Efetivamente, o processo de independência do Brasil tem início em 1808. A Europa sofria com o avanço do imperador francês Napoleão Bonaparte, que tomou boa parte dos territórios das atuais Alemanha e Itália e avançou pela península Ibérica, ocupando Espanha e, finalmente, Portugal. O general só seria barrado em 1812, quando sofreu sérias derrotas numa campanha contra a Rússia.
A família real portuguesa, amedrontada com o avanço das tropas, embarcou em navios junto com a maioria dos nobres da corte, em direção ao Brasil. A marinha da Inglaterra, único país que conseguiu resistir aos franceses, escoltou os 18 navios que transportaram a corte.
A corte chegou ao Brasil em 22 de janeiro, aportando em Salvador (BA). Dois meses depois, chegou ao Rio de Janeiro, que se tornou sede do governo. O país foi alçado à categoria de reino unido. Nesse ano, os portos brasileiros foram abertos às nações amigas; antes disto, apenas navios portugueses podiam aportar na colônia.
A revolução liberal do Porto, em 1820, determinou o regresso do casal real, João VI e Carlota Joaquina. Seu filho, Pedro de Alcântara, tornou-se regente brasileiro. As ideias liberais geraram reflexos em várias províncias, que estabeleceram representantes junto às cortes portuguesas, para fazer valer seus direitos.
Entre 1820 e 1822, houve protestos no Pará, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Maranhão.
Portugal pretendia recolonizar o Brasil, que apresentava sérias divergências: enquanto os poderosos fazendeiros do Sudeste defendiam a centralização do país, lideranças urbanas e a oligarquia do Nordeste lutavam pelo federalismo e até separatismo, fato também comum no Sul.
Grupos liberais brasileiros nunca revelaram potencial revolucionário. Coube a José Bonifácio de Andrada e Silva, cognominado “Patriarca da Independência”, exercer forte influência sobre o príncipe Pedro, que se mostrou receptivo às instâncias de permanecer no país. No final de 1821, as cortes portuguesas determinaram o fim da regência, o retorno do príncipe a Portugal e a obediência das províncias a Lisboa, não mais ao Rio de Janeiro.
Em 9 de janeiro de 1822, Pedro decidiu desobedecer às ordens e proclamou o famoso “Se é para o bem de todos, e felicidade geral da nação, digam ao povo que eu fico”. A data ficou conhecida como o Dia do Fico. Em agosto, Pedro viajou para São Paulo, para controlar uma rebelião de liberais contra José Bonifácio. No retorno ao Rio de Janeiro, recebeu carta de Portugal, exigindo sua volta. Junto com a correspondência, veio a advertência do Patriarca: “O pomo está maduro: colhe-o, senão apodrece”.
Era Sete de Setembro. Às margens do riacho Ipiranga (atual bairro da capital paulista), Pedro deu o famoso grito “Independência ou Morte”, rompendo os laços com Portugal. O quadro não foi tão bonito como o retratado pelo pintor Pedro Américo: a comitiva viajava montada em jumentos. De qualquer forma, o país tornou-se independente, o príncipe por coroado Pedro I, em dezembro de 1822.