A posição inicial dos druidas na sociedade celta era semelhante à de um pajé nas comunidades indígenas brasileiras. Conhecedores das propriedades medicinais, ministravam medicamentos aos doentes, aliados a orações e outros rituais. A palavra druida aparentemente deriva de oak (carvalho) e wid (saber). Assim, druida é aquele que tem o conhecimento do carvalho (árvore em que, na mitologia nórdica, foi formado o primeiro ser humano).
Paulatinamente, os druidas passaram a exercer atividades filosóficas e de aconselhamento, inclusive arbitrando em disputas por terras e rebanhos. Eram os guardiães dos conhecimentos e tradições do povo, e escolhiam discípulos para a transmissão das lições. A formação de um druida levada ao menos duas décadas.
No século I a.C., os primeiros romanos a chegarem ao território das atuais França e Inglaterra levaram para a capital do império notícias sobre a prática de canibalismo e rituais humanos entre os celtas, sempre presididos pelos druidas, que não seriam propriamente sacerdotes, mas organizadores dos cultos. Entre os celtas, não havia a figura do mediador entre os deuses e os humanos. O historiador Plínio, o Velho, afirma que este povo praticava a antropofagia: comiam os corpos dos inimigos tombados em combate para absorver sua coragem e força física e espiritual. Escavações recentes parecem confirmar a prática, que teria se intensificado com a chegada dos romanos.
Os druidas se dividiam em classes, numa hierarquia rígida. Os que ocupavam as posições mais elevadas declaravam-se descendentes diretos da divindade maior. Ao morrer, os druidas filid, como eram conhecidos, não precisavam mais da reencarnação: permaneciam junto às potências cósmicas e podiam interferir em favor da humanidade.
Os druidas liang eram médicos e curandeiros. Consta que havia especialistas, que executavam inclusive cirurgias de certa complexidade. Afirma-se que eles conheciam métodos para retardar o envelhecimento.
Aos druidas sceilage competia contar a história dos celtas. A escrita era proibida ou desconhecida. eram os guardiães das tradições. Enquanto os sceilage contavam exatamente a mesma história, os druidas sencha tinham a missão de percorrer o território e recolher novas histórias do povo celta, também transmitidas oralmente.
A principal fonte sobre os celtas é Júlio César, general que conquistou a região para o Império Romano. César narra ainda a eleição do druida-mor, a realização de conclaves para discussão dos principais problemas e a isenção do serviço militar para os druidas.
Outros autores falam sobre os conhecimentos astronômicos dos druidas. Embora não haja provas desse saber, os celtas são descendentes da cultura que construiu Stonehenge e é certo que eles tinham conhecimentos dos ciclos solares e lunares bastante sofisticados.
Com o avanço do Catolicismo na Europa, os druidas passaram a ser desacreditados e mesmo reprimidos, até a total absorção da etnia celta pelo Cristianismo.