Testamento afirma que Jesus reuniu 12 apóstolos para dar continuidade à sua obra missionária: Pedro, João, Judas Tadeu, Felipe, Tiago Maior, Tiago Menor, Mateus, Bartolomeu, André, Tomé, Simão e Judas Iscariotes. Na Santa Ceia, a última Páscoa celebrada pelo Cristo com seus discípulos, pouco antes do martírio no Calvário, 13 pessoas se assentaram à mesa e uma delas teve o azar de viver apenas poucos dias depois disto.
Ao fim da refeição, Judas Iscariotes seguiu diretamente para se encontrar com os chefes do Templo de Jerusalém e indicar o local em que Jesus estava. Imediatamente, soldados romanos e guardas do templo rumaram para o Horto das Oliveiras, onde o Cristo permanecia em oração. Prenderam-no e teve início a paixão, celebrada anualmente na Semana Santa pelos cristãos.
Historiadores não encontraram nenhum decreto editado pelos imperadores romanos nos dias 13 de cada mês do ano. O poeta romano Hesíodo aconselhava os agricultores a “não lançar semente” nas sextas-feiras.
Mas existem outras versões para a origem do azar na sexta-feira. Duas lendas nórdicas dão conta do motivo da crendice. De acordo com uma delas, houve uma reunião no Valhala, a morada dos deuses, para a qual foram convidadas 12 divindades. Loki, deus do mal e da discórdia, evidentemente não recebeu convite para a festa, mas decidiu aparecer mesmo assim, o que o torna um dos primeiros “penetras” da história.
Balder, deus da justiça, espalhava o bem e a boa vontade por onde passava. Seus pais, no entanto, Odin e Friga (os deuses principais do panteão nórdico) descobriram, através de um oráculo, que Balder iria morrer. Para impedir a morte, as duas divindades fizeram um pacto com todos os viventes, para que nenhum deles agredisse ou ferisse Balder. Mas Friga esqueceu-se do visco, por considerá-lo uma planta muito frágil.
Na festa, os 12 deuses se divertiam atirando objetos em Balder, sem conseguir atingi-lo. Mas Loki sabia que o visco poderia prejudicá-lo. Ofereceu um arco a Hod, o deus do inverno, feito com a planta. Hod atirou no coração e matou Balder imediatamente.
A segunda lenda diz respeito a Friga, deusa do amor e da beleza, cujo nome deu origem a “Friday”, sexta-feira, em inglês. Quando Alemanha e Escandinávia foram cristianizadas, Friga se tornou uma bruxa, aprisionada no topo de uma montanha. Para se vingar, ela passou a se reunir todas as sextas-feiras com outras 11 bruxas e o Diabo em pessoa, para rogar pragas contra a humanidade que a desprezou.
Como dizem os espanhóis, “no hay que creer en brujas pero que las hay las hay”. Edifícios americanos não têm ao 13º andar. Em muitos países da Europa, o 13º pavimento é chamado de 12-A. Sexta-feira 13 é um dia para tomar banhos de descarrego e para tomar muito cuidado com escadas, gatos pretos e outros do gênero.