Equipamentos usados para processar matéria orgânica, os biodigestores impedem que boa parte dos restos animais e vegetais sejam jogados em lixões e até em rios e riachos. Urina, fezes e rejeitos de frigoríficos podem ser eliminados com o uso de bactérias anaeróbicas (microrganismos que não consomem oxigênio para produzir energia para o metabolismo), que os digerem num processo conhecimento como fermentação.
Os biodigestores, que podem ser construídos com tijolos maciços ou com fibrocimento, são compartimentos hermeticamente fechados, em que o ar é retirado depois de depositados os rejeitos. As bactérias decompõem a matéria orgânica, gerando biogás (mistura de gás metano e dióxido de carbono), usado para alimentar motores, e fertilizantes para a agricultura, mais eficazes que os produtos químicos.
Outras condições necessárias são o controle da temperatura, a oferta de nutrientes e a quantidade de água, que deve atingir entre 90% e 95% do volume total processado.
Além da obtenção destes produtos, facilmente comercializáveis, os biodigestores apresentam outros fatores benéficos:
• evitam a poluição do meio ambiente, especialmente das águas e do solo, que são bastante afetados como corpos em estado de decomposição;
• combatem o efeito estufa com a queima de gás metano, nove vezes mais prejudicial que o dióxido de carbono resultante da operação;
• reduzem os espaços destinados para tratamento de dejetos, quando comparados às antigas lagoas de decantação;
• eliminam os maus odores das fezes e urina;
• diminuem o número de moscas e outros insetos decompositores ou que usam fezes para botar seus ovos.
O biogás pode ser usado na iluminação de casas próximas ao local de produção, no aquecimento de estufas, chocadeiras e instalações para animais sensíveis ao frio, e também pode ser utilizado em substituição ao gás de cozinha (gás liquefeito de petróleo ou gás natural).
O líquido resultante da operação pode ser usado para o cultivo de microalgas, um insumo para a piscicultura.
A tecnologia dos biodigestores em escala comercial vem sendo desenvolvida há quatro décadas. Os primeiros compartimentos surgiram na Índia e China (que contava com sete milhões de biodigestores instalados ainda nos anos 1970), e chegaram rapidamente ao Brasil.
No século XIX, foi instalada uma usina para extrair o gás em Mumbai, na Índia. Durante a Segunda Guerra Mundial, eram muito comuns na Europa, por gerar um combustível alternativo.
Aqui, ainda não são aproveitados em todo o seu potencial, mas a popularização é constante, em função das vantagens financeiras e dos benefícios ao meio ambiente. A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – tem vários projetos para fomentar a instalação de biodigestores, especialmente em propriedades rurais de porte pequeno e médio.