O mioma é uma doença bastante comum: 20% das mulheres em idade fértil (entre a menarca e a menopausa, mas é raro entre a população com menos de 20 anos) desenvolve este tipo de tumor. A partir dos 50 anos, o percentual sobe para 50%. Ele é mais prevalente entre as mulheres negras, as que não tomam anticoncepcionais, com excesso de peso e que nunca tiveram filhos.
O mioma (aliás, dos miomas, porque os casos de desenvolvimento de tumores múltiplos são mais frequentes) não é cancerígeno e, de acordo com estudos científicos, a probabilidade do desenvolvimento de um câncer a partir destes tumores sólidos, formados por tecido muscular, é extremamente baixa: apenas 0,05%. É o chamado leiomiossarcoma.
Existem quatro tipos de miomas: subserosos (sob o revestimento externo do útero), submucosos (abaixo do revestimento interno – é o tipo menos comum, mas o que causa mais problemas), intramurais (aderidos às paredes) e pediculados (começam a se desenvolver como o tipo subseroso e destacam-se parcialmente do órgão, ficando presos a ele por uma porção de tecido chamada pedículo).
Causas do mioma
As causas dos miomas ainda são desconhecidas, mas é quase certo que elas estejam relacionadas ao estrogênio e há evidências de que uma parcela das pacientes seja sensível também à ação da progesterona. Com a queda da produção destes hormônios, por volta dos 40 anos, os miomas têm o crescimento reduzido e, na menopausa, param totalmente de se expandir e podem inclusive desaparecer.
Manter o peso adequado, adotar uma dieta balanceada, praticar exercícios físicos (que ajudam a reduzir os níveis de estrogênio), não fumar e consultar regularmente o médico são providências que diminuem as chances de desenvolvimento dos miomas.
Durante a gravidez, os miomas tendem a crescer aceleradamente, por causa do aumento da produção hormonal, mas geralmente retomam o tamanho anterior após o parto. Os miomas podem causar abortos, partos prematuros e sangramentos intensos após o nascimento do bebê. Existem também casos em que a paciente tem dificuldade para engravidar por causa dos tumores, que podem alterar o útero ou bloquear as tubas uterinas, dificultando a passagem dos espermatozoides.
Os tumores podem ser microscópicos, mas alguns chegam apesar dois ou três quilos, ocupando e expandindo todo o útero. Algumas mulheres têm o abdômen expandido em função do problema: a aparência pode se assemelhar à de uma grávida de cinco ou seis meses.
Sintomas do mioma
A maioria dos miomas é assintomática e muitas mulheres só descobrem o problema durante um exame ginecológicos. Algumas, no entanto, podem ter o período menstrual prolongado e o fluxo de sangue aumentado. Sangramentos em outros períodos do ciclo, às vezes com coágulos também indicam o desenvolvimento dos tumores. Nestes casos, pode-se instalar uma anemia, prejudicando o funcionamento do organismo.
Outros sinais são dores durante as relações sexuais, aumento das cólicas menstruais, sensação de pressão na bexiga, prisão de ventre e retenção de gases e aumento do volume abdominal. Algumas mulheres chegam a pensar que estão grávidas ou mesmo um ganho excessivo de peso.
É importante lembrar que a cólica pode estar relacionada a outros problemas, como pólipos, cistos, infecções, feridas no útero, endometriose e mesmo neoplasias. Caso a intensidade da dor não se reduzir com medicamentos, é preciso consultar um médico.
Diagnóstico do mioma
Os miomas podem ser identificados pelo toque vaginal – um exame de rotina –, especialmente em mulheres com histórico familiar do problema. No entanto, quando eles são muito pequenos, exames de imagem (como ultrassonografia e ressonância magnética) são úteis para o diagnóstico.
Para excluir a possibilidade de câncer, em alguns casos são feitas biópsias da mucosa uterina ou laparoscopia.
Tratamento do mioma
O ginecologista irá definir o tratamento a ser feito de acordo com uma série de fatores: idade da paciente, quadro geral de saúde, tipo do tumor e intensidade dos sintomas. É preciso avaliar também se a mulher está grávida ou pretende ter filhos no futuro. Algumas mulheres não necessitam de nenhum tratamento específico, apenas o acompanhamento médico é suficiente.
Em geral, as pacientes precisam ser monitoradas regularmente, para checar o crescimento. Os exames de imagem dão bons subsídios ao médico. O tratamento pode englobar a ministração de anti-inflamatórios não esteroides (como o ibuprofeno, para aliviar as dores e desconfortos), pílula anticoncepcional (que reduz o fluxo), implantação de DIU (dispositivo intrauterino, para estimular a liberação de progestina, hormônio que controla o fluxo).
Injeções de hormônios, no curto prazo, são úteis para reduzir o tamanho dos miomas. Para prevenir ou tratar a anemia, são indicados suplementos de ferro.
Casos mais graves podem exigir uma cirurgia. São vários os procedimentos, de acordo com as condições. A embolização arterial uterina interrompe o fluxo de sangue do útero para os tumores, provocando necrose dos miomas e redução ou mesmo desaparecimento.
A ressecção histeroscópica dos miomas é um procedimento ambulatorial, sem necessidade de internação da paciente. É indicado para os casos em que os tumores crescem dentro do útero, sem se espalhar pelas tubas.
Na miomectomia, são extraídos apenas os tumores e, por isto, este é o procedimento mais indicado para mulheres que querem ter filhos, já que preserva as funções reprodutivas. O acompanhamento deve ser constante, porque os miomas podem ressurgir após a cirurgia.
O tratamento mais invasivo é a histerectomia – a retirada total do útero e, em alguns casos, também dos ovários e trompas. Esta cirurgia só é adotada em mulheres que permaneceram com os miomas se desenvolvendo sem procurar atendimento médico, quando os sintomas se intensificam a ponto de prejudicar a qualidade de vida ou quando os outros tratamentos não surtirem efeitos.