Reciclando xixi e cocô

Xixi e cocô são úteis à agricultura, à produção de biomassa e até à maquiagem. Mesmo em seus voos, os astronautas reciclam xixi, cocô e já existem estudos para reutilizar a transpiração. Por enquanto, os equipamentos ainda são caros, mas com a ampliação da consciência ambiental, em breve os banheiros de casas e equipamentos muito hi-tech.

Quase todos nós já estamos acostumados a reciclar papel, madeira, vidro, alumínio. Por que não o xixi e o cocô? Em casas residenciais, podem ser feitas pequenas composteiras domésticas para adubar os canteiros e floreiras do jardim. Basta aplicar, em uma floreira ou canteiro de mudas (tudo depende do espaço disponível), camadas sucessivas de terra vegetal, restos de plantas e fezes, que podem ser de animais domésticos, desde que eles estejam vacinados e vermifugados.

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É preciso tomar alguns cuidados: não entram na “receita” do processo da compostagem: o leite e seus derivados (por causa do mau cheiro natural no processo de decomposição e também por eventualmente atrair microrganismos indesejados), nozes e outras oleaginosas (elas possuem um composto orgânico chamado juglone, que é tóxico para algumas plantas), restos de massa e derivados de trigo, como pães, bolacha, bolo, etc. (a decomposição é lenta em relação aos demais, fato que também atrai alguns germes e parasitas).

Além disto, nenhum tipo de papel deve ir para a composteira. Revistas, jornais e outros impressos são produzidos com produtos químicos e tóxicos, tintas não biodegradáveis. Mesmo os papéis brancos são contraindicados, já que são obtidos com compostos branqueadores, geralmente fabricados com produtos à base de cloro.

Completam a lista as carnes brancas e vermelhas, arroz (uma vez fermentado, é o espaço ideal para bactérias), carvão vegetal (rico em seis de enxofre e ferro, que também prejudicam as plantas), gorduras, alho e cebola e frutas cítricas (por causa do teor de ácido, presente mesmo nas cascas).

A serragem é excelente para este processo de reciclagem, mas o pó obtido a partir de madeiras pintadas ou envernizadas deve ser evitado, por causa da toxicidade.

A compostagem é uma atividade agradável, feita ao livre, que pode reunir as crianças, por exemplo, na hora de misturar a terra vegetal ou legumes e verduras. O efeito pode ser acelerado com a introdução de minhocas, mas crianças pequenas podem se assustar com elas. Seja como for, existem aceleradores biológicos neutros à venda em casas de floricultura e horticultura.

O envolvimento das crianças é uma forma de educação ambiental, especialmente em uma época em que elas vivem quase sempre em ambientes internos. Se houver espaço, é possível fazer uma pequena horta (basta um canteiro, plantando um produto de cada vez). Tomates e cenouras costumam apresentar bons resultados e o ciclo da vida fica representado em um pequeno canto do quintal.

Para complementar a educação infantil, é preciso ensiná-las a separar o lixo reciclável e sempre pautar seus hábitos em cinco verbos: reduzir, reutilizar, reciclar, recuperar e, em último caso, quando o produto contém toxinas nocivas, recusar-se à compra. Os recursos naturais são renováveis, mas não são infinitos. A aquisição de hábitos salutares em relação à natureza vai tornar possível, no médio prazo, restaurar o equilíbrio orgânico.

Novidades à vista!

Desde 2009, a Estação Espacial Internacional (ISS) utiliza um equipamento que converte urina em água potável. Ele usa a força centrífuga – a força física que afasta os corpos no universo (parece complicado, mas basta olhar o funcionamento de uma lavadora de roupas, que são comprimidas à parede do tambor e se afastam das impurezas).

O processador de urina faz a água girar a altas velocidades, afastando-se do eixo da máquina, separando assim impurezas como ureia e ácido úrico. Depois de cinco dias de tentativas frustradas, os astronautas finalmente conseguiram manter o equipamento em funcionamento durante quatro horas consecutivas, tempo considerado necessário para o teste ser considerado bem sucedido. A nova invenção que a tripulação da ISS fosse elevada de três para seis.

Ainda é cedo para necessitarmos de um aparelho em casa, mas as constantes agressões à agua, a falta de políticas públicas eficientes e continuadas (especialmente no Brasil) e a falta de educação ambiental (quase uma unanimidade nas escolas públicas do país) podem tornar o que hoje é uma opção – e bem cara – em uma exigência em menos de cem anos.

Em vários países, especialmente do Oriente Médio e norte da África, cientistas já conseguiram tornar potável a água do mar – a maior fonte hídrica do planeta, mas imprestável para o consumo humano e animal. Além do gosto ruim, a ingestão excessiva de sal provoca problemas renais e hepáticos, além de irritar as mucosas do estômago e dos intestinos.

Há um problema, no entanto. As tecnologias desenvolvidas até hoje só conseguem obter um terço de água doce a partir da água marinha. O restante se torna água salobra, com alto teor de salinidade, fato que podeprejudicar lençóis freáticos e outros cursos d’água. É preciso encontrar um jeito para que toda esta insalubridade, em vez de solução, se torne mais um problema.

Cientistas da Universidade do Colorado (EUA) uma privada, através de energia solar, todas as nossas necessidades fisiológicas, que, outra forma, vao parar literalmente no ralo. Isto pode causar entupimentos e, se a rede de esgotamento não estiver funcionando de forma adequada, xixi e cocô podem até poluir rios, nascentes e mares.

A novidade no vaso sanitário são oito espelhos que direcionam toda a luz natural disponível para um pequeno orifício onde ficam acumulados os dejetos. Desta maneira, a temperatura se eleva a até 300ºC: isto é mais do que suficiente para transformar xixi e cocô em biocarvão. Este material pode ser utilizado como adubo natural e até mesmo na churrasqueira, para tostar picanhas e maminhas.

A ideia pode parecer estranha, já que nossos dejetos não são bem cheirosos. A luz solar, no entanto, elimina todos os odores, deixando o produto pronto para uso doméstico ou para ser recolhido por empresas de reciclagem dos rejeitos.

Melhor qualidade de vida

A ideia é levar a privada ecológica para os países em desenvolvimento, mas especialmente para regiões que sofram com a falta de abastecimento de água e também com a falta de saneamento básico. Especialistas em economia e meio ambiente da ONU (Organização das Nações Unidas) já estão pesquisando as melhores maneiras para captar os recursos.

A água é a maior preocupação no momento. Muitas áreas de mananciais foram degradadas – alguns heróis dos quadrinhos eram mineiros ou lenhadores, que passavam a mensagem de que destruir uma árvore é um ato viril, quase heroico.

Em outros locais, as condições climáticas interferem no ciclo de evaporação, precipitação e captação. Algumas áreas desérticas, como o Saara, estão aumentando em velocidade significativa. Tomar atitudes bem mais simples no dia a dia (do que a privada ecológica ou a reciclagem da urina) podem não salvar o planeta, mas certamente minimizarão os efeituais prejudiciais.