Não é preciso correr atrás de grandes definições: como o nome já diz, o treinamento funcional é uma série de exercícios que treina o corpo para realizar as funções originais, como andar, correr, agachar, empurrar, saltar e outras atividades cotidianas.
Nas primeiras séries, o esforço fica por conta do próprio corpo, que serve de resistência; na sequência das atividades, são utilizadas faixas elásticas, a bola suíça (de material elástico, com até 85 cm de diâmetro), kettlebells (bolas de ferro fundido com uma alça), cordas, hastes, cones, cabos, elásticos, fitas, halteres, barras e plataformas de equilíbrio. Os aparelhos trabalham a musculatura profunda e ajudam a prevenir lesões.
A principal característica do treinamento funcional é aliar diferentes habilidades em um único exercício. Assim, é possível trabalhar força, resistência, equilíbrio e flexibilidade de uma só vez. Não há pré-requisitos para a prática: certamente, pessoas que praticam esportes e atividades físicas se adaptam mais rapidamente, mas os sedentários – homens e mulheres de todas as idades – podem se beneficiar bastante com esta prática, que também quebra a monotonia dos exercícios repetidos, comuns nas academias. Trata-se de um conceito de atividade física mais atraente e prazerosa.
Além da tonificação muscular, o treinamento funcional envolve maior complexidade dos movimentos, o que determina alto gasto energético pelo organismo, ajudando a emagrecer e ativando todas as funções do corpo.
O treinamento funcional, quando feito com dedicação (de três a cinco vezes por semana), agrega volume e definição muscular; não é consenso entre os especialistas, mas muitos treinadores afirmam que os exercícios podem gerar a hipertrofia sonhada por homens e mulheres de forma harmônica e estética; assim, ele é um bom substituto para a musculação – a menos que o objetivo seja obter o corpo de um fisiculturista.
Uma força extra para os músculos
O fortalecimento muscular está entre os principais atrativos do treinamento funcional, que deixa o corpo definido e tonificado por completo, sem a necessidade de séries específicas para os glúteos ou o abdômen. Em comparação com a musculação, o treinamento funcional trabalha um conjunto maior de fibras, em especial, as estabilizadoras.
O sistema cardiorrespiratório também é beneficiado com o treinamento funcional, que exige velocidade na execução das tarefas propostas e longo tempo de permanência em uma mesma posição; a frequência cardíaca aumenta de acordo com a intensidade das atividades.
O treinamento funcional é definido de acordo com as especificidades do praticante. É possível, por exemplo, obter resultados semelhantes aos da musculação, sem a necessidade de sobrecarregar o corpo com pesos. O melhor, nestas séries, é que, se o objetivo é trabalhar os glúteos e pernas, os exercícios serão focados nestas áreas, mas, mesmo assim, todos os músculos são ativados, beneficiando o corpo de maneira integral.
O agachamento feito com halteres é um bom exemplo de como funciona o treinamento funcional. Ele integra braços, pernas, tronco e pelve, trabalhando todo o conjunto. Um exercício simples que fortalece e ajuda a eliminar a gordura localizada, sempre indesejada.
Treinamento funcional: De olho na postura
Maus hábitos determinam uma curvatura inadequada da coluna vertebral. É comum observar pessoas andando arcadas, sobrecarregando os ombros e a cintura escapular e todos os músculos da região: trapézio, romboide, latíssimo do dorso, peitoral e subclávio, gerando dores e desconfortos.
O treinamento funcional – em especial, os exercícios com a bola suíça – fortalece os músculos que ajudam a manter a coluna ereta e facilita a percepção da consciência corporal. Com a prática, cria-se o hábito de contrair o abdômen e alinhar quadril, ombros e pescoço. Mas o praticante deve se policiar durante todo o dia – e não apenas durante o treino – para manter a postura adequada.
As dores nas costas geralmente são causadas pela falta de força na região central do tronco (o core), que compreende os músculos lombares, pélvicos e do quadril, cuja principal função é garantir a estabilidade do corpo. Os exercícios do treinamento funcional atuam diretamente nestas áreas; as atividades básicas do treino exigem estabilidade para serem realizadas.
O agachamento unilateral (feito com apenas uma das pernas), entre outros, trabalha a coordenação motora e o equilíbrio. Os malabares também entram em cena para melhorar a coordenação e também aumentam a percepção espacial.
Uma vez que os exercícios exigem movimentos com amplitude total e isto garante o alongamento dos músculos, permitindo maior flexibilidade, bastante útil no dia a dia. As séries do treinamento funcional não são fixas (como acontece na musculação e nos exercícios aeróbicos), fator que torna a atividade mais diversificada. Isto limita bastante as desculpas sempre alegadas para permanecer no sofá, zapeando a TV com o controle remoto.
Importante: o treinamento funcional, assim como todas as demais atividades físicas, apresenta resultados mais consistentes quando aliado a uma dieta balanceada. Um educador físico e um nutricionista podem elaborar um trabalho bastante eficiente, baseado nas características de cada atleta. Vale lembrar que a sensação de bem-estar se instala já nos primeiros treinos, mas a definição e tonificação do corpo dependem da constância nas práticas.