Risoterapia: A terapia da risada

A risoterapia – ou terapia da risada – parece vir confirmar um velho ditado: rir é o melhor remédio. Há fortes evidências de eficácia no uso das risadas em muitos tratamentos de saúde: elas aumentam as defesas imunológicas e combatem o estresse, problemas cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e são excelentes auxiliares no tratamento da depressão.

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O médico homeopata Eduardo Lambert, autor de “A Terapia do Riso”, afirma em seu livro: “a alegria e o riso ajudam na resposta aos tratamentos e fortalecem os mecanismos naturais de autocura” – uma das características da homeopatia.

O riso faz o nosso corpo vibrar, relaxa e confere sensação de bem-estar. Ele ativa a produção de substâncias químicas no cérebro, que reduzem os riscos de AVC, estresse, problemas cardíacos e até depressão. Quanto maior a extensão da risada, maior será a produção de neurotransmissores relacionados às sensações de prazer e alegria; serotonina e endorfina, por exemplo, são substâncias antidepressivas.

Já as betaendorfinas têm potência analgésica muitas vezes superior à de medicamentos derivados da morfina – e sem nenhum efeito colateral (elas melhoram a circulação sanguínea, reduzem a pressão arterial e melhoram a resistência orgânica contra infecções). Estas substâncias são produzidas apenas com a ação do riso no organismo. Quanto mais efusivo, melhor – e mais contagiante: o relaxamento da musculatura é uma “dica” para o cérebro começar a produzir mais neurotransmissores.

Patch Adams

A terapia da risada não é um assunto novo. Ela já existe há mais de 60 anos, mas sempre foi vista como um tratamento complementar. O tema voltou com mais força no final dos anos 1990, com a exibição de “Patch Adams – O Amor É Contagioso”, dirigido por Tom Shadyac e estrelado por Robin Williams. O protagonista do filme ainda está vivo.

Hunter Doherty Patch Adams não acredita exatamente que a risada possa promover a cura. Para o médico, “a amizade é o melhor remédio”. A risada precisa surgir em um contexto específico, em que a mostra de um sorriso largo indica prazer na convivência. Sua filosofia de vida é o amor – e não apenas no contexto hospitalar ou ambulatorial. O médico disse em entrevista que tem 18 mil livros de poesias em sua biblioteca particular, “porque a poesia faz despertar o amor”.

O estudioso desenvolveu diversos estudos comprobatórios da eficiência da gentileza, do “olho no olho”, da conversa descomprometida no tratamento de diversos problemas. Convencido de que o atendimento aos pacientes deveria ocorrer de forma holística, ele procura investigar todas as facetas do distúrbio. Para ele, “médicos não devem tratar de doenças, mas promover a saúde”.

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O médico fundou o Instituto Gesundheit (“saúde”, em alemão). Em 1980, o centro, que prestam atendimento inteiramente gratuito (sem subsídios governamentais), foi transferido para uma propriedade de 317 acres de terra montanhosa na Virgínia Ocidental.

Adams percebeu que a melhor maneira de obter a cura é descondicionarmo-nos de alguns hábitos que conduzem à tristeza. Hospitais são silenciosos, frios e impessoais, mas não precisam ser assim. Da mesma forma, os consultórios, ambulatórios e até escolas.

Atualmente, Adams viaja com a sua trupe de palhaços para o mundo todo, onde haja situações de conflito e inanição. Além de médico, humorista, humanista e intelectual. O médico também é um ativista da paz mundial. Ele renegou o filme de Shadyac (baseado no livro “Gesundheit: Good Health is a Laughter Matter” – algo como “boa saúde é um assunto para risos”), por considerar muitas cenas incorretas ou imprecisas.

Três exercícios

Para melhorar o humor e a saúde, há três exercícios simples que podem ser feitos diariamente em família, num grupo de amigos ou mesmo a sós, na frente do espelho. Uma gargalhada envolve a movimentação de 400 músculos do corpo.

O primeiro cuidado é esquecer a inibição. O(s) participante(s) deve(m) procurar gesticular o máximo possível, para relaxar a musculatura. É preciso que ensaiem novos gestos, mesmo que pareçam extremamente ridículos. Ao perceber as risadas de suas micagens e caretas, o exercício deve ser intensificado.

Quem tem cócegas – e quase todo mundo tem, ao menos em uma parte do corpo, como as axilas e as solas dos pés – pode ser estimulado com penas, canetas ou qualquer outro objeto: as risadas logo surgirão e a reação dos amigos ocorre em cadeia. Zonas erógenas devem ser evitadas, mas não provocarem desejos sexuais (ao menos durante a terapia da risada).

Um terceiro exercício bastante fácil é lembrar-se de momentos difíceis. Não é necessário que eles sejam muito dramáticos: um escorregão, uma queda leve, uma trombada com um passante distraído são boas sugestões. Em seguida, é preciso concentrar-se nos momentos cômicos do incidente – pegadinhas e cassetadas estão em diversos sites e programas de TV para mostrar que um tombo sempre tem ingredientes hilariantes.

Atenção para este alerta: pessoal mal-humoradas, rancorosas, impacientes, irritadiças e severas demais (inclusive com elas mesmas) vivem em uma situação de tensão muscular muito mais elevada do que as pessoas comuns (mesmo as que são de pouco riso).

Esta tensão é causa de uma liberação de adrenalina – o hormônio, que, há milênios, nos ajudava a fugir ou partir para o confronto em situações de risco. Atualmente, esta condição, no entanto, define uma liberação elevada e permanente da substância, que predispõe os “esquentadinhos” a riscos muito maiores de sofrer doenças coronarianas, como a angina e o infarto do miocárdio.

Além disto, elas envelhecem muito mais rapidamente: nossos músculos precisam de exercícios para manter a jovialidade e mesmo a regeneração celular. Mas as melhores risadas são as causadas por motivos específicos: ria de você mesmo, de seus vícios e defeitos, e procure melhorar-se: este é também um exercício de autoconhecimento – o “conhece-te a ti mesmo” já era preconizado nos templos egípcios e gregos da Antiguidade.