Basta observar fotos antigas de um idoso e comprar: nariz e orelhas eram bem menores quando o “vovô” era jovem. As duas estruturas são formadas por uma cartilagem diferente da existente em outras partes do corpo, que não se torna fixa com a passagem do tempo.
O esqueleto começa a ser formado a partir do segundo mês de gestação (neste período, ele é totalmente cartilaginoso). Ao nascer, boa parte do esqueleto já está ossificada, mas as extremidades de diversos ossos são equipadas com regiões cartilaginosas, exatamente para proporcionar o crescimento: são os discos epifisiais.
No final da adolescência (em média), a maior parte das cartilagens do corpo se transforma em osso e o crescimento físico encerra o seu ciclo; a pessoa pode ganhar peso, mas a estrutura óssea para de crescer e nem um centímetro poderá ser acrescentado à estatura.
As exceções ficam por conta das orelhas e da ponta do nariz, que continuam se desenvolvendo, mas de forma não significativa. No entanto, o crescimento é extremamente lento; seriam necessários mais de 200 anos, depois de atingida a maturidade, para que o rosto ficasse significativamente desproporcional.
Portanto, entende-se que o crescimento das orelhas e do nariz não é um processo semelhante ao crescimento ósseo da infância e adolescência, mas um conjunto de condições que determina a ampliação destes órgãos.
Um estudo desenvolvido por cientistas japoneses e publicado na revista “The Laryngoscope” (editada pela Sociedade Americana de Laringologia, Rinologia e Otologia) demonstrou que nariz e orelhas realmente aumentam de tamanho com o envelhecimento. A pesquisa acompanhou quase dois mil voluntários de ambos os sexos e de etnias e idades variadas.
Outras pesquisas indicam que, a partir dos 35 anos, as orelhas “crescem” 0,22 mm por ano. Os dados já obtidos são tão bem definidos que um perito criminal pode determinar a idade de uma vítima de homicídio apenas medindo suas orelhas.
Ossos e cartilagens
Cartilagens são estruturas relativamente ricas em colágeno, substância que garante a elasticidade e flexibilidade dos tecidos humanos. Estão presentes em todas as articulações ósseas, o que garante a redução do atrito; elas servem para revestir, proteger, sustentar e dar forma a algumas partes do corpo e não possuem nervos, vasos sanguíneos, nem vasos linfáticos. As cartilagens não exibem a propriedade de cicatrização.
Os ossos são estruturas do tecido conjuntivo, caracterizados por uma matriz extracelular endurecida graças à presença de compostos de cálcio. Eles servem para sustentar o corpo e apoiar os músculos, permitindo assim a movimentação. Eles ainda protegem determinados órgãos (como o cérebro e os órgãos torácicos) e funcionam como uma reserva de sais minerais, como cálcio, fósforo e selênio.
A cartilagem elástica (um dos três tipos de cartilagens presentes em nosso corpo; as outras duas são a hialina e fibrosa) é a responsável pelo crescimento lento e constante de orelhas e nariz. É bastante resistente e elástica.
Crescimento real e aparente
A aparência de crescimento pode ser reforçada pela perda de colágeno, também comum a partir da meia idade. O nariz e as orelhas perdem a flexibilidade e a força da gravidade assume seu papel, fazendo com que eles se alonguem e apontem para o chão.
A rapidez da quebra das fibras de colágeno é um determinante muito importante na “ostentação” de nariz e orelhas grandes (na verdade, o que ocorre é apenas um estiramento do tecido que os sustenta). Em algumas pessoas, surgem “orelhas de abano”, afastadas da cabeça; esta é outra questão aparente: as orelhas não estão se afastando. Apenas a aba superior está perdendo a sustentação e “desabando” para os lados.
Ainda com relação à aparência: o tempo também se encarrega de nos presentear com muitas rugas faciais. O rosto perde volume (as bochechas e os lábios cedem, por exemplo). Com um rosto mais estreito, orelhas e nariz se destacam.
Com a flacidez da pele e a frouxidão da gordura local, os pelos destas regiões tendem a se agrupar. São os mesmo pelos desenvolvidos a partir da puberdade (especialmente entre os homens), mas aparentam crescer em tufos, em função da proximidade. Ao serem cortados, podem parecer mais grossos, mas isto só ocorre porque o pelo que está crescendo mostra o diâmetro da metade do fio, e não da sua extremidade, que é sempre mais fina.
Alterações hormonais, no entanto, podem realmente aumentar a produção de pelos no nariz e nas orelhas (e também nas sobrancelhas). O crescimento destes órgãos em conjunto com a maior quantidade de fios pode conferir uma aparência ainda maior.
Infelizmente, este crescimento não se traduz em melhor qualidade dos serviços prestados pelo nariz e ouvidos. Na imensa maioria dos casos, o processo de envelhecimento está associado a problemas respiratórios e auditivos (entre outros). Por sorte, envelhecer é a herança dos que não morrem cedo demais. Cabelos brancos, rugas, nariz e orelhas maiores são apenas características de uma faixa etária, nada mais.