O teatro, como o conhecemos, nasceu há mais de 2.500 na Grécia antiga, tendo sido cultivado especialmente em Atenas. As primeiras manifestações surgiram nas homenagens a Dionísio, deus da fertilidade, da vegetação e do vinho. Os festivais de celebração à divindade tinham caráter orgiástico e duravam seis dias, nos quais os participantes seguiam em procissão, usando máscaras e fantasias. Músicas líricas eram cantadas pelos ditirambos.
Com o tempo, as procissões ficaram mais sofisticadas e reuniam até 20 mil pessoas. Surgiu a figura do diretor de coro, responsável pela organização. O primeiro foi Téspis, convidado pelo tirano Pisístrato. Também dramaturgo, ele venceu o primeiro concurso dramático registrado pela história. Aparentemente, Téspis foi o responsável pela transição entre o coro cantado e o texto dialogado, por ter criado a figura do respondedor ao coro (hypócrites) e do personagem, em contraposição ao caráter coletivo das primeiras procissões.
Téspis também introduziu um segundo ator nas apresentações, que representava dois papéis secundários, usando máscaras (em grego, persona), que expressavam sentimentos diferentes, até hoje o símbolo do teatro. Phrynicus introduziu personagens femininas com a pela “A Queda de Mileto” (493 a.C.) e suas peças serviram de inspiração para a era de ouro do teatro grego.
A peça chocou a sociedade ateniense, ainda abalada pela tomada de Mileto (outra cidade-estado grega) pelos persas, que também destruiriam anos mais tarde a atual capital grega. Mas não foi considerada um sucesso. O historiador Heródoto narra que o autor foi obrigado a pagar multa de mil dracmas por ter trazido de volta uma lembrança tão trágica.
Os teatros
Os primeiros teatros gregos surgiram no século VI a.C. A palavra teatro, em grego, significa “lugar onde se vê”. Antes disto, as peças, quando se desvincularam das procissões, eram representadas nas ágoras, as grandes praças públicas onde os debates políticos eram realizados.
Os teatros eram construídos em forma de semicírculo, nas encostas dos morros e colinas, o que permitia excelente acústica. As peças eram representadas ao ar livre.
Na base, ficava uma estrutura circular para a orquestra e um altar, para sacrifícios a Dionísio. A estrutura para os atores, o cenário, inicialmente utilizado como camarim, passou progressivamente a assumir a imagem da fachada de um templo ou palácio, onde ficava o proscênio.
O auge do teatro grego
Atenas foi reconstruída no final do século V a.C. Teve início o “século de Péricles”, dirigente que refez casas, templos e órgãos públicos com impostos voluntários. No teatro, surgiram novos gêneros: a tragédia, em que um fato imprevisível – a peripécia – altera a situação e determina um final “infeliz”, e a comédia, que mescla personagens humanos e divinos.
As maiores expressões do teatro grego produziram sua obra nesta época. Ésquilo escreveu “Prometeu Acorrentado” e “Os Persas” e criou um personagem que se contrapõe ao protagonista. O coro se fixou entre quatro e oito pessoas, que faziam a ligação entre o público e os atores.
O terceiro em cena foi idealizado por Sófocles, aumentando as possibilidades de diálogo. Chegaram intactas aos nossos dias as peças “Ájax”, “Antígona”, “As Traquínias”, “Édipo Rei”, “Electra”, “Filoctetes” e “Édipo em Colono”. Estas obras são encenadas até hoje em várias partes do mundo.
O teatro grego entrou em decadência com a Guerra do Peloponeso, com a derrota de Atenas para Esparta em 404 a.C. No entanto, a influência desta manifestação cultural é visível na obra de grandes autores, como William Shakespeare e Edmond de Rostand. Até hoje, pode-se sentir a inspiração grega em todo o Ocidente.