Não se trata, porém, apenas de curiosidade, mas de comprovar fatos históricos. Encontrar algum dos túmulos mais procurados da história pode pôr fim a polêmicas entre historiadores, arqueólogos, cientistas políticos e até mesmo lideranças religiosas.
Um túmulo que poderia dirimir muitas controvérsias é o do filho de Ramsés II, provável soberano do Egito à época do êxodo dos hebreus, que teriam retornado para Canaã por volta de 1250 a.C. Moisés, líder hebreu, para pressionar o faraó a libertar o povo, contou com a ajuda de Deus, que lançou dez pragas sobre os egípcios.
A última delas foi “a morte dos primogênitos”. Toda a população da região, assim como os animais, foi atingida por esta praga. O encontro do túmulo do filho de Ramsés II, que pudesse ser datado nesta época, não seria uma comprovação do texto bíblico, mas um forte argumento para os seus defensores.
Os primeiros túmulos
Encabeça a lista dos túmulos mais procurados da história o local do enterro de Alexandre da Macedônia (356-323 a.C.), um dos poucos reis que conseguiram unificar as cidades gregas. Depois disto, o conquistador acumulou territórios na Ásia e na África em suas campanhas militares. Morreu invicto e é considerado até hoje um dos maiores estrategistas.
Depois de muitos dias de bebedeira, o jovem soberano morreu na Babilônia (Mesopotâmia), no antigo palácio de Nabucodonosor II. O corpo de Alexandre Magno foi trasladado para Alexandria. Nos séculos seguintes, a tumba foi saqueada diversas vezes. Arqueólogos já organizaram mais de cem expedições, mas nada foi encontrado até hoje.
Um dos romances mais famosos da história e o da rainha egípcia Cleópatra e do general romano Marco Antônio. A paixão teve fim quando os dois cometeram suicídio em 30 a.C., ao verem seus planos políticos arruinados pelo Senado de Roma.
Os dois amantes foram enterrados em um mausoléu em Alexandria, próximo à foz do rio Nilo. Alguns historiadores acreditam que a região tenha sido inundada pelo mar Mediterrâneo, mas, em 2009, o arqueólogo Zahi Hawass afirmou ter encontrado a tumba no Templo de Taposíris Magna. O caso ainda está em discussão.
O “Flagelo dos Deuses”, último rei dos hunos, Átila ficou conhecido na Europa como sinônimo de crueldade e rapina. O monarca guerreiro viveu de 406 a 453 e constituiu o maior império de sua época, que se estendeu do mar Negro ao centro-norte da França.
A cerimônia fúnebre de Átila, cujos restos mortais foram depositados em um caixão triplo (de ouro, prata e ferro), ocorreu em sigilo e os prisioneiros que cavaram a cova foram mortos. É provável que Átila esteja sepultado em algum lugar da Hungria.
Dividindo o mundo
Já estava tudo combinado: Portugal e Espanha, as duas potências navais do século XV, assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494, dividindo “as terras não cristãs” entre os dois reinos. Faltou apenas combinar com os países emergentes da Europa.
A Inglaterra não quis saber de ficar fora da partilha. Depois de derrotar a “Invencível Armada” espanhola, em 1588, os navios ingleses começaram a explorar com mais frequência o Novo Mundo. Um dos expoentes tanto da guerra, quando da exploração da América, foi o almirante e político Francis Drake, corsário para os britânicos, pirata para os espanhóis.
Em uma de suas incursões pelo Caribe, Drake foi acometido por uma forte disenteria e morreu. A lenda diz que ele foi sepultado no mar, próximo a Portobelo, em um caixão de ferro, trajando uma armadura de ouro cravejada de pedras preciosas. A localização exata continua sendo um mistério.
Interesse redobrado
Em 2012, um dos túmulos mais procurados da história, foi encontrado em um estacionamento na cidade de Leicester, cerca de 160 km de Londres. Ricardo III, rei da Inglaterra de 1483 a 1485, finalmente conseguiu deixar a lista de cadáveres ilustres com paradeiro desconhecido.
Outros reis, sacerdotes e guerreiros, no entanto, ainda aguardam que seus restos mortais sejam encontrados para que possam, finalmente, “descansar em paz”. É o caso, por exemplo, do imperador mongol Gêngis Khan, que conseguiu sobrepujar a Grande Muralha e conquistar a China.
O guerreiro morreu em 1227 e seus soldados e oficiais, obedeceram à sua ordem de manter a sepultura em segredo pela eternidade. O anseio de manter o sigilo foi tão grande que todos os que presenciaram o sepultamento foram esquartejados. Acredita-se que a tumba esteja na Província de Khently, no nordeste da Mongólia, mas não há pistas para que ela possa ser encontrada.
O grande compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) foi enterrado com discrição em uma cova não demarcada, sem lápide, no cemitério da Igreja de São Marx. Ao contrário do que figura em algumas obras literárias, isto não é indício de desonra, apenas um costume regional daquela época.
Tradições à parte, sem lápide, nem informações objetivas, a tumba de Mozart não foi encontrada até hoje e continua sendo um dos túmulos mais procurados da história.
Túmulos encontrados
Se alguns túmulos continuam sendo uma incógnita, procurados por cientistas e aventureiros, outros são muito bem encontrados. São as sepulturas dos milagreiros, que recebem milhares de visitas a cada mês, de peregrinos em busca de curas, empregos, casamentos, etc.
No Cemitério da Filosofia, em Santos, os crentes procuram o túmulo de Maria Mercedes Fea, uma italiana morta pelo marido em 1928, quando estava grávida de seis meses. O homicídio ficou conhecido como o “Crime da Mala”, já que o assassino decepou braços e pernas para que os restos coubessem em uma mala, para ocultar o corpo. Maria é tida como intercessora de graças.
Antoninho da Rocha Marmo (1918-1930) foi uma criança paulista de quem diziam ter poderes de vidência e profecia. O garoto teria previsto inclusive a própria morte, de tuberculose, aos 12 anos.
Atualmente, ele é considerado pela Igreja Católica como um servo de Deus, a primeira das quatro etapas do processo de canonização. O túmulo de Antoninho, no Cemitério da Consolação, em São Paulo, recebe visitas diárias. Os crentes deixam bilhetes pedindo a intercessão do “santo menino”.