Iniciado nos EUA em 1990, o Outubro Rosa é um movimento pela conscientização da população sobre os riscos do câncer de mama – o mais prevalente entre as mulheres no mundo todo – e a importância do diagnóstico precoce para a superação da doença. A campanha teve início com uma corrida e caminhada pelas ruas de Nova York, que chega neste ano à sua 24ª edição.
O movimento foi esboçado por Evelyn Lauder, vice-presidente de uma das maiores empresas de cosméticos do mundo (Estée Lauder), que superou o tratamento de um câncer de mama, em 1989. A empresária deu início a campanhas de prevenção e pelo diagnóstico precoce, fatores que salvaram sua vida, e também para a captação de recursos para a pesquisa contra a doença. Com o apoio de institutos de oncologia, grupos feministas e alguns políticos nova-iorquinos, o Outubro Rosa ganhou força.
Rapidamente, o Outubro Rosa se espalhou pelo mundo, com suas filipetas sobre a importância da realização regular de mamografias (a cada dois anos, a partir dos 40 anos, sempre de acordo com avaliação médica) e a distribuição das fitas rosa – o símbolo do movimento.
O Outubro Rosa no Brasil
O movimento chegou aqui tardiamente, apenas em 2002, quando um grupo de ativistas iluminou o Monumento ao Soldado Constitucionalista (O Obelisco do Parque Ibirapuera, em São Paulo). Apesar da pouca divulgação e da falta inicial de cobertura pela imprensa, o Outubro Rosa firmou-se entre os brasileiros.
Antes disto, já havia outras iniciativas, como “O Câncer de Mama no Alvo da Moda”, capitaneado pela IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, corrida e caminhada realizadas desde 1996, em diversas cidades do país para divulgar a necessidade da previsão e controle da doença.
Durante o mês de outubro, monumentos em diversas cidades recebem iluminação especial – no Brasil o Elevador Lacerda (Salvador), o Cristo Redentor (Rio de Janeiro), o Monumento às Bandeiras (São Paulo), o Jardim Botânico (Curitiba) e o Congresso nacional (Brasília), entre muitos outros, são coloridos pela cor do movimento, em uma forma de chamar a atenção dos passantes para o sério problema do câncer de mama, seus riscos e os métodos para evitar sua incidência e reduzir a mortalidade.
O “Dia Rosa” é uma comemoração individual: trata-se da data anual (ou bienal, de acordo com as orientações do ginecologista) em que a mulher deve procurar os serviços de saúde para realizar a mamografia. É importante lembrar que, no Brasil, os serviços públicos não funcionam de maneira adequada: assim, quanto mais mulheres buscarem seus direitos de saúde, mais trabalho terão as autoridades para cumprir suas obrigações.
A mamografia
Mamografia é um exame diagnóstico por imagem, cujo objetivo é avaliar o tecido mamário. Ela pode detectar nódulos nos seios, mesmo que eles ainda não sejam palpáveis, nem tenham provocado manifestações clínicas. Tumores malignos, quando descobertos precocemente, são muito mais facilmente combatíveis.
Nos EUA, por exemplo, a oferta de mamografias, mesmo sem a realização de exames clínicos, em mulheres acima de 40 anos (a cada um ou dois anos, de acordo com o histórico médico das pacientes), reduziu a mortalidade por câncer de mama em 20%.
Mesmo assim, o acompanhamento ginecológico continua sendo importante. Mamografias dão falsos negativos em 10% dos casos, já que algumas mulheres apresentam tecido denso, que mascara o câncer sob os tecidos normais. A mamografia digital oferece resultados mais efetivos.
O câncer de mama no Brasil
É o responsável por 52 mil dos novos casos registrados a cada ano (22% do total) e por mais de 12 mil mortes (dados de 2010, do Instituto Nacional do Câncer). A letalidade é bastante alta, especialmente em relação à média da população mundial: sobrevida de 61%, após cinco anos.
O motivo principal é a falta de diagnóstico precoce – oficialmente, órgãos públicos sugerem o autoexame e a mamografia a partir dos 50 anos –, mas existem outros fatores a serem superados pelo sistema de saúde brasileiro. Por força de lei, o tratamento contra tumores malignos deve ser iniciado em até 60 dias após o diagnóstico, mas o SUS (Sistema Único de Saúde) não tem estrutura para atender à demanda, nem existem políticas governamentais para superar o problema no curto prazo.
Outros problemas: o percentual de mulheres com sobrepeso vem aumentando ano a ano: 48% da população feminina adulta sofrem com o problema. Com a melhoria da renda familiar, o consumo também vem aumentando. A mesa mais farta, sedentarismo, tabagismo e abuso de álcool são fatores que aumentam os riscos.