Os Jogos Paralímpicos foram realizados pela primeira em Roma (Itália). A sede é sempre a mesma cidade que abriga os Jogos Olímpicos de verão e, portanto, em 2016, as Paralimpíadas serão disputadas no Rio de Janeiro. A inspiração surgiu em Stoke Mandeville (sudeste de Inglaterra, que abriga a maior ala hospitalar de lesões na coluna vertebral da Europa).
Em 1948, a cidade inglesa organizou pela primeira vez competições esportivas oficiais para cadeirantes e amputados. O objetivo era reabilitar, incentivar e inserir socialmente soldados da Segunda Guerra Mundial (encerrada três anos antes) que se feriram durante os combates. Já foram realizadas oito edições dos Stoke Mandeville Games, que serviram de inspiração para as Paralimpíadas, organizadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em Seul e Barcelona (respectivamente 1988 e 1992).
Desde 1993, o Comitê Paralímpico Internacional (CPI, sediado em Bonn, Alemanha), que reúne 162 comitês nacionais, além de federações regionais, é o organizador oficial dos jogos e de outras competições mundiais.
Os atletas
Os Jogos Paralímpicos reúnem pessoas portadoras de deficiência de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral. Na primeira edição, que durou apenas uma semana (em setembro de 1960), envolveu apenas portadores de lesão na medula espinal, em oito modalidades: natação, basquete (para cadeirantes), esgrima (também para cadeirantes), atletismo, tiro com arco, arremesso de dardos e sinuca. Participaram pouco mais de 400 atletas de 23 países, sem a presença de competidores brasileiros.
O sucesso dos Jogos Paralímpicos, no entanto, foi quase imediato. Na disputa de 1976, em Toronto (Canadá), 33 delegações foram enviadas, reunindo mais de 1.600 atletas (inclusive a estreia dos participantes brasileiros). Amputados e deficientes visuais competiram pela primeira vez.
Neste mesmo ano, atletas portadores de deficiência passaram a disputar também os jogos de inverno, que, desde 1994, são disputados em biênios alternados. Os próximos Jogos Paralímpicos de Inverno serão realizados em Sóchi, na Rússia, em 2014.
Em 2000, os atletas deficientes mentais foram excluídos da competição, em função das denúncias de fraudes. Um jornalista espanhol se infiltrou na seleção de basquete e descobriu que muitos atletas sem deficiência haviam sido escalados (inclusive o próprio jornalista). Esta classe de esportistas só retornou aos jogos em 2012, após uma iniciativa conjunta do CPI e da Federação Internacional de Esportes para Atletas com Deficiência Intelectual (INAS), apoiada por diversas universidades e especialistas em esporte do mundo todo.
O paraesporte no Brasil
Os jogos para portadores de deficiência só chegaram ao Brasil em 1958, dez anos depois dos primeiros jogos de Stoke Mandeville, quando os cadeirantes Robson Sampaio de Almeida e Aldo Miccolis fundaram o Centro de Otimismo do Rio de Janeiro. Meses depois, Sérgio Del Grande organizou o Clube dos Paraplégicos de São Paulo. Robson e Sérgio conheceram os esportes depois de se submeterem a tratamentos em hospitais dos EUA. Hoje, além dos Jogos Paralímpicos, são disputados no país o Circuito Loterias Caixa e as Paralimpíadas Escolares.
O comitê brasileiro foi fundado em 1995 e deu grande impulso à delegação. Em Sydney 2000, os brasileiros se classificaram em 24º lugar, com 22 medalhas no total. Em Atenas 2004, saltou para a 14ª posição e quatro anos depois, em Pequim, chegou ao nono lugar. Nestes oito anos, o número de atletas participantes subiu 300%. Na última edição, em 2012 (Londres), a delegação brasileira conquistou um inédito sétimo lugar, com 43 medalhas (sendo 21 de ouro; nossos atletas sem deficiência conquistaram 17 medalhas nos Jogos Olímpicos – apenas três de ouro).
As modalidades
25 esportes já foram disputados nos Jogos Paralímpicos. Além das modalidades adaptadas (como judô, natação, atletismo, basquete, tênis de mesa, curling, ciclismo – em bicicletas, handycles ou triciclos –, esqui alpino e nórdico, em diversas categorias), a competição inclui jogos específicos para portadores de deficiência, como bocha, goalball e futebol de cinco.
Em tempo: “espírito em movimento” é o slogan dos jogos. O logotipo da competição contém três cores – vermelho, verde e azul –, as mais comuns entre as bandeiras nacionais: são três “agitos”, palavra que em latim significa “eu me movo”.
Outra curiosidade: o termo “paralímpico” é derivado do grego e significa “par” (ao lado de) e olímpico. Apesar da semelhança à primeira vista, não tem nada a ver com paralisia ou paraplegia. A palavra é usada para se referir a competições internacionais oficiais, enquanto “paraolímpico” se refere genericamente a todas as disputas envolvendo portadores de deficiência.