O santo sudário é uma peça de linho, de cerca de 4m por 1m, que apresenta marcas do cadáver de um homem. As impressões no tecido são consistentes com o martírio pela crucifixão. Se é ou não autêntico, é uma polêmica.
O sudário está na Catedral de Turim, na Itália, desde o século XIV. Anteriormente, pertenceu a nobres italianos da Casa de Savoia.
Os católicos acreditam que o sudário seja o tecido que envolveu o corpo de Jesus após o martírio do Calvário. O Novo Testamento narra que um fariseu simpatizante do Cristo, José de Arimateia, comprou uma sepultura, onde o cadáver foi colocado sem nenhuma preparação além da mortalha (o sudário), pois estava começando o sabá (até hoje, os judeus guardam o sábado, conforme prescrito pelo decálogo de Moisés – Lembra-te do sábado para santificá-lo. Seis dias trabalharás, mas o sétimo dia é sábado do teu Deus –, do pôr do sol da sexta-feira ao pôr do sol de sábado). No domingo de manhã, quando algumas mulheres foram limpar o corpo, conforme a tradição, Jesus teria ressuscitado.
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Existem citações esparsas sobre o sudário durante toda a Idade Média, período em que relíquias cristãs – pertences de santos – eram abundantes. Para citar um exemplo, em Colônia, na Alemanha, há uma igreja que guarda os restos mortais dos três reis magos que visitaram o menino Jesus. O Evangelho segundo Mateus cita a viagem de uns magos que teriam ido à Palestina para conhecer o rei dos judeus. Nem três, nem reis, apenas magos que se basearam em previsões astrológicas para conhecer o novo rei. O fato teria gerado a matança dos inocentes: Herodes Ântipas ordenou a morte de todos os meninos da região com menos de dois anos.
Provavelmente isto nunca aconteceu; o evangelista queria mostrar o cumprimento de uma profecia de Jeremias sobre o advento do Messias.
As citações ficam mais numerosas no período das Cruzadas, em que os europeus lutaram sem sucesso para ocupar a Palestina. Um bispo francês, Henrique de Poitiers, denunciou o sudário como farsa e proibiu sua adoração. Em 1389, seu sucessor, Pierre d’Arcis, afirmou em carta ao papa Clemente VII, que conhecia o autor da fraude, mas Clemente ignorou o relato, proclamando a veracidade do sudário. Na verdade. Clemente foi um antipapa, em oposição a Urbano VI; a Igreja Católica estava dividida, cisão que culminou na eleição de dois papas, um em Roma, outro em Avignon.
A Igreja Católica autorizou análises científicas em 1973, quando cientistas demonstraram que a imagem impressa no tecido foi produzida com tinta. A datação por radiocarbono feita em 2002 indica que o tecido foi produzido entre 1250 e 1400, mas todos os resultados foram contestados.
Fica assim: para quem acredita, o santo sudário é a mortalha do Cristo; para quem não acredita, é apenas um pedaço de pano comum.