A alquimia é a tentativa de manipular substâncias para obter remédios milagrosos, obter materiais preciosos, conseguir favores sexuais e outros objetivos mais ou menos nobres. Neste sentido, foi praticada por todos os povos, desde que o homem começou a transformar os objetos da natureza: galho em lança, pedra em martelo, etc.
As bases principais da alquimia remetem à Alexandria do século III. Seus postulados encontram-se no livro “Tábua Esmeraldina”, um dos 42 livros atribuídos a Hermes Trimegisto, muito citado pelos alquimistas dos séculos XVI a XVIII. Hermes Trimegisto (significa “três vezes grande”) é identificado com o deus egípcio Tot e o grego Hermes, ambos relacionados com a inteligência e poder intelectual. Os preceitos são metafísicos e bastante complexos, o que deu origem ao termo hermético: acessível apenas a poucas pessoas.
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Em função das restrições da Igreja Católica às atividades dos alquimistas, eles passaram a se isolar e formar seitas fechadas. Como o uso do enxofre era comum nas experiências, o cheiro deste elemento químico passou a ser associado ao Diabo e ao Inferno.
Com o fortalecimento dos Estados europeus e consequente decadência do poder da Igreja na Idade Moderna, a alquimia se popularizou, mas sempre se caracterizou pelo mistério. Registros de experiências eram escritos em linguagem simbólica, que apenas o mestre e seus discípulos conheciam.
Os alquimistas europeus perseguiam vários objetivos, mas havia quatro que praticamente todos tinham em comum: produzir o elixir da vida, que daria saúde e vida longa a quem o tomasse, transmutar metais em ouro (estas duas metas seriam obtidas com a obtenção da pedra filosofal, o “lápis philosoforum”), criar vida artificial e enriquecer os reis. O último objetivo está claramente relacionado à garantia de financiamento das experiências pelos soberanos e nobres da época.
Alguns filósofos interpretam os objetivos da alquimia como metáforas: obter ouro equivaleria a atingir a sabedoria, o elixir da vida seria a conquista da vida imortal. No entanto, manuais da época “ensinam” claramente como se deve agir para conseguir a transmutação concreta; as teorias filosóficas seriam apenas uma relativização, para favorecer as “descobertas” das sociedades místicas do século XIX, como a antroposofia.
Apesar de não ter validade científica, historiadores reconhecem que a alquimia desenvolveu técnicas que impulsionaram o estudo da Química. Com o avanço das descobertas científicas, os alquimistas foram gradualmente perdendo poder e fama, mas sobrevive até hoje: algumas organizações esotéricas afirmam que, enquanto a Química transforma a matéria, o objetivo da alquimia é transformar o homem.