A cultura inclui a moral, as crenças, a arte, o conhecimento, as leis e costumes. Todos os hábitos e atitudes desenvolvidos ou adquiridos pelo homem como ser gregário fazem parte da cultura. O termo também é associado ao cultivo agrícola (a palavra foi criada com este sentido pelos romanos) e às grandes expressões técnicas ou artísticas. Assim, cultura está sempre vinculada a um prefixo (como em ranicultura e piscicultura, criações de rãs e peixes) ou a um adjetivo (como em cultura popular, para se referir às manifestações regionais ou locais, como a Folia de Reis, o Carnaval e o Bumba meu Boi).
A partir do século XVIII, cultura foi relacionada à civilização. Por isto, o termo muitas vezes é confundido com educação, bons costumes, etiqueta, desenvolvimento e hábitos da elite, que devem ser copiados pelas classes inferiores. Este conceito existe apenas no Ocidente: os orientais entendem a cultura como a soma do aprendizado humano durante toda a história, transmitido de geração para geração.
Em Antropologia, a cultura é entendida como o conjunto de todos os comportamentos artificiais – não encontrados na natureza – adotados pelos homens. É a herança comum da humanidade. Alguns antropólogos afirmam que cultura é o estágio social anterior à construção do Estado, ou seja, a criação de um poder central, inicialmente fundido com o poder religioso.
A capacidade de abstração é uma característica da cultura: os elementos culturais só existem subjetivamente, na mente dos indivíduos, na forma de símbolos e mitos. Quando ela se torna tangível, na forma de arte, escrita e até ferramentas de trabalho, é apenas a representação material da simbologia.
A cultura é um mecanismo adaptativo bem mais rápido do que a evolução biológica. O homem, vivendo em sociedade há milhares de anos, desenvolveu-se muito mais rapidamente do que se tivesse se mantido isolado da floresta. O desenvolvimento da inteligência permitiu um acúmulo incomparável de informações e técnicas, o que provoca um efeito dominó: o aprendizado desenvolve-se em progressão geométrica.
No entanto, a cultura não é uma característica específica do Homo sapiens: estudos de etologistas (estudiosos do comportamento animal) indicam que os primatas superiores – gorilas, chimpanzés, bonobos e orangotangos – desenvolveram vocabulário restrito, hierarquia, ferramentas e até algumas atividades menos nobres, como a prostituição (algumas fêmeas trocam sexo por alimento) e a arte da guerra: bandos se organizam para ocupar territórios de caça e coleta de outros animais. Eles transmitem os conhecimentos para os filhotes.
Entre os golfinhos, foi identificado um espécime que aprendeu a “caminhar” sobre um trecho de praia. Um ano depois, vários espécimes faziam o mesmo, sinal de que houve transmissão de conhecimento e, como a conduta não gera qualquer benefício objetivo, concluiu-se que eles estão apenas brincando: inventaram um jogo para de distrair.
Num zoológico japonês, um macaco aprendeu a lavar as frutas em água corrente, para livrar-se dos grãos de areia grudados no alimento. Em pouco tempo, todos os seus colegas de jaula exibiam o mesmo comportamento. A evolução não para, torna-se mais veloz quando acontece em grupos, e a cultura a acompanha passo a passo.