Os astrônomos já identificaram 2.700 planetas fora do nosso Sistema Solar e ao menos cem com características semelhantes às da Terra. O primeiro deles, HD 114.762 B, foi localizado há 26 anos, em 1989, localizado a 132 anos-luz daqui (o equivalente a 40,4 parsecs). O objeto planetário foi identificado simultaneamente por cientistas americanos e israelenses.
Tratava-se de uma esfera 11 vezes maior do que Júpiter, o maior astro do Sistema Solar (que contém duas vezes e meia mais massa que todos os sete demais planetas). Alguns astrofísicos, no entanto, acreditam que o astro seja apenas uma anã marrom – grande demais para ser um planeta, mas pequeno demais para ser uma estrela.
Uma anã marrom é um corpo celeste de baixa densidade, que não consegue iniciar a fusão do hidrogênio (H1) em seu núcleo, transformando-o em gás hélio (He2). Na prática, as anãs marrons são estrelas fracassadas: pequenas demais para conseguir manter a órbita de planetas, grandes demais para serem identificadas como planetas gasosos (como Júpiter e Saturno, por exemplo).
Especialistas calculam a existência de 70 sextilhões de estrelas (uma fieira de 21 zeros posicionada à direita do número um), agregadas em cem bilhões de galáxias apenas em nosso “pedaço”, a Via Láctea, reúnem-se entre 200 e 400 bilhões de estrelas. Certamente, a lei das probabilidades praticamente impede que o Homo sapiens seja a única espécie inteligente do universo.
O satélite Wise, da NASA (National Aeronautics e Space Administration, a agência espacial dos EUA), explorou cem mil galáxias (dos 170 bilhões estimados) em busca de vida, mesmo que em formas elementares. Não encontrou nenhum rastro dos ETs.
Contatos imediatos
O físico italiano Enrico Fermi postulou, na década de 1950, um famoso paradoxo que leva o seu sobrenome. O paradoxo de Fermi afirma que a não ser que só exista vida na Terra, obrigatoriamente ela deve existir em algum outro ponto da nossa galáxia, a Via Láctea.
Mesmo assim, até o momento não foi possível obter nem sequer um sinal de rádio, que, de qualquer forma, precisaria viajar por bilhões de quilômetros até que os nossos instrumentos pudessem captá-los. Em determinado cenário, os sinais poderiam chegar muito tempo depois da extinção dos ETs que tentaram entrar em contato. Uma nova teoria tenta explicar.
De acordo com Adrian Kent, astrofísico do Centro de Informação Quântica da Universidade de Cambridge (Inglaterra) e do Instituto Perímetro de Ontário (Canadá), os ETs (caso eles realmente existam) mais evoluídos estão competindo por recursos naturais que alimentem suas necessidades de energia e alimento. Eventuais conflitos bélicos podem ter ocorrido, fato que estimulou a “teoria do silêncio”: as espécies mais silenciosas, seguindo o processo de evolução natural, não estariam interessadas em fazer contato com planetas que nada lhes podem oferecer.
Na situação inversa, espécies mais “barulhentas” (como a nossa humanidade) podem atrair a cobiça de ETs violentos, que só visitariam a Terra para nos expropriar dos nossos recursos, como a água e o próprio oxigênio.
Outras possibilidades
Muitas pessoas rejeitam a existência dos ETs por questões filosóficas e religiosas. Os cientistas, no entanto, não podem se dar ao luxo de simplesmente afirmar que eles existem ou não: precisam encontrar provas – ou evidências muito robustas – e, para isto, devem contar com alguma forma objetiva de contato, mesmo que seja o avistamento de uma nave interplanetária.
A tecnologia disponível na Terra, por enquanto, é insuficiente para permitir o contato com civilizações alienígenas. Contudo, existem várias teorias que defendem o fato de não estarmos sozinhos no universo. Muitos estudiosos, por exemplo, defendem que o nosso planeta já foi visitado por ETs no passado, quando a inteligência humana não permitia o reconhecimento. Eles teriam sido tratados com deuses ou como entidades maléficas.
As civilizações mais sofisticadas do cosmos podem ter feito uma espécie de atualização de suas mentes, para sobreviver com recursos relativamente exíguos e estariam atuando apenas em um universo virtual. Pode parecer maluquice, mas para citar o exemplo brasileiro, 45% têm acesso à internet e passam a maioria das navegações nas redes sociais. Estas pessoas estão vivendo simultaneamente no plano real e no plano digital.
Uma hipótese aventada na primeira metade do século XX afirma a existência de uma espécie predatória no controle do universo, que simplesmente exterminaria as demais, quando estas atingissem determinado patamar tecnológico que poderia colocar em risco o equilíbrio do cosmos. Poucos cientistas, porém, defendem atualmente esta ideia.
Outros especialistas argumentam que ainda não fizemos contato com ETs simplesmente for falta de interesse dos vizinhos distantes. Nossa produção científica e tecnológica estaria muito aquém das conquistas já realizadas pelos alienígenas e não teria nenhuma utilidade. Eles apenas poderiam nos observar como cobaias de um experimento.
Um argumento se mantém lógico e coerente: a vida não se desenvolve de uma única maneira. Basta considerar a biodiversidade existente na Terra para verificar que a evolução levou cada uma das espécies a um patamar diferente de sobrevivência, de acordo com os recursos disponíveis.
Desta forma, podem existir algumas (ou muitas) incompatibilidades que não permitiriam o contato e a convivência com outras formas humanas. A comunicação, segundo esta linha de investigação, está seriamente comprometida.
O mais provável, entretanto, é que não estejamos sabendo como e onde procurar outras formas de vida presentes no universo, que teve início a menos de cem anos. Tecnologias que conferem chances concretas de contato começaram a ser desenvolvidas muito mais recentemente.
As viagens interplanetárias oferecem riscos sérios e seria necessário desenvolver estratégias para reduzir drasticamente o tempo dos voos. Para muitas formas de vida inteligente, aventurar-se pelo espaço apenas para conhecer os terráqueos pode ser desinteressante, desnecessário ou mesmo inviável para outras civilizações.
O grande filtro
Uma corrente científica defende que, em determinado momento da evolução, as espécies são simplesmente extintas. Uma hipótese afirma que superamos este “grande filtro” e, na verdade, o Homo sapiens seria uma exceção absurdamente excepcional, um acidente evolutivo.
De acordo com a teoria, nós seríamos a única forma de vida inteligente: estamos a sós no mundo. Uma hipótese semelhante afirma que foram necessários bilhões de anos para o surgimento da vida na Terra e para o desenvolvimento da inteligência. Isto ainda não teria ocorrido em nenhum outro canto do universo.
A hipótese mais drástica é que ainda não passamos pelo “grande filtro”. Isto significa que poderemos entrar em extinção nos próximos séculos ou milênios. Para estes especialistas, civilizações inteligentes tendem a se autodestruir, seja por causar desequilíbrios ambientais, seja por catástrofes naturais. Os ETs que poderiam fazer contato já estariam extintos há muito tempo – e a humanidade terrestre deve seguir o mesmo caminho.