O vírus do papiloma humano (HPV, do inglês human papilomavirus) infecta a pele e as mucosas (o papiloma é um tipo de tumor benigno que afeta as células epiteliais) e cientistas já encontraram 200 subtipos. Vírus são seres extremamente simples – nem chegam a desenvolver o DNA – e, por isto, as mutações são muito frequentes, fato que não ocorre com animais e plantas, por exemplo.
A maioria dos subtipos do HPV provoca lesões benignas, como verrugas, especialmente na região genital, conhecidas popularmente como crista de galo, cavalo de crista ou figueira, mas certas mutações são frequentemente encontradas em determinadas neoplasias, como o câncer de colo do útero (o segundo tumor maligno mais comum no Brasil: mais de 18 mil casos anuais, que resultam em 4.800 vítimas fatais) e de ânus (bem mais raro, representando entre 2% e 4% dos casos de tumores que acometem o intestino grosso). Os dados são do INCA – Instituto Nacional do Câncer.
As causas do HPV
Estudos indicam que metade da população mundial adulta (homens e mulheres) seja portadora do HPV. O vírus é transmitido durante as relações sexuais: é a doença sexualmente transmissível mais comum. O HPV também sobrevive por períodos prolongados em superfícies frias e, por isto, é preciso cuidado com balneários e sanitários públicos. Ainda não se sabe quanto tempo ele permanece inativo no organismo, mas mesmo nesta fase, em que não há sintomas, o portador pode infectar seus parceiros sexuais.
No entanto, quando as verrugas se tornam visíveis, o risco é bem maior e, portanto, a abstinência sexual precisa ser adotada. A camisinha geralmente previne contra a transmissão do HPV (a menos que as lesões tenham se espalhado pela virilha e o púbis), que também pode ocorrer durante o parto, da mãe para o bebê. Nestes casos, a cesariana é indicada.
Os sintomas do HPV
Apesar de haver raros pacientes considerados passivos – isto é, que não apresentam nenhum sintoma, ou em que os problemas são microscópicos – e de haver um período assintomático, a imensa maioria desenvolve verrugas. Nos homens, elas surgem na glande (a cabeça do pênis) e no ânus, mesmo entre os heterossexuais.
Nas mulheres, as lesões surgem na vulva, vagina, região anal e no colo do útero (a porção mais baixa do órgão; neste caso, a infecção é invisível a olho nu). Todos os infectados podem apresentar os mesmos sintomas na boca e na garganta, pela prática de sexo oral. Mas, mesmo sem relação vaginal ou anal, uma vez que as verrugas apareçam, elas se espalharão também pela região genital e, sem tratamento, por todo o corpo. Assim, adolescentes nas primeiras experiências, ainda virgens, podem se infectar.
O tratamento do HPV
Toda pessoa sexualmente ativa precisa de acompanhamento. Ao iniciar a vida sexual, os rapazes precisam consultar um urologista (ou andrologista). As mulheres têm de se submeter anualmente ao exame ginecológico de citologia cervical, mais conhecido como Papanicolau: é a coleta de células epiteliais do colo uterino com uma espátula para análise laboratorial, para diagnóstico de diversas doenças. Em grupos de baixo risco, como mulheres monogâmicas (casadas com homens também monogâmicos, já avaliados clinicamente), a frequência do exame pode ser mais espaçada, a cada três anos, por exemplo. O câncer de colo uterino, quando diagnosticado precocemente, é curável em praticamente 100% dos casos.
Uma vez detectadas as verrugas, o médico definirá o tratamento de acordo com o tipo e extensão das lesões. As células doentes e parte do epitélio subjacente podem ser retiradas com um procedimento cirúrgico (inclusive a laser). Casos mais leves são tratados com medicamentos imunomoduladores, como o interferon, que aumentam a resistência do organismo contra microrganismos.
A prevenção do HPV
Foram desenvolvidas duas vacinas contra o HPV e, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) estará obrigado por lei, a partir de 2014, a aplicá-las em meninas de 10 e 11 anos, antes do início da vida sexual (ao menos em tese). O Ministério da Saúde pretende imunizar 80% do público alvo, 3,3 milhões de pessoas. Os pais devem ficar atentos, porque a vacina é administrada em três doses.
A população jovem e adulta precisa se prevenir com preservativos e, a qualquer sinal da doença, consultar o médico. É importante lembrar que a vacina não imuniza contra todos os subtipos, apesar de neutralizar os quatro vírus mais relacionados com as neoplasias, e assim lesões benignas podem surgir, causadas por outras variações do HPV.