O slackline (em inglês, o termo significa “corda bamba”) é uma fita presa em dois pontos fixos, que permite ao participante andar e fazer algumas manobras. É um esporte indicado para crianças a partir de cinco anos (especialmente o waterline) e é adotado por corredores, surfistas, skatistas e escaladores como parte do treinamento.
Existem variações: waterline é o slackline sobre a água; highline, em grandes alturas (como dois prédios); no trickline, os movimentos são restritos às manobras. Há também o longline (fitas para distâncias longas, quase sempre acima de 40 metros). Na verdade, o esporte é bem democrático e seus adeptos estão sempre criando novas modalidades.
O slackline é praticado sobre uma fita de náilon estreita e flexível, com suas extremidades presas a árvores, rochas ou postes: tudo depende do cenário escolhido. O esporte, relativamente recente, é uma excelente atividade para treinar postura, equilíbrio e concentração; também é indicado para desenvolver a disciplina durante a prática de atividades físicas.
As bonificações ficam por conta do aumento do equilíbrio em todas as atividades cotidianas, da melhora da coordenação motora, da conscientização corporal e do aumento da velocidade de reação, que aumentam a cada novo treino, do relaxamento proporcionado e da liberação da mente. É preciso atenção total aos passos necessários para vencer o desafio – os praticantes garantem que o mundo desaparece nestes momentos, para só restar o corpo e a fita.
A prática regular do slackline fortalece todos os músculos do corpo, principalmente os membros inferiores e da região abdominal. O impacto do esporte sobre as articulações é baixo, por causa da elasticidade das fitas. Isto fortalece a musculatura, ao mesmo tempo em que reduz o risco do surgimento de ferimentos e lesões.
Urbe et orbi
No Brasil, especialmente nas metrópoles, o esporte pode ser observado em parques, praças e praias do Rio de Janeiro, a partir de 2010. O slackline, no entanto, nasceu bastante rural. Os primeiros aventureiros começaram a fazer suas peripécias no vale do Yosemite, localizado entre as montanhas da Sierra Nevada, na Califórnia (EUA). É a principal atração deste parque nacional, cortado por muitos cursos d’água e desfiladeiros.
Os primeiros praticantes, ainda na década de 1980, eram alpinistas fascinados pelas montanhas da região que, nas horas vagas, começaram a se distrair andando sobre as cordas de escaladas. Com o tempo, as cordas foram substituídas por fitas mais elásticas, que conferem maior firmeza aos movimentos. A “paisagem” também se tornou bem mais acessível para os mortais comuns.
No município de Aparecida de Goiânia (GO), funciona o primeiro centro de treinamento de slackline da América Latina. Inaugurado em dezembro de 2012, ele é conhecido pelos praticantes como CT GO (além da sigla do Estado, a palavra significa “vá” em inglês). Para os iniciantes, o CT oferece fitas de 15 metros de extensão, com 50 mm de comprimentos, esticadas sobre colchões, especialmente para a prática do trickline, em espaços indoor e outdoor.
Introduzindo acrobacias
Os iniciantes devem se limitar a cruzar a fita, tentando não se desequilibrar. É uma etapa de muitas quedas, joelhos e cotovelos esfolados, mas os veteranos do slackline quase sempre são amigáveis, não riem das trapalhadas e oferecem dicas para vencer o esforço. O esporte pode ser praticado por atletas de fim de semana e pelos que perseguem o alto rendimento.
Existem no mercado fitas estáticas, mais estáveis, que reduzem as oscilações. Para dar início aos treinos, elas são sensacionais. É a forma mais simples de se iniciar no esporte: com duas ou três polegadas de largura, elas garantem margem maior para correção de postura e permitem inclusive alguns saltos, logo nas primeiras tentativas. A melhor maneira, para os iniciantes, é estabelecer distâncias curtas, que permitem maior possibilidade de sucesso e servem como um estímulo para a prática. Existem fitas de apenas 12 metros.
Para quem já tem alguma experiência, fitas de uma polegada de largura oferecem níveis elevados de dificuldade: o material elástico permite combinar movimentos da ioga e do slackline, especialmente as paradas de efeito durante a trajetória. O material de trampolim é produzido com o mesmo material das camas elásticas. As fitas são mais finas e as manobras, muito mais ousadas. Mas é preciso respeitar o ritmo de corpo e mente.
Provas e competições
Alguns torneios de slackline são organizados espontaneamente em muitos locais do país. As provas mais comuns são de trickline, a 30 cm do solo. No waterline, equipamentos de segurança quase nunca são necessários, de vez que as quedas – que terminam em mergulho numa das muitas praias dos nove mil quilômetros do litoral brasileiro, além dos rios e piscinas – são sempre bem-vindas. O waterline é uma modalidade basicamente recreativa.
No longline, com distâncias mais longas, é preciso muito condicionamento físico, já que, quanto maior a extensão da fita, mais força muscular e equilíbrio são necessários. O highline é provavelmente o maior obstáculo a ser vencido. Praticado a alturas superiores a cinco metros, ele demanda o uso de equipamentos de segurança e muito conhecimento técnico sobre os sistemas de redução das oscilações. Experts no assunto garantem que ninguém chegar a esta modalidade sem ao menos seis anos de muito treinamento, exercícios físicos e, claro, manutenção da boa forma.
Em tempo: praticamente todos os grupos de praticantes de slackline com as fitas presas a árvores recorrem à proteção dos troncos e folhagens, com sistemas de velcro, por exemplo. Quase todos recomendam a prática apenas com árvores adultas e resistentes. Quem está pensando em se iniciar no esporte pode também dar uma força à proteção ambiental.