Se considerarmos os hospitais como locais em que se realizam tratamentos, cirurgias, partos, atendimentos de urgência e emergência, eles surgiram apenas há cerca de 200 anos, na França. Mas bem antes disto já havia instituições para abrigo de doentes, que também recebiam inválidos e indigentes.
Estas instituições eram chamadas hotels-dieux – hospedagens de Deus. O nome já demonstra que os hospitais estavam ligados às igrejas. As palavras hotel e hospital têm a mesma origem. Os mosteiros – que eram autênticos feudos, ocupando grandes áreas – reservavam espaço para acolher os desabrigados (inclusive viajantes sem recursos): visitar doentes, vestir os nus, alimentar os famintos, etc., é um preceito evangélico. O primeiro hotel-diex foi fundado no ano 650.
No entanto, muito antes de a Idade Média sepultar os conhecimentos científicos acumulados por gregos e romanos, a ideia de um local para tratamento de doentes já havia sido posta em prática. O primeiro registro data do século IV a.C., no Ceilão (atual Sri-Lanka). Eram tendas de isolamento, visitadas apenas por curandeiros, um misto de médicos e sacerdotes. As doenças eram associadas a maldições das divindades.
Na Grécia antiga, foram instituídos os templos de Asclépio (deus da saúde). Os gregos podiam banhar-se, receber tratamentos fitoterápicos e tomar laxantes. A parte religiosa ficava por conta da consulta a oráculos, uso de ervas alucinógenas para induzir a sonhos reveladores e oferendas ao deus. Duas palavras gregas ainda estão relacionadas à saúde: cline (cama, que deu origem a clinica) e terapeuta (servidor do deus).
No governo de Júlio César (século I a.C.), os romanos organizaram os valetudinários, para tratar e recuperar soldados feridos nas muitas batalhas do Império para expandir seu território. Atualmente, a palavra valetudinário significa pessoa fraca, doentia. Roma também importou as casas de banho gregas. Arqueólogos verificaram que as construções possuíam boa ventilação, aparentemente para prevenir contaminações.
Em 325 d.C., o imperador Constantino, convertido ao Cristianismo, proibiu os banhos públicos e incentivou a construção de casas de tratamento dirigidas por sacerdotes. O primeiro foi erguido em Cesareia, na Palestina.
Os árabes construíram o primeiro leprosário por volta do ano 700. Até então, os leprosos eram banidos das cidades. É a primeira instituição para isolamento de doentes contagiosos. Os árabes desenvolveram uma medicina sofisticada; Avicena, filósofo e médico que escreveu “O Livro da Cura” e “O Cânon da Medicina”, é seu maior expoente.
Na Europa, a medicina permaneceu estagnada até o século XVIII, quando inovações arquitetônicas permitiram melhor ventilação e insolação. Isto só foi possível porque o convento que abrigava os doentes foi incendiado e teve de ser reconstruído.
No século XIX, foi criada em Genebra (Suíça) a Cruz Vermelha, com o objetivo de proteger vítimas de conflitos internos e externos. Com o avanço científico, a medicina desenvolveu-se bastante e os hospitais começaram a tomar a forma atual.