A nutrição funcional é um conjunto de mudanças na dieta de determinada pessoa, a partir de um estudo detalhado das características: idade, peso, altura, atividade física, doenças preexistentes e histórico familiar de doenças (como hipertensão arterial, males coronarianos, câncer, etc.). Cada célula é um órgão vivo, que, para funcionar adequadamente, depende de nutrientes específicos e também em quantidades que variam de indivíduo para indivíduo.
Em lugar de se limitar à prescrição de uma dieta com alimentos supostamente saudáveis, a nutrição funcional identifica sintomas e características de cada paciente e relaciona estes dados à carência ou excesso de vitaminas, sais minerais, proteínas e carboidratos no cardápio do dia a dia. Isto é feito através de entrevistas exaustivas, mas, em breve, com o mapeamento genético, a nutrição funcional poderá identificar genes relacionados a determinados males e procurar corrigir o problema antes da manifestação dos males.
A avaliação física também é importante e é complementada como exames de laboratório. O exame chega à verificação do estado de unhas e cabelos, que pode indicar carências e excessos. A nutrição funcional se baseia nos conceitos de equilíbrio nutricional e disponibilidade de alimentos, já que alguns alimentos devem ser combinados uns aos outros para ampliar a absorção, enquanto outros a reduzem ou anulam. Diferentemente da abordagem clássica, a nova metodologia defende a identidade bioquímica de cada indivíduo. Por exemplo, a ingestão concomitante das vitaminas A e C provoca a redução da absorção da primeira.
Com base nos dados obtidos o nutricionista prescreve uma dieta com a relação dos alimentos, os horários para as refeições e orientação específica para cada paciente, que pode incluir ainda suplementação de vitaminas e sais minerais. Além do atendimento visual, pode ser organizado um programa para toda a família.
Para os defensores da nutrição funcional, cada organismo é visto como um ecossistema – além das células, temos bilhões de microrganismos em todos os tecidos e órgãos do nosso corpo – e o corpo deve estar equilibrado. Estudos mostram que as inflamações celulares estão associadas ao surgimento de várias doenças, como o diabetes e a obesidade.
As doenças crônicas da vida moderna, como fibromialgia, artrite, artrose e síndrome do pânico, por exemplo, são determinadas por um mix de consumo inadequado de alimentos (na qualidade e quantidade), predisposição genética e exposição a poluentes, combinação responsável também por problemas como cansaço e astenia. Estas doenças respondem por 72% das mortes precoces no mundo todo; no Brasil, o índice é de 60%.
Sobrepeso e obesidade
Problema cada vez mais comum no país – 40% dos brasileiros estão com sobrepeso (15% do total de crianças) –, é uma doença que recebe um enfoque especial pela nutrição funcional, que afirma não poder ser tratada com ao contagem de calorias ou a redução de açúcares ingeridos, mas pela escolha personalizada do cardápio.
Toxinas ambientais presentes na poluição tornam as pessoas mais suscetíveis a ganhar peso e outras desordens do metabolismo. Neste caso, uma dieta antioxidante ajuda a reduzir os quilos extras e a manter o peso ideal.
Os nutricionistas funcionais atuam em hospitais, clínicas, escolas, clubes e academias. O São Paulo Futebol Clube incluiu a nutrição funcional na preparação de seus atletas.
Além da formação acadêmica, interessados na nutrição funcional podem fazer cursos livres, com duração entre 30 e 60 horas de aula, que são disponibilizados na maioria das cidades médias e grandes brasileiras. Também há opções online, com todas as atividades realizadas em casa, nos horários mais adequados.