O autismo é uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, prejudicando seu comportamento, sua capacidade de relacionar-se e de responder adequadamente ao ambiente e aos estímulos. Mais recentemente, cunhou-se o termo transtorno do espectro autista, que engloba a síndrome de Asperger, o autismo e os transtornos globais de desenvolvimento.
Algumas crianças autistas apresentam inteligência e fala adequadas para a idade, enquanto outras têm sérios problemas no desenvolvimento da linguagem. Com relação à conduta, alguns pacientes parecem distantes e isolados, enquanto outros desenvolvem padrões rígidos e repetitivos. O diagnóstico do autismo pode ser obtido antes dos dois anos de idade. Pais de filhos autistas devem procurar programas de apoio antes do início da vida escolar.
Portadores da síndrome de Asperger não apresentam problemas no desenvolvimento intelectual, mas apresentam todas as outras dificuldades relativas ao autismo. Os problemas de relacionamento nestes indivíduos são acentuadamente anormais.
Em muitos casos, é difícil identificar se existe ou não um déficit intelectivo, em função do isolamento a que a criança se prende. Num teste, é frequente a dúvida sobre se a criança não sabe responder ou se simplesmente não encontra elementos para verbalizar a resposta. A ludoterapia (psicoterapia vivencial que envolve brinquedos e desenhos) é muito útil na avaliação do paciente.
Parte dos adultos autistas consegue obter sucesso profissional, mas a maioria enfrenta sérios problemas, em função das imensas dificuldades de sociabilização. É preciso encorajamento, estímulo e apoio moral constantes para garantir a qualidade de vida, sempre incentivando a independência nas atividades do dia a dia.
Em 2010, a Organização das Nações Unidas declarou que 70 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com o autismo. Nos EUA, a desordem afeta uma em cada 110 crianças; um estudo piloto no Brasil, realizado em Atibaia (SP), indicou que menos crianças são autistas: uma entre 368. Outras pesquisas estão sendo realizadas.
As causas
A palavra autismo foi criada em 1911, para definir alguns sintomas da esquizofrenia, classificados como fuga da realidade. O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, por um médico da Universidade de Johns Hopkins. Nas décadas seguintes, difundiu-se que a causa primordial era a indiferença da mãe, tese que caiu por terra nos anos 1970.
Hoje, sabe-se que o autismo é devido a causas genéticas e também a fatores ambientais: a contaminação por metais pesados, como chumbo e mercúrio durante a gravidez, está definitivamente associada ao transtorno. O uso de drogas pela mãe também está relacionado.
Existem estudos que indicam a possibilidade que alterações comportamentais nos três primeiros anos de vida são a causa do autismo, mas a maioria dos pesquisadores concorda em que as causas são orgânicas. O autismo ainda não é um transtorno bem definido.
Os sintomas
Os portadores do transtorno autista apresentam dificuldade de comunicação, de contato visual (nunca olham nos olhos do interlocutor), aparente insensibilidade à dor, modos arredios, tendência ao isolamento, permanência por longos períodos observando determinado objeto ou executando movimentos repetitivos ou inadequados (rodopiando um carrinho em vez de empurrá-lo, por exemplo).
Autistas resistem a alterações na sua rotina, não têm medo de situações de risco (por exemplo, entram num lugar desconhecido sem usar o pai ou mãe como referência), ficam fixos em determinada posição, respondem mal às técnicas pedagógicas tradicionais, são arredios e costumam recusar colo e carinho (mesmo bebês).
Explosões de raiva sem motivo, recusa a determinados exercícios ou jogos, dificuldade em expressar as necessidades, problemas de coordenação motora, desorganização sensorial (hipersensibilidade auditiva, por exemplo), repetição de palavras e frases em lugar do diálogo, hiperatividade ou inatividade em excesso, são outras características do autismo.
Nem todos os autistas apresentam todos estes sinais, que variam de intensidade em cada caso. É comum também que as condutas inadequadas estejam relacionadas a determinados locais e situações.
Mitos sobre o autismo
Muitas pessoas acreditam que o autista vive num mundo próprio, estabelecendo relações e atividades com seres imaginários, mas sabe-se que a criança que sofre o transtorno, isolada num canto enquanto outras crianças brincam, não está desinteressada nas atividades: apenas não tem instrumentos para iniciar, manter e encerrar a tarefa lúdica. Em outras palavras, ela não sabe como participar.
Alguns cientistas desenvolveram a expressão cegueira da mente, que indica a impossibilidade de penetrar e entender os pensamentos e sentimentos dos outros.
Outra ideia comum no imaginário popular é que o autista é portador de deficiência mental. Apesar de isto ocorrer em alguns casos, trata-se de uma intercorrência clínica (dois problemas médicos simultâneos). Durante muito tempo, efetivamente, os autistas foram negligenciados, em função de suas dificuldades. As famílias, sem conhecimento para lidar com a criança, mantinham-na isoladas, potencializando o transtorno, e as escolas não contavam com profissionais qualificados para atender as necessidades especiais.
Cura para o autismo?
Em 2010, pela primeira vez, a ciência falou em cura para o autismo. Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA), que incluía dois brasileiros, conseguiu estimular um neurônio autista. O estudo baseou-se na síndrome de Rett (um tipo de autismo com causas genéticas, em que os pacientes apresentam maior comprometimento da inteligência).
Dois de Abril é o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo.