A Guerra dos Cem Anos foi um confronto disputado no fim da Idade Média. Desde o século XI, França e Inglaterra disputavam o controle de territórios no norte e noroeste do atual Estado francês e de toda a Flandres. As cidades começavam a florescer e os nobres viam, nos impostos que podiam cobrar das atividades urbanas, uma importante fonte de renda.
A Inglaterra ocupou Poitou, Aquitânia, Borgonha e Normandia, cujos duques eram vassalos do rei francês. Os burgueses da Flandres, importante centro têxtil, tinham na lã inglesa sua matéria-prima, o que os inclinava a acordos com a Inglaterra, enquanto os senhores feudais da região eram aliados da França.
Em 1328, Carlos IV morreu em Paris, sem deixar herdeiros e surgiram dois candidatos à sucessão. De um lado, Felipe de Valois, primo do rei, surgia como herdeiro natural. Mas Isabel, irmã de Carlos IV, casada com Eduardo II, da Inglaterra, tinha um filho, também chamado Eduardo, para quem postulou a coroa. Os franceses evocaram a Lei Sálica, segundo a qual nenhuma mulher poderia suceder ou fazer suceder um rei. Nunca se soube ao certo o que era a Terra Sálica citada na lei, mas a pretensão de Isabel foi negada e Felipe foi sagrado rei. Eduardo invadiu Flandres e, em represália, Felipe ordenou uma série de ataques à costa inglesa. Era o início da guerra.
A Inglaterra conseguiu repelir os ataques e fortaleceu posições. Vitoriosa nas batalhas de Crécy e Calais (1346 e 1347), os ingleses dominaram a situação. Entretanto, um inimigo veio impor sérias baixas aos dois lados: a peste negra, que se abateu sobre toda a Europa.
Em 1356, os ingleses controlaram o centro da França, apoiados por nobres franceses. O auge da ofensiva inglesa foi a captura do rei João II, na batalha de Poitiers, que morreu no cativeiro oito anos depois.
Carlos V, filho de João, enfrentou oposição da nobreza e do povo. Em 1358, camponeses do norte da França se revoltaram. Inicialmente, o povo controlou a situação, mas a desorganização permitiu a retomada do controle pelos nobres, que viram a necessidade de fortalecer o rei para garantir suas posses: era preciso reprimir o povo. Carlos V reorganizou o exército e, ignorando um tratado firmado com os ingleses, recuperou vários territórios.
Teve início um período de 33 anos sem batalhas. Carlos V morreu em 1380 e foi sucedido por Carlos VI, que também sofreu oposição por parte da nobreza, especialmente o duque da Borgonha. Surgiu a cisão, que permitiu nova ofensiva inglesa. Em 1415, na batalha de Azincourt, Henrique V ocupou grande parte do território francês, inclusive Paris e, pelo Tratado de Troyes, Henrique se tornou herdeiro do trono.
Em 1422, os dois reis morreram. Pelo tratado, Henrique VI ocuparia o trono francês. O domínio inglês, porém, não era tranquilo. As populações do norte investiam sistematicamente contra as tropas. Em 1429, Joana d’Arc entra na história. A camponesa visionária conseguiu convencer o delfim Carlos a deixá-la chefiar as tropas e levantou o cerco contra Orleans. Na presença de Joana e ignorando o Tratado de Troyes, Carlos VII foi coroado. Mas a guerreira foi capturada e queimada viva em 1431.
Os franceses, no entanto, haviam recuperado o moral. Os ingleses perderam uma série de batalhas, cedendo cada vez mais terreno. O duque de Borgonha, principal aliado da Inglaterra, viu-se forçado a aliar-se ao rei francês. Em 1453, os ingleses finalmente assinaram um tratado e retiraram-se do continente, mantendo apenas o controle de Calais.