“Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus”. John Grey, o autor deste livro, quis representar as diferenças entre os universos masculino e feminino com este título. Com tantas diferenças, é natural que os motivos para trair variem tanto entre homens e mulheres.
Os homens são promíscuos. Em nossa cultura, a sexualidade masculina sempre foi estimulada, enquanto as mulheres eram reprimidas. Marxistas afirmam que esta repressão teve início com o estabelecimento da propriedade privada: os belos varões tinham pavor de ter de criar o filho de outro homem e, pior, transferir sua herança para um bastardo.
Em contrapartida, a mulher foi isolada na casa, tornou-se a “rainha do lar”. Enquanto os machões iam à guerra, às conquistas e até ao trabalho, as mulheres ficavam entediadas, cuidando apenas de filhos e faxinas. Talvez este seja o cenário ideal para um machista, mas ele esqueceu um outro personagem: o Dom Juan, atualmente chamado de Ricardão, famoso por cortejar e seduzir.
Num relacionamento – namoro ou casamento –, a fidelidade está implícita: todos a aceitam e a maioria afirma cultivá-la. Mas não é isto que indicam estudos recentes. Entre os homens, apenas 33% se mantêm fiéis, enquanto entre as mulheres, o número é bem maior: 47%.
Mas elas podem estar mentindo, e a luz amarela está acesa: há dez anos, a taxa de maridos infiéis era a mesma de hoje, mas a de mulheres mais que dobrou: era de apenas 23%.
Os motivos de cada um
O que leva uma pessoa a trair? No início de uma relação amorosa, tudo são flores: a conquista estimula o desejo sexual e a vida na alcova se desenrola às mil maravilhas. Mas o erro mais comum dos casais é cair na rotina, e existe um pior: desleixar-se. Muitas pessoas pensam; “já arranjei um parceiro, não precisam mais se cuidar”. E engordam, negligenciam a roupa, a maquiagem e, em pouco tempo, o sexo está tão atraente como a leitura do Diário Oficial.
Aí, há divergências: mulheres afirmam que sublimam a sexualidade, canalizando as energias para outras atividades, enquanto os homens simplesmente voltam à caça dos tempos de solteiro. Como é evidente, satisfazer duas mulheres, a oficial e a “outra”, não é tarefa fácil. Se forem várias “outras”, existe ainda o “cansaço” da conquista. O resultado é que o sexo conjugal torna-se ainda pior.
Muitas mulheres, no entanto, não resistem à sedução. Como qualquer pessoa saudável, elas querem se sentir desejadas, amadas, cuidadas. Isto era mais difícil quando elas desempenhavam o papel exclusivo de donas de casa (apesar das muitas piadas sobre padeiros, leiteiros, tintureiros, etc.), mas hoje as mulheres conquistaram o mercado de trabalho, passam muitas horas fora de casa e as tentações surgem a cada momento.
É claro que uma mulher não trai porque trabalha fora de casa; este é apenas um dos elementos. Relacionamento insatisfatório, sexo de má qualidade, falta de atenção do parceiro são outros ingredientes da receita. Além disto, o amante pode surgir na academia, na escola dos filhos, no curso que faz… As possibilidade são infinitas.
Traição é o fim?
Estudos indicam que casamentos quase nunca terminaram por causa de uma traição. Mulheres pedem a separação por inúmeras razoes: humilhação doméstica e falta de companheirismo estão entre as principais.
Os homens tendem a ser mais conservadores: mesmo numa relação insatisfatória, preferem mantê-la a ter de reiniciar a vida, com todas as exigências práticas que isto acarreta.
Um estudo da Faculdade de Medicina da USP revelou um fato curioso: boa parte dos grandes machistas “perdoa” uma traição, apesar de sentirem muito embaraçados com a situação. O motivo é a vergonha: eles vão ter que explicar à família e aos amigos o que motivou a “pulada de cerca” da parceira.
Seja como for, uma traição é sempre sinal de que algo está errado no casamento e pode ser um momento de repensar a parceria, descobrir novas fontes de prazer mútuo e recomeçar a partir de novos parâmetros, com mais felicidade conjugal.