Qual o tipo sanguíneo mais raro?

Existem mais de 30 tipos sanguíneos, mas a classificação mais comum é o sistema ABO (sangues dos tipos A, B, AB e O). O fator Rh, um antígeno descoberto apenas em 1940, pode ser positivo ou negativo (ausente na corrente sanguínea). O nome vem do macaco Rhesus, usado nas experiências. Estes dois grupos de antígenos são os de maior importância clínica, uma vez que representam 98% dos casos de incompatibilidade.

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No Brasil, o tipo sanguíneo mais raro é AB positivo, também chamado de “receptor universal”: apenas 5% da população apresentam os dois antígenos na corrente sanguínea. Com relação ao fator Rh, 85% são Rh positivo.

O sangue mais utilizado em transfusões é O- (o chamado “doador universal”): pessoas de todos os tipos de sangue podem recebê-lo, uma vez que ele não apresenta os antígenos A e B. apesar de ser extremamente importante em cirurgias e outras emergências médicas, a maior carência dos bancos de sangue é exatamente deste tipo.

A compatibilidade

Todos os tecidos e órgãos do corpo humano possuem características específicas, determinadas pela herança genética transmitida pelos pais. Se retirarmos um pedaço de nossa pele, por exemplo, para transplantar em um filho, é muito provável que ele vá rejeitá-las.

No entanto, até o século XIX, a Medicina engatinhava e ninguém sabia disto. Cientistas só identificaram a estrutura celular em 1863. As transfusões de sangue provocavam rejeições queda da pressão arterial, insuficiência renal e coagulação intravascular disseminada (que aumenta o risco de hemorragias), levando muitos pacientes à morte.

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A descoberta do sistema ABO ocorreu em 1901, pelo prêmio Nobel Karl Landsteiner, o mesmo cientista que isolou o fator Rh. Ele colheu amostras de sangue de diversas pessoas, isolou os glóbulos vermelhos (hemácias) e fez diversas combinações entre o plasma e as hemácias, tendo como resultado a presença ou ausência de aglutinação, decorrente da reação dos anticorpos (aglutininas) contra o antígeno eritrocitário A ou B (aglutinógeno) que não está presente na corrente sanguínea.

Portanto, pessoas com tipo O podem doar para todas as demais. As pessoas com tipo A podem receber sangue dos tipos A e O e doar para as dos tipos A e AB. No tipo B, as doações servem para os tipos AB e B e as recepções, para os tipos B e O. O tipo AB (a descoberta mais recente, de 1939), por fim, pode receber transfusões de todos os grupos sanguíneos e doar apenas para quem é AB.

A importância do Rh

É preciso considerar também a presença do fator Rh, o segundo grupo de antígenos foi identificado apenas em 1940. Ele pode ser positivo (Rh+) ou negativo (Rh-). Atualmente, sabe-se que esta classificação é muito mais complexa: mais de 40 antígenos pertencem a este sistema.

Como regra geral, pessoas com fator Rh- não podem receber sangue Rh+. Estes, no entanto, podem receber sangue sem o antígeno Rh.

O principal problema ocorre com mulheres Rh- que engravidam de um homem Rh+. Na primeira gravidez, não há riscos para o feto nem para a mãe. Na hora do parto, no entanto, a sensibilização é grande: é como se o organismo materno estivesse “vacinado” contra o fator Rh.

Em uma segunda gestação, o número de anticorpos contra o fator Rh+ já é elevado o suficiente para provocar males: é a doença hemolítica do recém-nascido, ou eritroblastose fetal. O sangue do bebê sofre hemólise, ou seja, é aglutinado pelos anticorpos da própria mãe. Isto pode causar anemia profunda e, como resposta a ela, o bebê passa a lançar hemácias imaturas (os eritroblastos) na corrente sanguínea.

São raros os casos de problemas durante a gravidez, mas o tratamento deve ser feito quando o médico descobre a incompatibilidade entre pai e mãe. Injeta-se imunoglobulina, cuja função é destruir as hemácias fetais Rh+. Sem nenhuma providência, os sinais surgem com força nos primeiros dias de vida. É preciso fazer uma transfusão completa do sangue do bebê. A partir da transfusão, o próprio bebê passa a produzir células sanguíneas sem o risco de aglutinação.