O tênis de mesa foi criado no século XIX, na Inglaterra. No início, era chamado de ping-pong, nome posteriormente alterado: tênis de mesa ficou reservado para o esporte oficial e ping-pong, para a recreação. O egípcio Ibrahim Hamato sofreu um acidente quando tinha dez anos de idade e é uma prova concreta de que nada é impossível.
Hamato, atualmente com 41 anos, perdeu os dois braços, mas não quis desistir de seu esporte predileto. No início, tentou outros esportes, como o futebol, mas não tinha equilíbrio para tanto; tentou segurar a raquete com a axila, mas isto não deu certo. O atleta não desistiu: depois de várias tentativas, passou a segurar o cabo da raquete com os dentes e hoje faz muitos mesatenistas amadores – e alguns profissionais também – ficarem com vergonha de suas habilidades.
A consagração
Neste ano de 2014, seu talento lhe rendeu uma surpresa e tanto: Ibrahim Hamato foi o convidado de honra do Campeonato Mundial de Tênis de Mesa, sediado em Tóquio (Japão), realizado em maio e junho e vencido pelo chinês Xu Xin. A disputa acontece desde 1927, sem interrupções, sempre organizada pela Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF).
Em Tóquio, Hamato competiu com alguns dos principais mesatenistas mundiais, como o japonês Jun Mizutani (número nove no ranking mundial), os chineses Wang Hao (campeão mundial em 2009 e três vezes vice-campeão olímpico) e Ma Long (atual número um do mundo) e o bielorrusso Vladimir Samsonov (três vezes campeão europeu e vice-campeão mundial em 1997), e teve oportunidade de demonstrar suas habilidades.
Inicialmente, os adversários imaginaram que deveriam devolver a bola lentamente – afinal, o adversário não tinha mãos e dedos para uma empunhadura (forma de segurar a raquete). O egípcio surpreendeu a todos, que rapidamente tiveram que alterar suas estratégias.
Hamato devolveu bolas rápidas de média distância, respondeu com “pirouettes” e se manteve vivo nas disputas, graças aos movimentos rápidos de cabeça e pés, que desenvolveu para continuar no tênis de mesa.
Estes mesatenistas mundialmente conhecidos se renderam a Hamato: Ma Long afirmou: “ele jogou muito bem; eu simplesmente não podia acreditar”. Mizutani, abismado, testemunhou: “não acredito no que ele faz com a boca; nunca vi nada igual na minha vida”.
Jogar com estes craques do esporte era um grande sonho para Hamato, cuja realização pode ser traduzida pelo sorriso estampado durante as disputas. Aos jornalistas, ele disse que este foi o melhor premio da sua vida. “Eu me sinto o rei do tênis de mesa do Egito”.
Muitas pessoas, talvez inconscientemente adeptas da lei do menor esforço, justificam suas desistências alegando o grau de dificuldade insuperável para realizar determinadas tarefas. Chegam a dizer que algumas atividades não podem ser realizadas.
No entanto, assistindo a um jogo de Ibrahim Hamato, será necessário rever alguns conceitos. O mundo não acaba quando quebramos uma unha, temos uma dor de cabeça ou perdemos a chance de assistir ao jogo de nosso time do coração.
O mesatenista egípcio é uma prova viva de que nada é impossível, como ele mesmo diz (e complementa: “contanto que você trabalhe duro”). Aliás, mudar de opinião, facear os desafios que a vida impõe e seguir em frente é algo que nós deveríamos incorporar ao nosso cotidiano com mais frequência.
Quem estiver precisando de inspiração para enfrentar a vida deve assistir ao vídeo de Hamato (postado originalmente no Youtube). O egípcio teve que superar não apenas suas limitações físicas, mas – e principalmente – o descrédito de parentes, amigos e treinadores.
Talvez o pessimismo à sua volta tenha justamente sido a sua arma para dar a volta por cima. Há 30 anos, ele vem demonstrando que realmente “nada é impossível”. Ele mesmo diz que o ceticismo foi a chave para praticar mais e mais, sem desistir. E ele afirma que a superação no esporte é a segunda melhor coisa que ocorreu na sua vida: a primeira foi o seu casamento. Além de tudo, Hamato é um homem apaixonado.
Veja o vídeo aqui: