Atletas, frequentadores de academias e pessoas que querem aumentar a massa muscular garantem que a whey protein (a proteína do soro de leite) é um grande aliado da musculação. O suplemento fornece grandes quantidades de proteína de uma só vez – e principalmente pela promessa de resultados visíveis e rápidos.
O soro é um subproduto da indústria de laticínios, especialmente das queijarias. Desidratado (transformado em pó), ele entra na composição de biscoitos, pães, massas, sorvetes, isotônicos e, pela alta concentração de proteínas e aminoácidos sem adição de colesterol, é empregado também na nutrição esportiva, como auxiliar na redução de peso e aumento da massa magra.
Normalmente, o produto é consumido depois de uma atividade física de força: a proteína, qualquer que seja a fonte, é essencial para regenerar músculos estressados por séries de exercícios intensos, contribuindo também para aumentar a massa magra – em outras palavras, a whey protein deixa a pessoa “mais forte”.
O suplemento também pode ser ingerido pela manhã, depois de várias horas em que o organismo não recebeu alimentação. O horário é indicado principalmente para quem precisa emagrecer (sem perder massa magra) e queimar a gordura armazenada no organismo.
Os tipos de whey protein
O whey protein é um suplemento composto basicamente por soro de leite (a parte líquida da bebida), além de carboidratos e gordura. O produto é encontrado na forma de pó (para o preparo de shakes proteicos) ou em barrinhas de cereais, em diferentes composições.
A whey protein concentrada (o produto mais barato encontrado nas lojas especializadas) é o tipo que apresenta maior concentração de carboidrato, gordura e proteína (80% do total).
O whey isolado possui mais de 90% de proteína; algumas marcas deste tipo são livres de carboidratos e gordura; por isto, são indicados para quem está submetido a uma dieta de redução calórica, seja para emagrecer, seja para definir.
O tipo hidrolisado é mais refinado (hidrólise é um processo de quebra das cadeias proteicas em fragmentos menores): as proteínas presentes no suplemento são formadas por moléculas menores, o que permite uma absorção mais rápida pelo organismo humano.
Alguns produtos rotulados como whey protein são formulados com proteína obtida da carne e da soja. Este último é bem-vindo para veganos e muito útil para quem sofre com intolerância à lactose.
Os benefícios da whey protein
A whey protein promove maior retenção de nitrogênio no organismo, um fator de desenvolvimento muscular. O suplemento possui efeito antioxidante, fortalece o sistema imunológico e combate os sintomas de overtraining.
A rápida absorção da whey protein contribui fortemente para a hipertrofia da musculatura. Depois de um treino intenso, os músculos estão mais receptivos à absorção de nutrientes, garantindo um ambiente anabólico, já que o suplemento favorece a síntese proteica.
Divergências
Muitos especialistas – nutricionistas, endocrinologistas e educadores físicos – afirmam que a whey protein é desnecessária, ao menos para quem não faz parte do universo dos esportes de alto rendimento, como os atletas profissionais, por exemplo.
Estudos indicam que não necessitamos de tanta proteína quanto a propaganda nos faz acreditar. Uma pessoa normal precisa de 1 a 1,2 gramas de proteína por quilo do peso corporal total (por este cálculo, uma pessoa de 70 quilos precisa de 70 a 84 gramas diárias do nutriente). Um o organismo de um esportista demanda uma quantia um pouco maior? De 1,2 a 1,4 gramas (o equivalente a 84 e 98 gramas por dia).
Esta quantidade pode ser obtida com a ingestão de dois filés de frango grelhados, cem gramas de queijo minas e dois ovos cozidos.
Os defensores da whey protein rebatem a afirmação: chegar ao fim do dia consumindo a quantidade recomendada em pequenas doses não é uma maneira eficiente para aumentar a massa muscular. Além de atingir a cota, obter uma dose do nutriente de uma só vez permite que a proteína seja absorvida muito mais rapidamente.
O valor biológico também é apresentado como diferencial que recomenda o uso do produto: a whey protein possui VB 100, superior ao encontrado em carnes brancas e vermelhas, leite, queijo e ovos. Outro fator importante é a alta concentração de glutamina e de BCAA.
Para o Grupo de Pesquisa em Metabolismo do Exercício da Universidade McMaster, de Hamilton, Canadá, a alimentação balanceada é capaz de sustentar a massa muscular (e, em alguns casos, promover o seu aumento). Mas os suplementos devem ser considerados, por serem uma forma mais fácil e mais eficaz de suprir a demanda diária. A quantidade máxima fica entre 25 e 30 gramas: o corpo não é capaz de absorver mais do que isto.
A whey protein favorece a formação de massa magra e melhora o desempenho em exercícios físicos em todas as faixas etárias. No entanto, não existem estudos de longo prazo sobre o consumo. Sabe-se que o alto consumo de proteínas prejudica o funcionamento dos rins e pode lesionar estes órgãos, especialmente no caso de portadores de doenças renais graves (ou com histórico familiar). O uso do suplemento, portanto, precisa ser feito sob orientação médica.
A whey protein, no entanto, pode ser adquirida e consumida facilmente por qualquer pessoa. Muitos indivíduos tomam o suplemento por conta própria ou aconselhados por amigos, sem qualquer avaliação sobre as condições de saúde.
Outro problema é a formulação de cada produto. Em março de 2014, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – avaliou 26 lotes de whey protein e reprovou 19 deles, por não cumprirem uma regra básica da agência: eles extrapolaram em mais de 20%, para mais ou para menos, os teores dos ingredientes apresentados nos rótulos (o principal problema encontrado foi a quantidade de carboidratos, muito maior do que a informada nas embalagens). Apenas uma marca obteve resultados satisfatórios: a 100% Pure Whey, da Probiótica Laboratórios. Os demais estão passando por novos testes.