O primeiro Fusca chegou ao Brasil, importado da Alemanha, em 1950, e caiu nas graças dos brasileiros. Barulhento e pequeno – o automóvel nem tem porta-malas –, logo povoou as ruas e estradas brasileiras. No Salão do Automóvel de São Paulo de 2012, a Volkswagen apresentou a nova versão do beetle, oficialmente batizada de fusca no Brasil: o fusca está de volta.
No mundo todo, ele é conhecido como Beetle (besouro, em inglês) por causa do formato. No Brasil, no entanto, começou sendo chamado de Volks, palavra que não “cabia” na boca: os brasileiros não conseguiam pronunciar Volks (em alemão, V tem som de F). Com o tempo, o abrasileiramento de Volks deu em fusca.
O Fusca foi produzido até 1974, com uma breve ressurreição durante o governo Itamar Franco (1993-1994). Depois disto, a montadora alemã lançou em 2001 uma edição repaginada, que chegou ao Brasil, importada da Volkswagen México, com o nome Beetle. Agora, rebatizado com o nome popular no país, ele continua sendo trazido da América do Norte.
A história do Fusca
Na década de 1930, o ditador alemão Adolf Hitler recuperou a economia do país; as fábricas voltaram a produzir e a inflação foi controlada. Uma das obsessões do führer era aumentar o emprego e baratear os itens de consumo da população, e assim nasceu a Volkswagen (que significa carro popular), a primeira fábrica que incorporou o conceito de linha de produção (criado pelo americano Henry Ford), em que vários operários trabalham na montagem, cada um fazendo uma tarefa específica.
Até então, na Europa, os carros eram fabricados à mão e muito caros.
O projeto escolhido foi o famoso Fusca, que era adquirido numa espécie de consórcio. Os interessados pagavam cinco marcos por semana e receberiam o carro quando completassem o pagamento. 175 mil alemães aderiram ao programa, que “micou”: até 1944, apenas 640 automóveis foram produzidos, todos distribuídos entre a elite nazista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a produção do Fusca foi interrompida e sua plataforma foi adaptada para fins bélicos. Veículos de guerra montados sobre o chassi do fusca foram utilizados para transporte de armas, soldados e equipes médicas.
A Volkswagen chegou ao Brasil em 1953, com uma pequena unidade em São Paulo. Os carros eram importados. Em 1959, foi inaugurada a primeira fábrica da montadora, em São Bernardo do Campo (SP). Na inauguração, o presidente Juscelino Kubitschek desfilou pelas ruas da unidade fabril num Fusca conversível (em 2003, 50º aniversário da montadora, foi a vez de o presidente Luís Inácio Lula da Silva repetir a cena, num Polo conversível).
O novo Fusca
As linhas arredondadas do Fusca não têm apenas função estética: por serem arredondadas, elas reduzem a potência necessária para mover o veículo com boa velocidade, o que resulta em economia de combustível. Nos anos 1990, todas as montadoras se renderam à tendência de linhas arredondadas.
A Volkswagen permitiu que as montadoras batizem o carro com seus nomes populares locais. Na França, o modelo será vendido como Coccinelle e, na Itália, Maggiolino. Em qualquer caso, o comprador pode optar por estampar o logotipo Turbo na carroceria.
O Fusca 2013 é o mais potente da história: motor de 200cv, aceleração de 0km a 100km em 7,3 segundos e velocidade máxima de 210km/h. O veículo será comercializado no mercado brasileiro no modelo Sport, que vem equipado com câmbio automático de seis marchas, telo solar, ar-condicionado, airbags e sistema multimídia com controles ao volante. Os bancos são revestidos em couro, com três opções disponíveis.
O painel tem marcadores analógicos de temperatura do óleo, relógio com cronômetro e medidor da pressão do turbo, que conferem um aspecto retro ao fusca. O porta-luvas abre para cima, como nos modelos produzidos nos anos 1960.
O preço, no entanto, está salgado: R$ 90 mil (a montadora não confirma o valor), muito acima do preço dos concorrentes – carros pequenos e compactos, que gira entre R$ 25 mil e R$ 30 mil.