A informação acima ainda não merece comemoração, apesar de ter revertido uma tendência de alta nos dois anos anteriores. As causas mais prováveis são os efeitos da crise econômica nos EUA e Europa, que, juntos, promoveram as piores guerras mais recentes, no Iraque e Afeganistão. A redução das tropas e os cortes com gastos militares reduziram as investidas bélicas. De qualquer forma, o planeta está longe de ser seguro: diversas entidades internacionais relacionam os países mais perigosos do mundo.
Somália (noroeste da África)
Em primeiro lugar ficou a Somália. O país recebeu nota máxima em quase todos os critérios analisados pelo Instituto de Economia e Paz: fácil acesso a armas, terror político (governo ditatorial combatido por forças rebeldes) e problemas com países vizinhos.
Nos últimos dez anos, cerca de 10% da população fugiu do país. De acordo com a Organização das Nações Unidas, a Somália tem os piores desastres humanitários do mundo (fome, desnutrição, desemprego, etc.).
Afeganistão (centro-oeste da Ásia)
Os americanos e seus aliados invadiram o país em outubro de 2001, menos de um mês depois dos atentados de 11 de Setembro. Os objetivos eram capturar Osama Bin Laden, enfraquecer a rede terrorista liderada por ele, a Al Qaeda, retirar os talibãs (muçulmanos fundamentalistas) do poder e restabelecer a ordem interna.
Bin Laden foi encontrado e morto no país vizinho, o Paquistão, e a guerra se arrasta até hoje. O Afeganistão recebeu nota máxima em acesso a armas e nota 3 em conflitos com os vizinhos (numa escala de 1 a 5).
Sudão (noroeste da África)
Mais de 10% da população estão refugiados em países vizinhos; eles se exilaram durante a guerra civil que dividiu o país. Acesso a armas e terrorismo político, em função da instabilidade das instituições do país, alcançaram nota máxima, enquanto conflitos com vizinhos mereceu um 4.
No entanto, o país está classificado abaixo do Afeganistão porque, graças à criação do Sudão do Sul, as condições humanitárias da região estão apresentando melhoras.
Iraque (centro-oeste da Ásia)
As forças americanas chegaram em 2003 ao país, para depor o ditador Saddam Hussein, acusado de desenvolver armas químicas e biológicas. Nada semelhante foi encontrado, mas o líder foi capturado e morto. Hussein, que fazia parte da minoria sunita, governava o país com mão de ferro, impondo limites para as ações dos xiitas (maioria religiosa da população) e tendo promovido algumas chacinas contra os curdos, povo nômade que habita o norte do país.
Em 2011, os EUA se retiraram do Iraque, provocando uma onda de violência entre os grupos que tentam controlar o poder. Notas: acesso a armas: 4,5; terror político: 4,5.
República Democrática do Congo (centro-oeste da África)
A colonização da região pelos belgas foi considerada uma das mais violentas do mundo e reflete-se nas instituições políticas do país. Os países europeus partilharam a África a partir de acidentes geográficos naturais, como rios e montanhas, sem levar em conta a distribuição das etnias.
O acesso a armas é tão fácil que até crianças conseguem comprá-las, e às vezes são presenteadas por milícias que combatem o governo e brigam entre si. E os problemas com países vizinhos são considerados ainda piores.
Rússia (leste da Europa/ centro-norte da Ásia)
O fácil acesso a armas foi o principal motivo para a inclusão da Rússia na lista. O país é um paraíso para o contrabando de armas de qualquer poder de fogo, que também circulam com quase nenhuma fiscalização no território.
Conflitos separatistas ligados a grupos islâmicos, reprimidos durante a fase comunista do país também tornam a região instável, sujeita a atentados. Crianças já foram feitas reféns.
Coreia do Norte (leste da Ásia)
Recentemente, o país realizou testes balísticos com mísseis de longo alcance, que podem estar armados com artefatos nucleares, capazes de atingir o vizinho Japão e até a costa oeste americana. O país obteve nota máxima em terror político.
A ditadura norte-coreana é considerada uma das mais rígidas do país, isolando seus cidadãos de influências externas (com a possível exceção da China).
República Centro-Africana
O crime organizado atinge nota 5, levando terror à população civil e gerando muita corrupção no governo. O fácil acesso a armas também determinou a posição do país neste ranking: comerciantes mantêm arsenais em seus estabelecimentos, para tentar se defender dos ataques constantes.
A instabilidade política e o desemprego também caracterizam este pequeno e pobre país, que já se autodeclarou império nos anos 1970, quando o presidente Jean Bedel Bokassa decidiu-se tornar soberano absoluto.
Israel (Oriente Médio)
Apesar de ser uma democracia estável na política interna, Israel tem sérios problemas com vizinhos, como a Síria e Autoridade Nacional Palestina. Tecnicamente, o país também está em guerra com a Jordânia.
No quesito demonstrações violentas (o círculo vicioso de atentados palestinos e de grupos extremistas islâmicos, seguidos de incursões violentas, por parte dos israelenses, em territórios sírios e libaneses), Israel recebeu nota 3. A nota de problemas com vizinhos é mais alta: 4.
Paquistão (Centro-Oeste da Ásia)
O país ficou em décimo lugar. A nota mais alta foi 5, em terror político, em função dos intermináveis conflitos entre diversos grupos étnicos que formam a população.
Além disto, o país recebeu nota 4 em problemas com os vizinhos. O país está situado numa região montanhosa e as invasões são frequentes.
Segundo o Press Emblem Campaign, o Brasil é o quarto país mais violento para jornalistas. Neste ano, ocorreram sete mortes de profissionais da imprensa. A Síria, que atravessa uma sangrenta guerra civil, alcançou o topo do ranking, com 32 óbitos. Somália (também em guerra civil, 16 mortes) e México (sede de um poderoso cartel de drogas que comanda o tráfico principalmente para os EUA, dez mortes), ficaram da segunda e terceira posições.