Os Contos das Mil e uma Noites são uma coletânea de histórias desenvolvidas pelo folclore indiano, persa e, especialmente, árabe. Eles se espalharam pelo mundo a partir de 1704, quando Antoine Galland, embaixador do rei Luís XIV na corte de Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), traduziu os textos para o francês. Não existe uma última forma definida para estes contos: mesmo nos manuscritos em árabe (os mais antigos datam do século IX), o número e o formato das histórias variam bastante.
Em comum, todos eles narram as histórias da rainha Sherazade, esposa do rei persa Xariar, da dinastia dos sassânidas. No primeiro casamento, Xariar foi traído pela mulher; todas as vezes que saía para as muitas batalhas da época, a rainha instalava um escravo no seu quarto. Advertido por conselheiros, o rei aniquilou os amantes.
Para evitar novos adultérios, casava-se a cada noite com uma jovem trazida pelo grão-vizir, uma espécie de primeiro ministro. As noivas eram invariavelmente executadas na manhã seguinte. Esta rotina macabra durou três anos, ao fim dos quais quase não havia virgens no reino. O vizir, então, teve que oferecer a sua própria filha.
Para escapar à morte, Sherazade improvisava histórias emocionantes toda vez que se recolhia ao quarto real, sempre terminando as descrições com um vínculo para uma nova aventura. Na primeira noite, a jovem pediu a presença da irmã, para se despedir. Com a autorização de Xariar, Duniazade entra na câmara conjugal e pede que a irmã conte uma história, para passar o tempo. A rainha conta a história do mercador e do gênio, mas interrompe a narrativa, alegando cansaço e prometendo continuar na manhã seguinte, momento em que o rei estaria ocupado com negócios de estado.
A curiosidade do rei salvou a vida de Sherazade por muitas noites – as mil e uma do título, com histórias religiosas, fantásticas, heroicas e eróticas. Passado este período, em que nasceram os três filhos do casal, Xariar estava arrependido de sua conduta e apaixonado pela rainha e decidiu mantê-la viva.
As histórias narradas por Sherazade foram derivadas de uma obra persa escrita no século VII. Entre as aventuras, estão “Ali Babá e os 40 Ladrões”, “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa” e “Simbad”. Os contos das mil e uma noites se tornaram um clássico da literatura mundial e muitas histórias foram adaptadas para o cinema, teatro e TV.
As mil e uma noites inspiraram Charles Perrault, os irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, escritores que adaptaram contos populares europeus e criaram contos de fadas como Cinderela, A Bela Adormecida e Branca de Neve e os Sete Anões.