HPV é a sigla em inglês para vírus do papiloma humano (human papilomavirus). Um papiloma é um tumor benigno de pele, em forma de papilas ou verrugas. O microrganismo é o responsável pela formação de verrugas genitais, conhecidas popularmente como crista de galo, cavalo de crista e figueira. Existem mais de cem subtipos de vírus, e alguns deles podem causar câncer, especialmente no colo do útero, na garganta e no ânus.
O HPV provoca muitos casos de verrugas em crianças e também pode se instalar nas pregas vocais, provocando rouquidão progressiva, muitas vezes exigindo a remoção cirúrgica. Os problemas de saúde mais graves, no entanto, são as infecções genitais, já que o microrganismo é transmitido predominantemente através das relações sexuais.
A constatação da presença de verrugas em crianças pode indicar uma transmissão vertical do HPV, da mãe para o bebê no momento do parto, mas o vírus, em outras mutações, pode infectar os seres humanos de outras formas.
As características anatômicas masculinas permitem o reconhecimento das lesões com mais facilidade. Nas mulheres, porém, podem se alastrar lentamente por todo o aparelho reprodutor e alcançar o colo do útero. O diagnóstico só pode ser feito através de exame ginecológico especializado.
Causas e sintomas do HPV
Os subtipos de HPV associados ao desenvolvimento de carcinomas, em geral, são os que menos provocam o surgimento de verrugas genitais. A maioria dos demais microrganismos – mas não todos – é eliminada naturalmente pelo organismo, sem causar danos.
A maior parte das infecções por HPV em homens é devida à prática de sexo vaginal, oral ou anal sem preservativo com uma companheira infectada pelo vírus, que pode ser transmitido mesmo que não haja sinais visíveis de papilomas nos órgãos genitais. É importante lembrar que a camisinha não protege o saco escrotal, que pode ser infectado pelo vírus.
Geralmente, o HPV nos homens é assintomático e não provoca problemas para a saúde. Alguns subtipos mais agressivos do vírus, no entanto, podem levar ao surgimento de verrugas no pênis, saco escrotal e ânus e também estão associados ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer nestas regiões.
Nos homens, os papilomas se manifestam principalmente no prepúcio (representam mais de 60% dos casos) e na região do ânus (30%). As verrugas também podem surgir no corpo do pênis, na glande (a cabeça do pênis), na uretra e nos escrotos.
Existem relatos de infecções por HPV localizados na faringe e na árvore respiratória (brônquios e bronquíolos). A quase totalidade dos casos se concentra na pele e nas mucosas. O esperma é o principal veículo de transmissão da doença.
O tratamento para HPV
Quando os vírus não são eliminados naturalmente pelo organismo, o papiloma não tem cura definitiva nem para homens, nem para mulheres. No entanto, é possível controlar os sintomas do HPV através de um tratamento clínico com um urologista.
Nestes casos, os sintomas desaparecem, mas isto não significa que o vírus tenha sido desativado: ele pode permanecer no organismo em estado latente e reaparecer futuramente, em ocasiões nas quais o sistema imune esteja debilitado.
É necessário que os homens infectados se abstenham de quaisquer formas de relações sexuais nos períodos agudos, em que os sintomas se tornam visíveis. Mesmo no início das manifestações, quando as verrugas ainda são discretas, a transmissão do HPV para as parceiras é uma grande possibilidade. Diversos estudos histológicos já encontraram o DNA do vírus na superfície do pênis e na uretra de homens aparentemente saudáveis.
A terapia mais adequada depende de alguns fatores: a confirmação da presença do vírus, a identificação de potencial oncogênico, da carga viral encontrada (quantidade de vírus na amostra examinada), a extensão da área afetada e do tamanho das lesões.
Na maioria dos casos, o tratamento do HPV consiste na aplicação de pomadas, como a Podofilina, depois do exame clínico para a constatação e, em alguns casos, de uma biópsia, realizada sob anestesia local. No caso de verrugas muito pequenas, o urologista pode adiar o início do tratamento, para verificar a evolução do quadro. Na situação inversa, quando as lesões são grandes, a indicação mais adequada consiste na cauterização.
Em caso do surgimento de carcinomas, um oncologista deverá avaliar a terapêutica mais adequada: cirurgia para extração das células cancerosas, imunoterapia, quimioterapia ou radioterapia. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as probabilidades de cura.
Complicações dos tratamentos
Nenhum tratamento médico está isento de riscos. Quando não é bem aplicada, a terapêutica pode provocar desconforto, dores e quadros mais graves. Mesmo os procedimentos bem executados podem gerar complicações, em função da estrutura orgânica, sensibilidade ou baixa da imunidade dos pacientes.
A cauterização elétrica pode provocar dor, infecções e hiperplasias cicatriciais (hipertróficas, quando ocupam uma área muito grande da pele, invadindo áreas saudáveis, ou queloides, quando se mostram escuras e com alto relevo). No prepúcio, pode ocorrer fimose.
A cauterização a laser pode provocar hipo ou hiperpigmentação, especialmente em pacientes de pele morena escura ou negra.
O tratamento tópico (Podofilina) pode provocar dor, inflamação local, queimaduras leves e erosões. Alguns pacientes podem apresentar reações alérgicas aos princípios ativos do medicamento.
A crioterapia (tratamento que usa baixas temperaturas para fins estéticos e terapêuticos, muito utilizada por dermatologistas) é outra forma de cauterização, mas pode causar edema (inchaço), dor, inflamação e até ulceração superficial grave.
Os peelings chegam a causar dermatites químicas graves, com erosões dolorosas na pele. A imunoterapia local, eritemas (manchas avermelhadas provocadas pela dilatação dos pequenos vasos sanguíneos) e até hepatotoxicidade (lesão do fígado determinada por medicamentos).
Por fim, é preciso fugir da automedicação. Muitos pacientes, envergonhados, evitam procurar um especialista e acabam ouvindo conselhos de colegas que sofrem com o HPV ou simplesmente pesquisam na internet para encontrar a “cura”. Os efeitos podem ser ainda mais prejudiciais do que os relacionados acima. Tratamentos com Violeta Genciana, corticoides, substâncias ácidas ou cáusticas causam danos irreversíveis.
Em caso de suspeita, procure o médico.