Ao visitar um abrigo de cães, quase todos estão procurando filhotes. No entanto, adotar um cachorro adulto é garantia do porte do animal (um filhote sem raça definida pode atingir as proporções de um molossoide). Além disto, o cão adulto já tem a personalidade definida.
Se não tiverem problemas de saúde, os cães continuam aprendendo durante toda a vida. Além disto, um cachorro adulto já pode conhecer muitos truques, além de saber onde fazer as suas necessidades fisiológicas.
Filhotes da maioria das espécies quase sempre são apaixonantes. Eles são engraçados, vivem procurando novas aventuras. Entretanto, é preciso lembrar que, como todos os bebês, os filhotes exigem muito cuidado e atenção. Precisam ser treinados para aprender o que podem e o que não pode fazer. Precisam aprender a conviver com os humanos e respeitá-los.
Os adultos
Ao adotar um cachorro adulto, o novo dono já pôde conferir a maturidade, docilidade e outras características do animal, que pode ser manso, medroso, “grude”, gostar de brincar e passear. Com isto, é possível escolher as peculiaridades mais desejadas para o novo convívio. Dificilmente, um animal adulto altera seu comportamento sem que exista um motivo objetivo.
Para os “marinheiros de primeira viagem”, um cachorro adulto é a melhor opção. Os filhotes precisam de treinamento, muitos exercícios e, preferencialmente, de companhia constante. Além disto, até que aprendam os limites, muitos chinelos, cantos de móveis e tapetes já poderão estar danificados ou destruídos.
Ao escolher um cachorro adulto, é possível ter uma noção melhor de como se comporta o novo membro da família. Ao contrário, os filhotes são uma verdadeira caixinha de surpresas. O temperamento básico do animal já está delineado, mesmo que animais recolhidos a abrigos possam estar traumatizados pelas experiências que viveram enquanto estavam nas ruas.
Muitos preconceitos rondam a adoção de um cachorro adulto. O principal deles é a crença sem fundamento de que eles não terão condições de se adaptar a um novo ambiente, a novas pessoas. Na verdade, os cães de qualquer idade têm muita facilidade de adaptação.
O amor
Muitas pessoas acreditam que um cachorro adulto não conseguirá se adaptar à família, à casa e à rotina doméstica. Ocorre, porém, exatamente o contrário: estes animais já internalizaram algumas regras, como fazer as necessidades no quintal, em uma folha de jornal ou durante o passeio diário.
Outros imaginam que os filhotes, crescendo desde o desmame com os donos, demonstrará mais apego. No entanto, todos os cães, filhotes ou adultos, desenvolveram durante milênios a capacidade de amar os humanos. Eles são companheiros e fiéis, não importa a idade.
Ainda no quesito amor, um cachorro adulto, abandonado pelos antigos donos e recolhido pelo controle de zoonoses, tem pouco tempo para ter melhoradas as suas condições. Quando os animais são capturados pelas “carrocinhas” têm uma espécie de prazo de validade.
Caso não sejam adotados ou resgatados em determinado prazo (que varia de município para município), a solução oficial é o sacrifício ou a doação para serem usados como cobaias em pesquisas. Portanto, adotar um cachorro adulto é um gesto de amor, o impedimento de ao menos mais uma morte.
O processo da adoção de um cachorro adulto
Com a decisão de adotar um cachorro adulto tomada, é preciso tomar algumas providências. Os futuros donos devem fazer algumas visitas ao animal e, se possível, fazer alguns passeios pelas proximidades, para poder formar uma opinião mais exata da personalidade. Se houver crianças na casa, elas devem ser levadas ao abrigo, já que certos cães não se comportam bem com elas.
Com o novo cão em casa, muitos donos cometem um erro grave: na tentativa de compensar o sofrimento por que o animal passou durante o trauma na rua e no canil, a família passa a encher o cachorro de mimos, satisfazendo muitas vontades.
Qualquer um gosta de ser mimado e agradado, mas os novos proprietários precisam entender que os cães devem conhecer rapidamente as normas da casa, os horários de alimentação e passeio (os animais gostam de uma rotina bem definida, que deve ser rapidamente estabelecida). O ideal, nos primeiros dias, é não interagir muito com o cachorro.
Ele precisa se aclimatar ao novo ambiente e, como adulto, ele já sabe onde pode e não pode entrar, por exemplo. Ofereça água e ração, uma caminha (ou um cobertor velho) para que ele possa descansar. É melhor que os primeiros contatos tenham a iniciativa do cachorro.
A maioria dos animais disponíveis para adoção (inclusive gatos) já é entregue para a nova família esterilizados, vermifugados e com as vacinas básicas (em alguns pontos do país, é fornecida apenas a imunização contra a raiva). Mesmo assim, é importante que os cachorros passem por uma consulta com um veterinário, logo que sejam introduzidos na nova casa, para uma avaliação do quadro geral de saúde e, assim, garantir um convívio agradável e adequado.
Os sinais de desobediência e agressividade não devem ser tolerados em nenhuma hipótese. Rosnados e avanços devem ser castigados com voz firme e, se for o caso, com a retirada do cachorro para outro ambiente. Alguns animais, ao se deparar com pessoas novas em suas vidas, costumam testar “quem manda no pedaço”.
Um último motivo para adotar um cachorro adulto: nos canis, os criadores responsáveis fazem todo o possível para manter os filhotes em boas condições, para que se desenvolvam com saúde. Nas ruas, predomina a “lei da selva”. Sem alimento e expostos ao Sol, ao frio e à chuva, apenas os mais fortes sobrevivem. Por isto, em geral, os animais de abrigos são mais resistentes a algumas doenças.