Atualmente, conhecemos os contos de fadas principalmente pela obra de Walt Disney, que levou para as telas de cinema histórias criadas no fim da Idade Média, sempre muito coloridas, fascinantes e com final feliz. Mas na sua origem, estes contos não eram nada infantis: tinham elementos de sexo, violência e fome. Eram histórias contadas entre os camponeses europeus, nos momentos de lazer.
Os irmãos Grimm, Charles Perrault e Hans Christian Andersen são os responsáveis pelas versões light dos contos de fadas, mas muitas delas ainda sem o “viveram felizes para sempre”. Nos séculos XVIII e XIX, eles compilaram e deram forma literária aos textos, que antes disto eram transmitidos apenas oralmente, ganhando detalhes que variavam de região para região.
Em “Chapeuzinho Vermelho”, o lobo obriga a menina (que originalmente era uma bela jovem) a beber o sangue da avó antes de violentá-la e matá-la. O conto era usado para advertir as moças contra os ataques dos sedutores. Na França do século XVII, uma moça que perdesse a virgindade antes do casamento tinha “visto o lobo”.
“A Bela Adormecida” original conta a história de uma garota que cai num sono profundo ao ter um fio de algodão preso sob a unha. O rei da região, um homem casado, encontra a Bela Adormecida num castelo abandonado, apaixona-se e mantém relações sexuais com ela. Nove meses depois, a moça acorda com as dores do parto é dá à luz gêmeos: o Sol e a Lua.
A rainha, enciumada, determina a morte da garota e dos bastardos, mas acaba caindo na fogueira armada para a execução. O rei e a Bela Adormecida casam-se. Um final “quase” feliz. Na narração de Perrault, é um príncipe quem acorda a protagonista, mas precisa ir para a guerra, e sua mãe quase consegue matar sua nora e netos. Quando o príncipe retorna, a rainha-mãe se joga numa cova de serpentes.
Os anões da “Branca de Neve” são invenção recente: na história original, eram ladrões e devedores de impostos banidos das poucas cidades medievais europeias. A bruxa má, que em algumas versões é mãe da jovem, e não sua madrasta, perguntava ao Sol e à Lua quem era a mulher mais bela.
A bruxa má descobre Branca de Neve e oferece uma blusa. Ao vesti-la, sente-se sufocada e desmaia, mas os companheiros da floresta tiram sua roupa e ela volta a respirar. Mais uma tentativa malograda, desta vez com um pente. Por fim, a maçã envenenada. Um príncipe passa, vê a menina morta e resolve levá-la para seu castelo.
Um servo, cansado de tratar do cadáver, acabou dando um soco na sua barriga; com isto, Branca de Neve vomitou a maçã e finalmente viveu feliz para sempre. Em tempo: ela tinha apenas sete anos.