Com a provável exceção do homem, que aprendeu a criar bichos e plantas e conseguiu se isolar em locais seguros, todos os animais têm sua importância. Na cadeia alimentar, na decomposição de restos orgânicos, na polinização das plantas, todos cumprem um papel. Com os insetos, não poderia deixar de ser diferente. Aliás, com exceção dos microrganismos, eles são a imensa maioria da população do planeta.
Estima-se que eles sejam 165 quintilhões (o número 10 seguido de 18 zeros). São 165 milhões por pessoa. Na taxonomia, a classe dos insetos está dividida em oito ordens. Como a classificação é do sueco Lineu, do início do século XVIII, há muitas divergências entre os cientistas. Seja como for, eles representam a metade de todos os seres vivos (metade dos animais da Terra) e estão divididos em 30 milhões de espécies, além das muitas ainda não catalogadas.
Muitas pessoas consideram alguns deles bastante repugnantes, como as baratas. Outras espécies, como as borboletas, têm mais sorte: seu colorido agrada e há pessoas que cultivam plantas especialmente para atraí-las. Antes de criar as belas asas (na metamorfose), no entanto, elas também provocam nojo de muita gente. São as lagartas, que podem provocar irritações. Mas todo animal precisa de mecanismos para se defender: o delas são os pelos urticantes.
Todos são necessários?
Apesar das mil e uma utilidades, a extinção de uma espécie de insetos não representaria um impacto ambiental muito forte. Como as espécies são muitas, rapidamente outra espécie ocuparia as funções dos animais desaparecidos.
O grande problema está nas alterações climáticas e na degradação do ambiente. Nestas condições, diversas espécies são exterminadas em grandes extensões de terreno e isto, sim, pode representar uma catástrofe ecológica de dimensões equivalentes ao estrago da ação humana.
Em outra situação, os insetos que habitavam determinada floresta (que deu espaço para um novo bairro) podem simplesmente se adaptar e viver junto aos humanos, o que significa muitas picadas, inflamações, desperdício de alimentos, etc.
Alguns insetos simplesmente aprenderam a viver conosco. É o caso de baratas, moscas, mosquitos e formigas. Assim, apesar de suas funções na natureza, eles acabaram de tornando pragas urbanas e podem ser exterminados sem grandes problemas para o equilíbrio ecológico.
Todos os animais que colonizam o nosso planeta (o homem incluído) fazem o máximo que podem para se manter vivos. É a Teoria da Evolução em ação: os mais aptos sobrevivem e transmitem suas características para os descendentes. Nesta luta pela sobrevivência, às vezes é necessário “atacar” alguns vizinhos mais frágeis.
Baratas
Em seus ambientes naturais, a coisa muda. As baratas, por exemplo, têm como alimento o excremento de aves, cadáveres e material orgânico em decomposição. Todas estas atividades são fundamentais para manter a “saúde” de florestas, bosques e campos, que teriam suas características bastante transformadas sem a ação destes insetos.
Moscas e mosquitos
Muitas vezes são vetores de doenças (como a malária e a dengue) e, mesmo que relativamente inofensivos, pousam em alimentos não protegidos e prejudicam a sua qualidade – tornam-nos impróprios para consumo, aceleração a deterioração ou causam pequenos males (desde que não sejam frequentes), como diarreias e constipações.
Na natureza, entretanto, as larvas das moscas e mosquitos são o principal alimento de muitas espécies de peixes: menos larvas, menos peixes para pescar e alimentar a população humana (para usar um argumento extremamente egoísta). Além disto, os animais adultos estão presentes no cardápio de muitas espécies de anfíbios, répteis e aves (e outros insetos). Seu desaparecimento impactaria negativamente uma série enorme de espécies.
Malditas formigas!
Elas são o terror dos piqueniques e muita gente já plantou uma roseira sonhando com belas flores no jardim, mas acordou apenas com uns poucos pedaços de folhas. As formigas encontram as melhores plantas, picam-nas, mascam-nas e fazem sua própria plantação subterrânea: fungos, o alimento predileto da maioria das espécies.
No entanto, como todo bom horticultor, as formigas não fogem à regra: elas sabem que é preciso revirar a terra, abrir sulcos para oxigená-la e, depois de tudo pronto, fazem a sua plantação. Elas são uteis para ventilar a terra e, apesar de pequenas, ocupam grandes extensões sob a terra. Em 2013, biólogos encheram um formigueiro com cimento, para conhecer suas dimensões e estruturas.
Foram necessárias dez toneladas de cimento para preencher todos os túneis e câmaras construídos pelos operários – um grupo de formigas especializado em “construção e reforma”: elas ficam a postos para ampliar e reparar as instalações.
Além disto, muitas espécies de formigas se alimentam de animais mortos e vivos (elas estão entre os principais predadores dos insetos). Se fossem totalmente exterminadas, as colônias destas presas se ampliariam consideravelmente.
Outras funções dos insetos
Provavelmente, a principal tarefa dos insetos alados, como vespas e abelhas, seja a polinização das plantas. Não é uma atitude planejada: eles procuram as flores para sugar néctar, suas patas ficam cheias de pólen, que fecunda a planta do próximo pouso. Alguns entomólogos afirmam que, apenas nos EUA, a polinização garante uma economia anual de US$ 19 bilhões para a agricultura. Os produtos dos insetos atingem US$ 300 bilhões anuais.
Algumas espécies têm importância médica, seja por transmitirem doenças (e, portanto, são importantes na pesquisa para a cura), seja porque apresentam propriedades farmacêuticas. Além disto, muitos insetos têm valor nutricional: até a ONU incentiva os estudos para incluir insetos (inteiros ou moídos) na dieta, como forma de combater a fome no mundo.
Em tempo: o “nojo humano” não e um privilégio dos insetos. Muitas pessoas sentem asco (às vezes, fobia) por lagartixas, sapos e rãs, mas todas estas espécies de alimentam de insetos e ajudam a controlar suas populações. As aves (que comem baratas e seus primos) e os tamanduás (formigas e cupins) gozam de maior prestígio entre a humanidade.