O Corpus Christi é uma festa católica que ocorre na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade (o dogma segundo a qual Deus é uno, preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo), que acontece no domingo seguinte ao Pentecostes (que comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus), que por sua vez, é fixado 40 dias após a Páscoa.
Considerado um “dia santo de guarda” – e, portanto, dia em que os fiéis devem assistir à missa –, o Corpus Christi celebra a presença de Deus na eucaristia. Na última ceia, realizada na Semana Santa, Jesus reuniu seus discípulos e disse: “isto é o meu corpo”, apontando para o pão. E “isto é o meu sangue”, apontando para o vinho e finalmente pediu: “fazei isto em minha memória”.
Os católicos acreditam que pão e vinho se transformam no corpo de Cristo no rito da consagração, realizado em todas as missas: é o dogma da transubstanciação. É um objeto de pura crença, não comprovável empiricamente. A cerimônia prossegue afirmando isto, quando o sacerdote diz: “este é o mistério da fé”.
A festa do Corpus Christi e celebrada com procissões pelo mundo todo. As cerimônias atendem ao Direito Canônico, que preceitua, sempre que possível, testemunhar frente à comunidade a adoração e veneração à eucaristia. A menos que haja motivo de força maior, os bispos não devem deixar suas dioceses na data.
A origem
A comemoração teve início em 1193, quando a freira de Bruxelas Juliana de Mont Cornillon afirmou ter tido visões de Nossa Senhora, em que a mãe de Jesus pedia uma grande festa, para honrar o corpo de Jesus na eucaristia. Outra origem seria a história do sacerdote Pedro de Praga. O padre teria dúvidas sobre a presença real de Cristo durante a eucaristia. Para fortalecer a fé, decidiu peregrinar até Roma. No caminho, hospedou-se na Igreja de Santa Catarina, em Bolsena (Itália), onde celebrou a missa: no momento da consagração, a hóstia teria sangrado, inclusive manchando a toalha do altar.
Em 1264, o papa Urbano IV consagrou a festa, fixou a sua data e estabeleceu mais dois motivos para a festa: pedir perdão a Jesus pelo que foi feito a ele e protestar contra os que negam a transubstanciação.
Em Portugal, a festa foi introduzida oficialmente pelo rei Dom Dinis, em 1282, apesar de haver notícias de que ela já era celebrada anteriormente. Colonos portugueses trouxeram a tradição para o Brasil, e ela se espalhou por todas as regiões. A primeira cidade brasileira a celebrar o Corpus Christi foi Ouro Preto (MG).
O Corpus Christi brasileiro
No Brasil, é comum em muitas cidades enfeitar as ruas por que a procissão do Corpus Christi vai passar, de acordo com costumes locais. A tradição mais comum é decorar o chão com motivos bíblicos (além do cálice e do pão), usando serragem, vidro moído, pó de café, grãos e flores. Uma das decorações mais famosas é a de Matão (SP), em que uma cruz enfeitada se estende por 12 quarteirões. Em 2011, foram usadas 70 toneladas de material na preparação da festa, que reuniu 80 mil pessoas.
Outras cidades, tão diferentes como Pirenópolis (GO), Castelo (ES), Jacobina (BA) e Esteio (SC) são famosas pelas celebrações organizadas pelas comunidades.
O Corpus Christi é um ponto facultativo no calendário oficial brasileiro. Cada município tem a prerrogativa de decretar feriado na data. No entanto, tradicionalmente, a festa é um dos “feriadões” nacionais, já que sempre acontece numa quinta-feira.