Depois da queda do Império Romano do Ocidente, a transmissão do conhecimento na Europa ficou cada vez mais difícil, a ponto de diversas conquistas tecnológicas terem se perdido, como a construção de aquedutos e estradas. As aldeias se isolaram e superstições tornavam-se verdades absolutas.
Uma delas é o milenarismo, crença tomada de empréstimo do Livro do Apocalipse, pela qual, após o império de mil anos de Satanás, o Cristo retornaria para estabelecer seu reino. Isto fez os europeus se interessarem pela Terra Santa, nome com que designavam a Palestina. A peregrinação seria uma forma de garantir uma vaga no reino de Deus, tema importante para quem acreditava no iminente fim do mundo. O ano 1000 chegou e o mundo não terminou, mas fez os europeus acreditarem que a Palestina não devia ficar nas mãos dos muçulmanos.
Em 1095, no Concílio de Clermont, o papa Urbano II conclamou os católicos a tomar a Terra Santa. O papa dirigiu-se aos nobres franceses, mas o povo aceitou a exortação. A primeira Cruzada foi formada pelo pregador Pedro, o Eremita. Ficou conhecida como Cruzada dos Mendigos.
Em agosto de 1096, os cruzados decidiram tomar a cidade de Niceia (atual Iznik). O sultão deixou os guerreiros tomarem uma fortaleza, mas em seguida cortou as fontes de água. Em uma semana, o exército católico estava aniquilado. O restante, que decidiu marchar contra os muçulmanos, foi abatido a flechadas.
Um ano depois, um exército mais bem preparado, com 30 mil homens, obteve melhores resultados. Aliados aos bizantinos (Império Romano do Oriente), tomaram Niceia, Antioquia, Edessa e finalmente, em 1099, chegaram a Jerusalém, que ofereceu fraca resistência. O modelo feudal foi transportado para o Oriente Médio. Cada cidade tomada tornou-se um reino, apesar de Jerusalém ter se tornado o centro político. A pouca ordem da região, com população majoritariamente muçulmana, era mantida por mercenários. Europeus continuavam chegando, esperando recompensas espirituais e materiais, mas sempre desorganizados.
Ao todo, foram nove cruzadas, além da liberada por Pedro Eremita, entre 1096 e 1292. Em 1187, o sultão Saladino retomou Jerusalém, o que fez o papa Gregório VIII preparar uma nova ofensiva: a Cruzada dos Reis, com a participação de Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), Frederico Barba Ruiva (Sacro Império Romano-Germânico) e Felipe Augusto (França). Frederico morreu antes de chegar à Terra Santa e Felipe voltou para a França após muitas discussões com o rei inglês, que acabou assumindo o comando. Tomou Chipre e Acra, mas Saladino manteve o controle sobre Jerusalém, apenas permitindo a peregrinação de cristãos.
Na quarta Cruzada, os guerreiros saquearam Constantinopla, o que aumentou a distância entre católicos e ortodoxos. A pilhagem da capital do Império Romano do Oriente fez os cruzados esquecerem seu objetivo. O império foi tomado e dividido nos moldes feudais.
Os católicos ocuparam Jerusalém mais algumas vezes, por curtos períodos, até a retirada definitiva. A Terra Santa permaneceu sob controle dos muçulmanos até o século XIX, quando os ingleses dominaram a região. Em 1948, a ONU definiu a partilha da Palestina entre árabes e judeus.