O jornalista esportivo francês Claude Vorilhon, afirmou ter sido abduzido, na década de 1970, por extraterrestres, figuras a quem ele chama elohim, palavra hebraica que significa deus. De acordo com o jornalista, que se autodenomina Rael, estes ETs seriam responsáveis pela criação do mundo e de todas as formas de vida.
A seita originalmente foi denominada MADECH, sigla em francês para movimento para acolher os criadores da humanidade. Em 1976, os adeptos passaram a chamar-se raelianos. A religião afirma ter 55 mil membros, a maioria deles na França, EUA, Canadá e Suíça. Mas há raelianos em países tão diferentes como Brasil e Coreia do Sul.
Os elohim deram uma missão a Rael: construir uma embaixada para recebê-los em suas visitas à Terra. Para cumprir a tarefa, ele fundou uma religião ateísta: os raelianos. A expressão criada foi pelo próprio jornalista, apesar do paradoxo. A religião reúne um conselho de cientistas, sacerdotes e os fiéis.
As crenças
O ser humano pode atingir a imortalidade, e o primeiro passo para isto é a clonagem. Os seres se replicariam, em vez de se reproduzir, gerando cópias geneticamente idênticas de si mesmos (por esta técnica, os homens passariam a imortalidade aqui mesmo, na Terra, e, como viveriam sempre em corpos iguais, teriam eternamente as mesmas doenças e debilidades).
O primeiro clone humano foi Eva, concebida a partir de uma costela de Adão, seu marido e pai (ou matriz). Esta lenda consta do Livro da Gênese, que narra a criação da primeira mulher: Então Deus fez cair um sono pesado sobre Adão e este adormeceu. Tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar. Da costela que Deus tomou do homem, formou uma mulher e trouxe-a a Adão, que disse: esta é agora osso dos meus ossos, carne da minha carne; será chamada mulher, pois do homem foi tomada. O livro foi escrito em hebraico, usando a palavra elohim para referir-se à divindade. Portanto, para os raelianos o deus dos hebreus era um ET.
Em 1997, foi criada a empresa Clonaid (a tradução seria Ajuda para Clonar) nas Bahamas, um paraíso fiscal da América Central. A empresa, dirigida pela química Brigitte Boisselier, alega não ter vínculos com os raelianos e diz que suas técnicas se aplicam a casais estéreis, homossexuais e pacientes terminais. Em 2003, a Clonaid surpreendeu o mundo ao anunciar o nascimento do primeiro bebê humano clonado, mas nunca apresentou evidências científicas sobre o caso.
Os raelianos praticam a meditação sensual, destinada a despertar a mente e atingir o orgasmo cósmico. De acordo com os ensinamentos dos elohim, a consciência é resultado de nosso interior e do exterior: o infinitamente pequenos em nós, átomos em movimento constante, reage ao infinitamente imenso no universo: sistemas solares e galáxias. Interior e exterior são integrados com a meditação sensual.
Todos os mensageiros das grandes religiões – Buda, Confúcio, Jesus, Maomé, etc. – são mensageiros dos ETs. Jesus nasceu da união de um extraterrestre com uma “filha do homem”. Sua função foi anunciar o Apocalipse (palavra que, em grego, significa revelação). A humanidade entrou na Era do Apocalipse em 1945, ao final da Segunda Guerra, quando o homem atingiu conhecimento científico suficiente para “dominar o átomo” (a bomba atômica é baseada na fissão nuclear).
Os raelianos rejeitam a evolução das espécies. Para eles, as mutações (responsáveis pelas transformações nos seres) nada criaram de novo, são apenas a perda de um apêndice ou a duplicação de um órgão preexistente. A diversidade de formas de vida é obra dos extraterrestres, que visitam regularmente o planeta. É uma releitura do design inteligente, tentativa religiosa de conciliar ciência e Cristianismo.
Os raelianos usam o símbolo do universo cíclico. Até 1991, usavam também a suástica, substituída por uma galáxia, que representa a infinidade do tempo, em respeito a Israel e à sua religião nacional. A suástica foi usada pelos nazistas, que perseguiram os judeus de 1930 a 1945.