Perder peso não é uma tarefa simples. Exige reeducação alimentar, redução severa da ingestão de alimentos no início do tratamento (sim, é um tratamento: deve ter acompanhamento de nutricionista e endocrinologista) e incluir exercícios físicos na rotina diária. No entanto, volta e meia surgem dietas, como esta dois pontos, que circula há alguns meses nas academias.
A resposta para a pergunta é: sim, ela pode dar certo. Adotada de forma isolada, poderá garantir redução de peso, mas sem alteração dos hábitos, pode provocar o efeito sanfona: perdem-se 6kg durante a dieta, recuperados no mês (ou quinzena) seguinte.
A dieta dos pontos atribui pontuação para cada alimento ingerido nas refeições. Ela sugere a adoção de cinco refeições diárias, intercalando as principais com lanches rápidos: frutas, barras de cereais, iogurtes, etc. Também orienta para a redução da carne vermelha, sal e a troca do açúcar por adoçante.
Alguns sites indicam que o cardápio, com estas restrições, pode ser preparado livremente, desde que não sejam ultrapassados os 320 pontos diários. Mas não é bem assim: o consumo combinado de determinados alimentos, como carboidratos e grãos, dificulta a digestão, o que pode determinar a formação de depósitos de gordura.
O ideal é consultar um especialista e estabelecer uma meta factível para cada mês de tratamento, com refeições balanceadas e outros hábitos saudáveis. O “consuma quanto quiser, mas não ultrapasse os 320 pontos” pode ser prejudicial à saúde: a pessoa que se submete à dieta dos pontos pode deixar de ingerir alimentos essenciais para o organismo.
Os 320 pontos também são uma meta média que parece ter sido traçada aleatoriamente. Não há referências científicas para embasar este número. De qualquer forma, a ingesta de alimentos deve levar em conta muito fatores: peso, altura, idade, sexo, massa muscular, gordura localizada, condições de saúde, etc. Alguns pacientes precisam de medicamentos antidepressivos e outros, para controlar depressão e ansiedade, por exemplo.
Outro problema ocorre com pessoas ansiosas. Em geral, elas tentam “enganar” estas dietas. Antes do almoço, já consumiram os tais 320 pontos e depois passam o resto do dia torturando-se de fome. Num caso assim, resultados positivos dificilmente serão alcançados.
A maior parte das dietas malucas (e a dos pontos é até bastante realista – existem as do ovo, do alface, da cebola, etc.) costuma ser adotada por pessoas que querem perder peso, mas querem se manter sedentárias. São muitos os casos de pessoas que realmente enganam as dietas, inclusive escondendo guloseimas nas gavetas.
Conheci uma pessoa com obesidade mórbida, que seguiu todas estas dietas. Os resultados só começaram a aparecer muito tempo depois: depois que ela submeteu-se a uma cirurgia bariátrica.