Imagine a cara de espanto dos primeiros arqueólogos que abriram as tumbas de Roma, em 1578, e se depararam com esqueletos inteiros cravejados de pedras preciosas e carregados de ornamentos finos, todos super trabalhados, em ouro, prata e pérolas. Se naquele primeiro momento de surpresa e admiração era possível pensar algo, com certeza era o fato de que eles estavam diante de esqueletos incomuns e nada ordinários.
E eles estavam certos. Aqueles eram os restos mortais de autoridades católicas (muitos das quais haviam sido canonizadas pela igreja e se tornado santos), que haviam sido remontados por hábeis artesões que os transformaram em verdadeiras visões de fé e recompensa, já que os esqueletos eram exibidos em santuários e peregrinações pela Europa para mostrar aos seguidores da igreja católica o maravilhoso pós vida que esperava pelos seus fiéis – principalmente os mártires .
Ou seja, era uma nova forma de propaganda super eficiente criada pela igreja católica para arrebanhar novos fiéis e garantir a lealdade dos antigos. Era uma forma bem “pedagógica” de dizer: ei, estão vendo o destino que aguarda aqueles que estão dispostos a fazerem tudo pela santa igreja, inclusive entregar a própria vida?
Os esqueletos eram normalmente decorados por freiras, ou então por monges e até fiéis da igreja que fossem artesãos – e que consideravam uma verdadeira honra “trabalhar” nesses esqueletos, pois eles acreditavam que fazendo isso estavam a serviço de Deus. Dizem, inclusive, que muitos dos anéis que estão nos dedos dos esqueletos foram uma oferta dos próprios artesãos e freiras, um tipo de agradecimento – e talvez até uma espécie de assinatura por parte deles – por trabalhar em tão importante projeto.
Os artesãos não seguiam nenhum estilo específico para decorar os esqueletos. Normalmente, a ideia principal era a de que os esqueletos deveriam parecer mais humanos (olha que ironia) para que os fiéis de identificassem com eles ao invés de achá-los horripilantes.
Mas a parte “santa” desses esqueletos começou a ser questionada no início do século XIX, e muitas desses “modelos” foram roubados, escondidos ou mesmo destruídos. Isso porque muitas pessoas, da própria igreja, começaram a questionar a veracidade – não apenas da propaganda -, mas da identidade dos mortos apresentados. Alguns dos esqueletos também acabaram em museus ou até mesmo fazendo parte do acervo de colecionadores particulares.
Alguns dos esqueletos acabarem esquecidos e outros foram parar em lugares bastante inesperados – como garagens e porões. Isso porque algumas pessoas achavam que eles eram bizarros demais – apesar de todo o esforço das freiras gentis – para serem admirados pelos vivos.