Céticos e crentes continuam a discutir sobre a existência do monstro do lago Ness, que fica na Escócia. as descrições dos que se depararam com o animal sugerem que ele seria um plesiossauro, réptil marinho há milhões de anos, no período mesozoico. Talvez cansado com as piadas em torno do assunto, o governo escocês declarou em 2003 que o monstro não existe.
Seja como for, o primeiro registro da aparição data de 1.600 anos atrás, na “Vida de São Columbano”, biografia escrita no século VI. Columbano, um missionário irlandês, descreve como salvou um picto de ser devorado pelo monstro do lago Ness (os pictos eram um povo guerreiro que habitava as terras altas; eles rechaçaram os exércitos romanos; porta-vozes do Império descreveram sua coragem). Noutra passagem do livro, o escritor conta como matou um javali apenas com um grito, o que depõe contra sua fidedignidade, e também contra a sua saúde mental. Mas a história pegou.
Mais recentemente, em 1923 um homem afirmou ter avistado uma criatura de mais três metros, com o dorso arqueado, nadando no lago. O primeiro registro visual foi feito dez anos mais tarde, pelo jornal Inverness Courier. Conta que um casal viu o animal dando piruetas no ar, para novamente mergulhar nas águas escuras. O solo da região é rico em turfa, que é drenada para as águas, turvando-as. Este seria o motivo por que o animal foi avistado poucas vezes.
A notícia do jornal local causou sensação. Um circo chegou a anunciar a recompensa de 20 mil libras para quem capturasse o monstro (e lucraria muito mais com a sua exposição). Em 1943, o médico Robert Wilson tirou a foto mais famosa do animal, batizada com o nome de surgeon’s photo (a foto do cirurgião). Somente em 1994 o repórter Marmaduke Wetherell confessou ter forjado a foto e inventado a personagem Robert Wilson para dar mais credibilidade à história.
Apesar de a sobrevivência de um animal solitário, cuja espécie foi extinta há 65 milhões de anos, ser totalmente impossível, a discussão parece interminável. Nos últimos tempos, Nessie angariou aliados: os criacionistas americanos, grupos religiosos que rejeitam a teoria da Evolução (elaborada por Darwin e confirmada pela genética e inclusive por experiências diretas com bactérias).
Escolas americanas do Estado de Indiana (EUA) ensinam que o monstro do lago Ness é real e, portanto, a evolução é uma fraude: todas as espécies teriam sido criadas exatamente como são hoje, por um ato de Deus. Os religiosos querem demonstrar que humanos e dinossauros foram contemporâneos, portanto as avaliações dos fósseis feitas pelos cientistas estão erradas. Um claro prejuízo à educação das crianças.