Asteroides são pequenos astros rochosos metálicos, com órbita definida em torno do Sol. Eles são semelhantes aos meteoroides (que, quando entram na atmosfera terrestre, recebem o nome de meteoros e, quando atingem a superfície, são chamados de meteoritos). As dimensões dos asteroides, no entanto, são bem maiores e uma eventual colisão com a Terra provocaria sérios danos.
Os astrofísicos já encontraram 1,1 milhão destes astros (680 mil já estão catalogados 40% deles possuem diâmetro superior a um quilômetro). Ceres é o maior entre os astros conhecidos, com diâmetro de 900 km. Atualmente, é classificado como planeta anão, juntamente com Éris, Haumea, Makemake, Plutão e Caronte (estes dois últimos formam um conjunto). Estima-se que haja outro milhão de pequenos asteroides em trânsito no Sistema Solar.
Alguns asteroides descrevem órbitas irregulares e aproximam-se periodicamente da Terra, Vênus e provavelmente também de Mercúrio. Eros e Ganimedes (astros do grupo Amor) são os únicos com dimensões de mais de dez quilômetros – maiores do que o que caiu na península de Yucatán, no México, ao qual se atribui a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos.
São justamente estes asteroides sem órbita regular que provocam os boatos sobre uma colisão com a Terra que poderia provocar a extinção da maioria das espécies de animais e plantas, com o Homo sapiens incluído na relação. É mais do que provável que este choque astronômico realmente ocorra, mas milhares de séculos depois do fim das condições adequadas para a vida no planeta.
As prováveis colisões com a Terra
Os observatórios astronômicos atualmente instalados só conseguem monitorar 1% dos asteroides que se aproximam da Terra – os maiores. O astro que atingiu a cidade russa de Tchelyabinsk em 2013, por exemplo, era pequeno demais para ser detectado pelos telescópios. O acidente lançou bolas de fogo em direção à pequena cidade, com um saldo de 1.200 feridos e provocando estragos em mais de três mil edifícios.
Da mesma forma deste asteroide, milhares de outros “invisíveis” estão circulando pelas vizinhanças da Terra e podem colidir a qualquer momento. Os danos, porém, como se pode ver, são apenas locais. A questão principal não é se um asteroide vai entrar em rota de colisão com o planeta, mas quando este fenômeno irá acontecer. Para nossa sorte, não há informações sobre a aproximação de um astro de grande porte.
Falso positivo
No início de 2014, de acordo com previsões astronômicas, um asteroide de grandes dimensões (900 metros de diâmetro) deveria passar muito próximo à Terra, a uma distância pequena o suficiente para que fosse possível avistá-lo a olho nu, mas poderiam ocorrer fatos bem mais preocupantes.
O avistamento, na verdade, foi um grande mico para os cientistas: o asteroide não apareceu. Como um corpo celeste com tamanho equivalente a três campos de futebol, devidamente monitorado, poderia desaparecer? A explicação mais corrente é que houve erros de cálculo na órbita.
O astro, de paradeiro atual desconhecido, não representa risco para o planeta. Mesmo assim, o Observatório Slooh, instalado em Santiago (Chile) está tentando rastrear o astro com telescópios-robô e também apelou para o suporte de astrônomos amadores para ajudar na pesquisa dos céus. Por enquanto – e já se passaram vários meses –, o observatório não atualizou notícias sobre o asteroide desaparecido misteriosamente.
Daqui a 30 anos
A NASA identificou uma nova ameaça, que já está em rota de colisão com a Terra e deve se aproximar com perigo em fevereiro de 2040, de acordo com os cálculos dos técnicos: é o AG5 2011, que tem potencial para causar grandes estragos.
O AG5 2011 tem 150 metros de diâmetro e a probabilidade de colisão é de uma em 625. Com estas dimensões, o asteroide poderia destruir uma cidade de porte médio. O órgão americano responsável pela navegação aeroespacial está monitorando o astro desde 2013 e já estuda medidas para desviar o curso da ameaça, provavelmente com o choque de uma sonda contra o asteroide, a uma distância segura de nosso planeta.
O 1950 DA
Um dos asteroides mais comentados no momento é o 29075 1950 DA (apenas os grandes corpos celestes, visíveis a olho nu, foram batizados; os demais, identificados por instrumentos, recebem apenas uma numeração). O DA hipoteticamente está em rota de colisão com a Terra e o acidente (que pode ser fatal) ocorreria em 2880.
O asteroide foi encontrado em 1950 e possui diâmetro de 1,3 km. Sua órbita foi calculada apenas em 2002 e ele também se movimenta no espaço de maneira irregular. Potencialmente, o DA pode provocar danos graves, caso haja uma colisão.
A notícia, que aparece em todas as publicações sobre astronomia, poderia gerar grandes problemas, alterando a estrutura da civilização ou mesmo determinando seu desaparecimento. Técnicos da NASA, no entanto, calcularam que esta possibilidade é de apenas 0,025% (uma em quatro mil).
Se estas condições não se alterarem, o DA vai seguir caminhando pelo Sistema Solar, sem afetar a vida dos terráqueos. Se houver alterações, os cientistas já descobriram que este asteroide possui um movimento completado em apenas duas horas, o que torna a sua coesão bastante instável.
Imitando filmes de ficção científica, o asteroide poderia ser destruído por armas nucleares antes de se aproximar perigosamente da Terra. O procedimento teria que ser feito com alguma antecedência, para evitar que os fragmentos chegassem à superfície. Mas, por enquanto, não existem chances nem ao menos de um raspão na atmosfera.
Asteroides e mistérios
A partir de um boato genérico – um asteroide estaria se aproximando e a colisão ocorreria em 2019 – começaram a surgir previsões sobre o fim do mundo, associadas a profecias de Nostradamus (Michel de Notredame, médico e místico francês do século XVI).
O apocalipse estaria previsto em duas profecias: “a um eclipse do Sol, sucederá o mais escuro e tenebroso verão que já existiu desde a criação até a morte de Jesus Cristo; isto ocorrerá em um outubro e precipitará a Terra nas trevas eternas, fora de sua órbita” (carta ao rei Henrique II); e “quando o Sol ficar totalmente eclipsado, passará em nosso céu um novo corpo celeste – o monstro –, que será visto em pleno dia; ninguém terá provisões, em face da penúria (centúria III, quadra 17).
O místico falou de um choque que se seguiria a um eclipse. Foi o suficiente para que os catastrofistas identificassem, em um eclipse solar total a ocorrer em julho de 2019. Astrônomos ingleses identificaram o asteroide NT7 2002, de quase dois quilômetros de diâmetro, aproximando-se da Terra. Técnicos da NASA, no entanto, classificaram a possibilidade de colisão como “1” na Escala de Turim, que vai de zero a dez. o nível é considerado normal; a colisão, extremamente improvável.
Conclusão: não devemos nos prender a profecias. Se elas realmente existem, provavelmente só conseguem prever fatos próximos. O próprio Nostradamus teria acertado em previsões sobre nascimentos e mortes. Com relação aos asteroides e as colisões com a Terra, precisamos ser céticos inclusive com os cálculos astronômicos, que, como vimos, já provaram ser falhos.