Há cerca de 200 mil anos, indivíduos da espécie Homo heidelbergensis, que viviam na costa leste da África, começaram a sofrer um aumento da caixa craniana e passaram a andar numa postura ereta. Surgia nosso ancestral direto: o primeiro Homo sapiens.
A ciência sabe que a região, na época, passava por uma transição, da floresta fechada para a savana, provavelmente em função do aumento da temperatura. Sem espaço para se locomover pelo topo das árvores, alguns antropoides desenvolveram uma característica singular: a planta do pé começou a se sustentar sobre o solo, permitindo um andar mais firme e uma característica marcante: a coordenação visomotora. De mãos livres para explorar o ambiente, nosso ancestral passou a olhar para o horizonte, desenvolvendo capacidades ao aliar mãos e olhos para o trabalho.
Mais inteligente, o passo seguinte foi colonizar o continente e exterminar parentes próximos, para garantir amplos territórios de coleta (e depois de caça e pesca). As primeiras rotas levaram o Homo sapiens ao centro e sul africanos. Há registros fósseis de que a costa da Guiné também recebeu indivíduos da nova espécie.
Em seguida, colonizou o vale do Nilo e chegou ao Mediterrâneo. Ao percorrer a costa, deparou-se com outro parente próximo: o Homo Neanderthalensis, ou Homem de Neanderthal (vale do rio Neander, Alemanha). Oficialmente, a ciência afirma que este outro primo, de crânio com maior volume que o do H.sapiens, mas menor na comparação com a estrutura corporal, também foi exterminado, mas há paleontólogos que dizem ter havido miscigenação. Sapiens cruzaram com neanderthais e surgiram os primeiros H.sapiens modernos.
O Homo sapiens criou diversas ferramentas de trabalho e lazer. O cérebro mais desenvolvido permitiu o desenvolvimento da linguagem, fundamental para o relacionamento interpessoal, o raciocínio lógico e abstrato e a capacidade de introspecção, que facilitou a resolução de problemas.
Há 50 mil anos, o Homo sapiens já apresentava características sociais próximas às nossas. Os indivíduos se organizaram em famílias e grupos, aumentando a segurança deste animal relativamente frágil.
A espécie espalhou-se pela Europa e Ásia e, a partir deste ponto, alguns grupos foram para o norte, atravessaram a ponte das Aleutas e “descobriram a América”.
Outros se dirigiram ao sul, através de Malásia e Indonésia, até chegar à atual Austrália. Há 20 mil anos, o Homo sapiens já estava distribuído por todo o planeta.
Como é evidente, a classificação Homo sapiens (que poderia ser traduzida para “Homem, o sábio”) foi feita por um humano. Gostamos de nos classificar como única espécie animal racional, mas há evidências, entre primatas superiores e cetáceos, principalmente, de que a história não é bem assim. Já foi registrada a capacidade de produzir cultura entre outras espécies. Os humanos vão ter que encontrar outros motivos para continuarem se intitulando “reis da criação”.