Corpo de leão, cabeça de homem, algumas vezes com asas de águia. Geralmente, é assim que a esfinge é representada. Comum entre os povos orientais, do Egito à Mesopotâmia, esculturas de esfinges eram colocadas à entrada de palácios, templos e movimentos funerários, com funções de proteção contra ataques.
A grande Esfinge de Gizé, no Egito (próximo à capital, Cairo), é tradicionalmente datada de 3000 a.C. É uma imensa escultura de 57 metros de comprimento e 20 metros de altura, talhada num bloco único de pedra calcária. Ela está à frente da Pirâmide de Quéfren. Alguns pesquisadores, no entanto, acreditam que ela seja bem mais antiga; baseados na análise do calcário e nos sinais de erosão provocados por água, afirmam que ela é mais antiga do que a própria civilização egípcia, o que mostra a antiguidade do mito da esfinge.
A entrada do Templo de Luxor, em Karnak, também é guardada por duas alas de esfinges, mas estas apresentam cabeças de ovelhas, uma homenagem ao deus Amon. Consta que, originalmente, havia 900 esfinges no local.
A esfinge na Grécia
Não se conhece o nome dado pelos egípcios para estas figuras lendárias. Em árabe, a referência mais próxima, elas são conhecidas como “Pais do Terror”. O termo esfinge foi cunhado pelos gregos (significa estrangular) e o monstro – nesta versão, com cabeça de mulher e cauda de serpente – aparece em uma das principais tragédias produzidas pela sabedoria helênica: Édipo Rei, de Sófocles.
Na mitologia grega, a esfinge é filha de Tifeu, titã responsável pelos ventos violentos (os titãs eram seres gigantescos que batalharam com os deuses do Olimpo pela supremacia da Terra) e de Équidna, criatura com tronco de mulher e cauda de víbora.
Na peça citada, Édipo, o personagem central, é afastado de Tebas por causa de um oráculo que predisse que a criança, no futuro, mataria e pai e se casaria com a mãe. Por isto, ele teve os pés atados por um cinto de couro (Édipo, em grego, significa “pés furados”) e foi deixado num monte entre Tebas e Corinto.
Um pastor coríntio encontrou-o enquanto apascentava suas ovelhas e levou-o para sua cidade, onde foi adotado pelo rei. Muitos anos depois, em Delfos, o oráculo repetiu a profecia e Édipo, para impedir que ela se realizasse, não retornou para o palácio real.
Seguiu sem rumo, encontrou uma comitiva que o ridicularizou e, por causa disto matou quase todos os seus componentes, restando apenas um. O que ele não sabia é que se tratava da comitiva de Laio, o rei de Tebas, seu próprio pai.
Finalmente, Édipo chegou às portas de Tebas, sua desconhecida cidade natal, onde a esfinge aterrorizava os moradores com um terrível enigma, tão terrível que a mão da rainha Jocasta, então viúva, foi prometida ao homem que conseguisse decifrá-lo.
Todos os que entravam e saíam da cidade eram abordados pelo monstro, que propunha: “Qual é o animal que anda com quatro pés de manhã, dois pés ao meio-dia e três pés ao cair da tarde? Decifra-me, ou te devoro”. Ninguém conseguia decifrar o enigma da esfinge, que estrangulava as vítimas. Mas Édipo conseguiu encontrar a resposta.
Frente a frente com a esfinge, Édipo esclareceu: “É o homem, pois, quando pequeno, engatinha; adulto, anda sobre seus pés e, no fim da vida, amparado por um cajado”.
Irritada, a esfinge atirou-se em um penhasco. Édipo salvou sua vida e de toda a cidade. Com isto, recebeu Jocasta como mulher e tornou-se rei de Tebas: a maldição do oráculo, afinal, foi cumprida.